segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Poema ao Minho Antigo!

As árvores de pé, na solidão dos montes,

Como estátuas que um povo original ergueu,

Abraçam com saudade os largos horizontes,

Quase escalando o céu.

Longos - Guimarães por: GabKoost

Ali as aves vem cantar a toda a hora;

E em baixo, pelo vale, escuta-se um ribeiro,

Que entoa em doce paz uma canção sonora

Como um clarim guerreiro.

Sande São Lourenço - Guimarães por GabKoost

Mais longe o lavrador, curvo, seguindo a grade,

Amanha alegremente a terra para os filhos,

E o sol entorna a prumo a sua claridade

Nos cálices dos junquilhos.

Casa da Espinosa - Guimarães (»1934) - Propriedade S.M. Sarmento

As montanhas ao ar levantam majestosas

Os seios, onde a alma ás vezes vai achar

As atracções do abismo, as visões pavorosas

E os beijos do luar.

Longos - Guimarães por GabKoost

De certo achas formosa, esplêndida a paisagem,

Nada falta á harmonia unanime das cores:

A Natureza fala uma heróica linguagem
Nos ventos e nas flores.

(...)

Penha - Guimarães - por: Paulo Menote

Guimarães, Setembro de 1879

J. Leite de Vasconcelos, Baladas do Ocidente

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2 comentários:

  1. http://www.archive.org/search.php?query=Leite%20Vasconcellos

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  2. Olá Galaico.

    Permite-me que deixe mais um pensamento de saudade sobre o velho minho, desta vez nas palavras de uma mulher que eu muito admiro:

    O Emigrante

    Agora nunca mais saberás onde fica a pátria abandonada.
    Só saberás recordar: terra de castanheiros, altas montanhas a pique sobre o litoral do mar azul.
    E que ao partir na carruagem verde onde no último minuto te ergueram, teu único haver era os dois pães redondos de coração concêntrico queimado.
    E já a canção ardente da saudade.
    Agora para sempre essa pátria voará penada sobre a superfície redonda e dividida da terra toda.
    Procurando um solo onde se encarnar.
    E que por ti, só saberás lembrar: os frutos esparsos entre as ervas verdes e fetos dourados, o tronco oco que era a tua casa.
    E esse tal mar azul brilhando entre altas cristas estriadas.

    (Era entre Cávado e Ave)
    23-XII-1973

    Dalila Pereira da Costa, A Nova Atlântida, Lello & Irmão Editores, Porto, 1977, pag. 36, 37.

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