domingo, 25 de abril de 2010

Terras de cá, terras de acolá...



Nota: De realçar que a única maneira de termos acesso a este tipo de conteúdo, relativo ao Norte de Portugal, é de... ver a TVG..

Pela nossa televisão apenas vão passando fados, jogos amigáveis do benfica, touradas, procissões a fátima, e o Santo António em lisboa que parece ser o único santo popular merecedor de destaque neste eucaliptal a beira mar plantado.

domingo, 4 de abril de 2010

Pascoa, Renovação e Romarias!

A celebração Pascal significa para mim apenas uma coisa:

Renovação.

O cristianismo personificou o renascimento primaveril na ressurreição do Senhor e, este ano, os dias de sol que brindaram estes momentos, foram a perfeita metáfora desta miscelânea de saberes populares.

Aleluia Aleluia, o mundo ressuscitou!

E abre-se a janela, desce-se ao campo e, de repente, as flores surgiram do nada. Até agora, escondidas pelas névoas e tempestades grisalhas, mostram a quem quiser a beleza que estão disponíveis a dar se não betonarem o seu fértil leito campestre:


Associada à minha experiência de Páscoa está sempre a primeira Romaria da minha "época":

A Senhora da Saúde! (São Clemente de Sande - Guimarães)


O processo de sacralização desta romaria é igual a tantos outros por esta Gallaecia fora:

1 - Uma ermida no cume da serra:


2 - Um antigo castro abandonado nas imediações:


3 - Elementos megalíticos na paisagem:


Geração após geração subiram ou viveram os homens a esse lugar. Aqui viveram, celebraram, cantaram e dançaram.

Hoje em dia os tempos são outros. Apesar de já não haverem rabecas e de não se ir lá a pé, esta pequena ermida continua a perpetuar a tradição de um povo.

Neste caso, após meses de chuva, que bem sabe ver o sol a brilhar e festejar a efectiva chegada da primavera!

Quanto ás romarias, Venham Mais:



sábado, 13 de março de 2010

Aldeias Galaicas Cap. III - Aboim da Nóbrega

Aboim da Nóbrega, concelho de Vila Verde, Distrito de Braga. Nas encostas de Mixões da Serra, juntao ao PNPG, "uma das mais genuínas aldeias do interior Minhoto onde a tradição dos lenços dos namorados tem grande expressão".





Parabéns ao colaborador e amigo de "O Galaico" Elaneobrigo, criador destes percursos pedestres agora postos em pratica pela junta da sua terra.

Fica também a dedicatória para que a felicidade e sucesso domine a nova fase em que vai entrar a sua vida!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Afirmação de Identidade Galaica!

O Professor Alexandre Alves Costa afirma na televisão pública, sem qualquer problema nem depreciação, a distinção regional - Étnica entre Gallaecia e o "resto".

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Namoros de pedra e a Pedra dos Namorados

É ponto assente. Aproxima-se o dia dos namorados. Nada melhor que estas zonas da gallaecia sul para se aconchegar de amores. Afinal o amor é uma pedra basilar na caracterização galaica.

O Coração é o símbolo máximo da nossa região, presente no ouro e artesanato em geral. Temos a Cantarinha dos Namorados em Guimarães e temos os incontornáveis Lenços do Namorados de Aboim da Nóbrega e de toda a região Minhota. O que mais existe são símbolos de aceitação ou rejeição dos namoros e noivados por estas bandas.

Mas alguém conhece ou ouviu falar na Veiga dos Namorados?

Pois… também não idealizem muito! Não se trata um local fantástico, todo cheio de “romantismo”… no entanto dá sempre para acampar!

Veiga dos Namorados é simplesmente o nome dado ao local onde foi encontrada a famosa Pedra dos Namorados da Ermida à uns séculos atrás.


Crê-se que a sua proveniência seja romana e encontra-se exposta no Núcleo Museológico da Ermida, em plena Serra Amarela. Este núcleo foi o primeiro museu a ser edificado dentro do Parque Nacional Peneda-Gerês. O mais estranho é que a freguesia da Ermida é singularmente pequena, pouco mais de 50 habitantes e rudemente meio isolada na serra.



Contudo para além deste achado arqueológico e do espólio etnográfico existe neste museu a Pedra Menir da Ermida, de tradição atlântica e com mais de 4000 anos! Daí a necessidade de se construir um museu in loco para salvaguarda destes achados.

A população ainda vive do pastoreio, onde usam o sistema de vezeira, ou seja uma pessoa na sua vez está encarregada de levar os animais a pastar para a serra. Não estou seguro se ainda predomina este sistema. Mas lembro-me quando ia para as famosas Lagoas da Ermida, à meia dúzia de anos atrás, que o sistema era assim. Aliás, enquanto que a família ia para a praia de Apúlia ou de Vila Praia de Âncora eu partia para aventura com os amigos para as lagoas da ermidas durante a época balnear.

