tag:blogger.com,1999:blog-3223331595608054190.post4599745437084080264..comments2024-02-26T15:24:36.606+00:00Comments on Etnografando com letras...: No tempo em que não havia televisão...O Galaicohttp://www.blogger.com/profile/13000532371118254152noreply@blogger.comBlogger3125tag:blogger.com,1999:blog-3223331595608054190.post-21706562990160479842010-11-18T15:53:29.868+00:002010-11-18T15:53:29.868+00:00Já que falamos na nossa mitologia, permitam-me que...Já que falamos na nossa mitologia, permitam-me que referira o livro Contribuições para uma Mitologia Popular Portuguesa, de Consiglieri Pedroso. Este senhor desenvolveu um importante trabalho sobre a nossa mitologia e a nossa cultura popular.Mariahttps://www.blogger.com/profile/14771518109788090721noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3223331595608054190.post-5719381733365320182010-11-17T18:06:04.845+00:002010-11-17T18:06:04.845+00:00Adoro estas histórias! Já passei uma tarde inteira...Adoro estas histórias! Já passei uma tarde inteira a ouvir semelhantes... Mais uma vez tenho de falar da estupidez que é importar cultura lá de fora quando não nos faltam coisas destas. Quase podiamos criar uma "mitologia" única....Cerquidohttps://www.blogger.com/profile/01025698559373747593noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3223331595608054190.post-51321897473502854812010-11-17T11:02:43.902+00:002010-11-17T11:02:43.902+00:00Ah! Estas histórias de antigamente são verdadeiram...Ah! Estas histórias de antigamente são verdadeiramente deliciosas. :)<br /><br />Mesmo as histórias infantis que se contavam à lareira, nas noites de inverno, eram maravilhosas. Conheces o livro Contos Populares Portugueses, de Adolfo Coelho? É um livro fantástico, que foi reeditado em 2009 pela editora Leya, na colecção BIS, e custa apenas cerca de seis euros. Perdoa-me a publicidade, mas é uma pena que as nossas velhas histórias se percam, que já não se contem aos miúdos de agora…<br /><br />Hum, deixa-me transcrever uma dessas histórias:<br /><br />«Havia um homem que tinha tantos filhos, tantos que não havia ninguém na freguesia que não fosse compadre dele e vai a mulher teve mais um filho. Que havia do homem fazer? Foi por esses caminhos fora a ver se encontrava alguém que convidasse para compadre.<br />Encontrou um pobrezito e perguntou-lhe se queria ser compadre dele.<br />— Quero; mas tu sabes quem eu sou? <br />— Eu sei lá; o que eu quero é alguém para padrinho do meu filho.<br />— Pois, olha, eu cá sou Deus. <br />— Já me não serves; porque tu dás a riqueza a uns e a pobreza a outros.<br />Foi mais adiante; e encontrou uma pobre e perguntou-lhe se queria ser comadre dele. — Quero; mas sabes tu quem eu sou? <br />— Não sei.<br />— Pois, olha, eu cá sou a morte. <br />— És tu que me serves, porque tratas a todos por igual.<br />Fez-se o baptizado e depois disse a Morte ao homem:<br />— Já que tu me escolheste para comadre, quero-te fazer rico. Tu fazes de médico e vais por essas terras curar doentes; tu entras e se vires que eu estou á cabeceira é sinal que o doente não escapa e escusas de lhe dar remédio; mas se estiver aos pés é porque escapa;<br />mas livra-te de querer curar aqueles a que eu estiver á cabeceira, porque te dou cabo da pele.<br />Assim foi. O homem ia ás casas e se via a comadre á cabeceira dos doentes abanava as orelhas; mas se ele estava aos pés receitava o que lhe parecia. Vejam lá se ele não havia de ganhar fama e patacaria, que era uma cousa por maior! Mas vai uma vez foi a casa dum doente muito rico e a Morte estava á cabeceira; abanou as orelhas; disseram-lho que lhe davam tantos contos de reis se o livrasse da Morte e ele disse: <br />— Deixa estar que eu te arranjo, e pega no doente e muda-o com a cabeça para onde estavam os pés e ele escapa.<br />Quando ia para casa sai-lhe a comadre ao caminho: <br />— Venho buscar-te por aquela traição que me fizeste.<br />— Pois, então, deixa-me rezar um padre-nosso antes de morrer.<br />— Pois reza.<br />Mas ele rezar; qual rezou! Não rezou nada e a Morte para não faltar á palavra foi-se sem ele.<br />Um dia o homem encontra a comadre que estava por morta num caminho; e ele lembrou-se do bem que ela lhe tinha feito e disse: <br />— Minha rica comadrinha, que estás aqui morta; deixa-me rezar-te um padre-nosso por tua alma.<br />Depois de acabar, a Morte levantou-se e disse: <br />— Pois já que rezaste o padre-nosso, vem comigo.<br />O homem era esperto; mas a Morte ainda era mais; pois não era?»<br /><br />Contos Populares Portugueses, de Adolfo Coelho.<br />http://www.archive.org/details/contospopularesp00coeluoftMariahttps://www.blogger.com/profile/14771518109788090721noreply@blogger.com