tag:blogger.com,1999:blog-3223331595608054190.post2998966585161823536..comments2024-02-26T15:24:36.606+00:00Comments on Etnografando com letras...: Um Pensamento Vs Uma ImagemO Galaicohttp://www.blogger.com/profile/13000532371118254152noreply@blogger.comBlogger5125tag:blogger.com,1999:blog-3223331595608054190.post-71430536465360237702010-10-01T12:23:51.416+01:002010-10-01T12:23:51.416+01:00Olá. :)
Sabes, aproveito esta onda de nostalgia p...Olá. :)<br /><br />Sabes, aproveito esta onda de nostalgia para sugerir, neste teu espaço público, um regresso à tradição de soedade, como fórmula final de despedida nas cartas e nos posts, em vez do banal cumprimentos. ;)<br /><br />Se me permites, vou fazer uma pequenina citação:<br /><br />«A forma primitiva so-e-dade perdurou na Galiza até o século XV. Podem verificá-lo nos textos bilingues do Cancioneiro Galego-Castelhano, que abrange as poesias líricas da idade de transição do primeiro ao segundo período (1350 a 1450), incluindo as de Macias, o Namorado. Ha mesmo poetas de hoje que a empregam, p. ex. D. Rosália de Castro e Curros Enriquez nos Aires de minha terra.<br />(...)<br />Seja como fôr, certo é que saudade de soidade ou suidade não é evolução fónica.<br />O ditongo oi, como equivalente de ou, e representante de au originário, é normal. Coisa cousa provêm de causa; oiro ouro de auru; loiro louro de lauru, etc. Anormal é o oposto: au de oi. De mais a mais, num período em que todos pronunciavam ainda so-i-dade.<br />Temos de recorrer, repito-o, à analogia, à associação de ideias, ou à etimologia popular, isto é a processos psicológicos, para encontrarmos a chave do enigma e explicar a substituição esporádica de o-i por au, que, aumentando a sonoridade melancólica do vocábulo, aumentou ao mesmo tempo sua significação: o conteúdo, o espírito, a alma.<br />O influxo que houve, pode ou deve provir de palavras que principiavam com saud...<br />Distingo dois grupos, diversos, comquanto aparentados. Primeiro, o verbo saudar de salutare com o substantivo saude-salute, populares e muito usados. Segundo: o substantivo culto, mas bíblico, e por isso até certo ponto popularizado que acabo de citar: saudade de saludade<salutate o qual significava salvação (Heil), e substituía às vezes (em Espanha) o adj. lat. Salutaris (heilsam.) Na boca do vulgo saludade devia forçosamente passar a saudade.<br />Já outros autores supuseram influxo de saúde em saudade. Mas não disseram como se realizaria o fenómeno, surpreendente realmente, visto que entre salus salutis e seus derivados, e a doentia soidade, e mais derivados de solus, ha um abismo, que nem mesmo com ajuda de saludat na acepção de salvação se transpõe a contento.<br />Eis o que penso e como combino suídade com saúde e com saludade, e solus com salutaris.<br />Ainda nos nossos dias, no século XX, os populares, e não só eles, principiam as suas produções epistolográficas, tão curiosas e instructivas, desejando saúde a quem está longe, em terras estranhas, ou pelo menos afastado deles corporal ou espiritualmente. E fecham-n'as saudando esse ente, ou enviando-lhe saudações mil, assim como aos demais parentes, amigos, conhecidos que por acaso estejam na companhia dele.<br />(...)<br />Dessas tais fórmulas convencionaes, e de outras semelhantes, milhares de vezes repetidas, isto é: da saúde, das saudações e das suidades à antiga (e talvez de desejos de saudade, (salutate) enviadas e tornadas) é que a, meu ver, sairam as saudades modernas em que ha parte de tudo isso: da saúde desejada aos ausentes; das saudações com eles trocadas; da sensação de soedade soidade suidade provocada pelo afastamento; e do desejo da única salvação possível.»<br /><br />A Saudade Portuguesa, Carolina Micaëlis de Vasconcellos, 1914, pag. 49 a 59.<br /><br />Então, que dizes a recuperarmos a soedade? Qualquer que seja a sua origem, é uma palavra inteiramente nossa! Para além de que dá ao final das cartas e dos posts o seu quê de original... ;)<br /><br />Soedade!Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3223331595608054190.post-6169316950783482292010-09-30T17:45:30.297+01:002010-09-30T17:45:30.297+01:00Olá caro "Anónimo",
J.L.Vasconcelos tem...Olá caro "Anónimo",<br /><br />J.L.Vasconcelos tem uma sensibilidade para com as coisas de que gosto que faz com que o coloque muito alto na minha escala dos grandes Portugueses...<br /><br />Obrigado pela Partilha. Usarei eventualmente um poema destes para um Post caso me sinta nostálgico que chegue.O Galaicohttps://www.blogger.com/profile/13000532371118254152noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3223331595608054190.post-49908877810342871812010-09-30T16:42:14.618+01:002010-09-30T16:42:14.618+01:00(...)
Tenho em meu peito esse espinho
Que se cham...(...)<br /><br />Tenho em meu peito esse espinho<br />Que se chama «sentimento»;<br />Amo os harpejos do vento,<br />O aroma do rosmaninho;<br /><br />E por muito que eu quisera <br />Vencer-me, afogar bem fundo<br />Este desejo profundo<br />De luz e de primavera;<br /><br />Sepultar a fantasia<br />Na noite da realidade,<br />Como um asceta ou um frade<br />Na sua cela sombria,<br /><br />Nunca eu pudera deixar <br />De amar os astros e as flores,<br />O horizonte de mil cores<br />E as doidas ondas do mar!<br /><br />(...)<br /><br />Caldas das Taipas, 23 de Junho de 1881.<br />J. Leite de Vasconcelos, Baladas do OcidenteAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3223331595608054190.post-29447789952962543612010-09-30T16:34:16.145+01:002010-09-30T16:34:16.145+01:00PAISAGEM MINHOTA
As árvores de pé, na solidão dos...PAISAGEM MINHOTA<br /><br />As árvores de pé, na solidão dos montes,<br />Como estátuas que um povo original ergueu,<br />Abraçam com saudade os largos horizontes,<br />Quase escalando o céu.<br /><br />Ali as aves vem cantar a toda a hora;<br />E em baixo, pelo vale, escuta-se um ribeiro,<br />Que entoa em doce paz uma canção sonora<br />Como um clarim guerreiro.<br /><br />Mais longe o lavrador, curvo, seguindo a grade,<br />Amanha alegremente a terra para os filhos,<br />E o sol entorna a prumo a sua claridade<br />Nos cálices dos junquilhos.<br /><br />As montanhas ao ar levantam majestosas<br />Os seios, onde a alma ás vezes vai achar<br />As atracções do abismo, as visões pavorosas<br />E os beijos do luar.<br /><br />De certo achas formosa, esplêndida a paisagem,<br />Nada falta á harmonia unanime das cores:<br />A Natureza fala uma heróica linguagem<br />Nos ventos e nas flores.<br /><br />(...)<br /><br />Guimarães, Setembro de 1879<br />J. Leite de Vasconcelos, Baladas do OcidenteAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3223331595608054190.post-57976690357530587912010-08-31T14:11:29.480+01:002010-08-31T14:11:29.480+01:00dá que pensar sim...dá que pensar sim...elaneobrigonoreply@blogger.com