Apesar de ser um local com modo de vida rude e isolado existe a alegria nestas gentes. Essa alegria e vontade de vencer são personificadas pelo conceituado Srº Carvalhal da Ermida. Um senhor invisual que é tocador exímio da concertina e é o dono do único estabelecimento comercial da aldeia.



Existe muito para contar e descobrir na Ermida. Mas lembrem-se:

"Quem faz amor na Ermida fica preso toda a Vida"

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

ALDEIAS GALAICAS - cap II - ALGOSO


Algoso, povoação do concelho de Vimioso, no distrito de Bragança, com 105 fogos em 1530 e 198 em 1940. Outrora vila e cabeça de concelho, hoje em dia quase esquecida, no fundo da planície onde se avistam as serras de Sanabria, Bornes e Nogueira. Nas suas terras muito férteis, colhia-se o trigo, centeio, cevada, azeite e vinho

.

Quando, em 1855, foi suprido o concelho, Algoso, tinha Casas da Câmara e da Cadeia, um Monte de Piedade, que fornecia cereais a baixo preço aos lavradores menos afortunados, e uma escola de instrução primária masculina, que já existia em 1836, provavelmente em consequência dos decretos de 6 de Novembro de 1772 e 11 de Novembro de 1773. A Escola feminina foi criada por decreto de 8 de Setembro de 1876.

Algoso sobrevive à história e à Lenda - uma e outra sem demarcação bem definida - pelo trabalho dos homens e mulheres que aí ficaram para um dia "se deitarem no caixão" com a serenidade de quem chega honradamente ao fim de um longo e trabalhoso dia", no dizer de MIGUEL TORGA.


Algoso, com os seus romances de cavalaria, entoados de Sol a Sol nos campos da ceifa, e os seus pauliteiros envelhecidos que ainda cruzam e batem os paus com a violência de uma raiva - pauliteiros dos domingos sem fim, a espantar os Santos de madeira dos andores e as raparigas das procissões do Maio, que são hoje essas mulheres, partindo amêndoas nas soleiras das portas.

(Michel Giacometti, POVO QUE CANTA, 1973)

domingo, 31 de janeiro de 2010

Galhofa

E assim vou falar-vos da Galhofa.

Quem é que não ouviu, pelo menos uma vez, as enigmáticas expressões:
- "Andavas na galhofa dianho do moço?"
- "Dizia-se lá cada uma…. mas não era para levar a sério era tudo na galhofa!"
- "Aquilo foi cá uma galhofa que chorei a rir"

Estas expressões são para mim muito particulares. Ouvias muitas vezes quando participava em trabalhos “comunitários” como esfolhada, malhadas e segadas.

Era assim que os mais velhos se referiam às brincadeiras da mocidade ou às picardias entre indivíduos!

Ainda hoje se usa para os mesmos fins na minha zona entre Lima e Cávado. Em lugar de dizer brincadeira, divertimento ou gozo, usa-se a palavra Galhofa. O seu significado oficial na língua portuguesa é risota, escárnio e gracejo.

Mas o termo Galhofa vai mais além. Galhofa é a designação dada a uma luta tradicional transmontana de corpo a corpo com origens portuguesas, nomeadamente, em Trás-os-Montes. A sua origem será, provavelmente, as lutas leonesas mas há quem aponte influência das lutas entre gladiadores romanos.


O objectivo do jogo é imobilizar o adversário de costa e ombros no chão, mas nunca se pode dar murros, pontapés ou torcer partes sensíveis ao adversário. Os jogadores competem em tronco nu, descalços e apenas com calças. A luta começa e termina com um abraço.


Tradicionalmente, este tipo de luta era parte de um ritual que marcava a passagem dos rapazes a adultos, tinha lugar durante as festas dos rapazes e as lutas tinham lugar à noite num curral coberto com palha.


A galhofa chegou até aos nossos dias enraizada na população de unicamente 3 aldeias transmontanas: Parada, Grijó e Freixedelo.


As Festas de Santo Estêvão marcavam o calendário deste ritual desportivo, que servia para desenhar também a rivalidade entre aldeias e ocupar o tempo, em períodos de pouca actividade agrícola.


Hoje em dia a Galhofa foi integrada no curriculum da licenciatura de Desporto e Educação Física do Instituto Politécnico de Bragança. Esta mesma entidade é responsável por organizar torneios de Galhofa para que a arte perdure.

Boas Galhofas Galaicos!