sexta-feira, 17 de julho de 2009
domingo, 12 de julho de 2009
Não há paciência!
Estava eu a vasculhar os jornais regionais e eis que me deparo com esta notícia “Nasce Centro de réplicas romanas”
Terras de Bouro prepara-se para ter o primeiro centro de produção de artigos romanos do país. Os primeiros produtos deverão estar à venda até ao final do ano.
A primeira coisa que me ocorreu foi (para não ser mal educado): p*t* que p*riu estes gajos e mais os romanos!
Já não chegava levar com os romanos por tudo e por nada e vêem agora estes fulanos rebentar com a nossa paciência!
Se fosse, somente, um ou outro concelho com estas predisposições para a estirpe romana não havia mal, agora o problema é que é cada vez mais do mesmo!
Não consigo perceber… Como é que se pode idolatrar, cada vez mais, um povo invasor, e ostracizar, por exemplo o nosso rico, grandioso e diversificado legado castrejo.
Simplesmente não há direito!
A meu ver a prioridade é o património castrejo, pelo facto de ser o que mais riscos apresenta e o menos “presente”… e depois sim salvaguardemos o restante património capaz de enriquecer a herança cultural galaica num todo multifacetado!
Será que a nata de pensadores e decisores do norte de Portugal ainda pensam que os povos castrejos eram simplesmente bárbaros, desprovidos de qualquer conhecimento, sem capacidade criativa e por isso inferiores aos romanos e sem interesse?
Bom…meus amigos preparem-se para uma massificação de “reconstituições romanas” assim como aconteceu com as feiras medievais por todo o país!
Terras de Bouro prepara-se para ter o primeiro centro de produção de artigos romanos do país. Os primeiros produtos deverão estar à venda até ao final do ano.
A primeira coisa que me ocorreu foi (para não ser mal educado): p*t* que p*riu estes gajos e mais os romanos!
Já não chegava levar com os romanos por tudo e por nada e vêem agora estes fulanos rebentar com a nossa paciência!
Se fosse, somente, um ou outro concelho com estas predisposições para a estirpe romana não havia mal, agora o problema é que é cada vez mais do mesmo!
Não consigo perceber… Como é que se pode idolatrar, cada vez mais, um povo invasor, e ostracizar, por exemplo o nosso rico, grandioso e diversificado legado castrejo.
Simplesmente não há direito!
A meu ver a prioridade é o património castrejo, pelo facto de ser o que mais riscos apresenta e o menos “presente”… e depois sim salvaguardemos o restante património capaz de enriquecer a herança cultural galaica num todo multifacetado!
Será que a nata de pensadores e decisores do norte de Portugal ainda pensam que os povos castrejos eram simplesmente bárbaros, desprovidos de qualquer conhecimento, sem capacidade criativa e por isso inferiores aos romanos e sem interesse?
Bom…meus amigos preparem-se para uma massificação de “reconstituições romanas” assim como aconteceu com as feiras medievais por todo o país!
É um bocado fatalista mas é o que eu prevejo para a próxima década!
Já não chegava as dezenas de gerações anteriores que cresceram a pensar que os nossos antepassados directos e os mais antigos da nossa região foram os romanos!
Sem ter um conhecimento aprofundado na matéria, pergunto-me porque é que não existem iniciativas nas escolas ou nas autarquias e associações culturais para a temática da Cultura Castreja junto das crianças, artistas, artesãos, criadores e público em geral?
Porque as iniciativas, por exemplo, de recriações castrejas em diversos castros que se realizaram até hoje são tudo menos castrejas, mas sim romanas!
Podia-se, por exemplo visitar, os castros, museus, sensibilizar para a simbologia galaica, o que representam, qual a sua força simbólica, qual os seu possível uso nos nossos dias… falar sobre lendas, tradições, estorias e lugarejos!
Ensinar a fazer um triskel, uma suástica um “saoserimão”e coisas do género. Seriam ideias, na minha opinião, muito enriquecedoras para as nossas gentes.
Era uma boa forma de perceberem o quão valioso é ter como ascendente o antigo povo Galaico e seria uma boa forma de manter essa cultura viva!
Lembro-me que aos 10 anos a minha primeira obra em trabalhos manuais foi um pequeno castro com pedras e colmo (que ainda deve existir lá numa qualquer prateleira da escola primária de Aboim da Nóbrega)!
Isso aconteceu porque tive a sorte de os meus pais e professores terem sido suficientemente sensatos em falar-me dos castros dando a referência de que “eram umas casas redondas muito engraçadas onde viveram os antigos”!
Assim de repente veio-me á memoria alguns concelhos digamos de “menor dimensão”, como o caso de Terras de Bouro, que se vêem libertando deste redemoinho romano.
Já não chegava as dezenas de gerações anteriores que cresceram a pensar que os nossos antepassados directos e os mais antigos da nossa região foram os romanos!
Sem ter um conhecimento aprofundado na matéria, pergunto-me porque é que não existem iniciativas nas escolas ou nas autarquias e associações culturais para a temática da Cultura Castreja junto das crianças, artistas, artesãos, criadores e público em geral?
Porque as iniciativas, por exemplo, de recriações castrejas em diversos castros que se realizaram até hoje são tudo menos castrejas, mas sim romanas!
Podia-se, por exemplo visitar, os castros, museus, sensibilizar para a simbologia galaica, o que representam, qual a sua força simbólica, qual os seu possível uso nos nossos dias… falar sobre lendas, tradições, estorias e lugarejos!
Ensinar a fazer um triskel, uma suástica um “saoserimão”e coisas do género. Seriam ideias, na minha opinião, muito enriquecedoras para as nossas gentes.
Era uma boa forma de perceberem o quão valioso é ter como ascendente o antigo povo Galaico e seria uma boa forma de manter essa cultura viva!
Lembro-me que aos 10 anos a minha primeira obra em trabalhos manuais foi um pequeno castro com pedras e colmo (que ainda deve existir lá numa qualquer prateleira da escola primária de Aboim da Nóbrega)!
Isso aconteceu porque tive a sorte de os meus pais e professores terem sido suficientemente sensatos em falar-me dos castros dando a referência de que “eram umas casas redondas muito engraçadas onde viveram os antigos”!
Assim de repente veio-me á memoria alguns concelhos digamos de “menor dimensão”, como o caso de Terras de Bouro, que se vêem libertando deste redemoinho romano.
Falo-vos, por exemplo, de Ponte da Barca, este pequeno concelho tem-se vindo a demarcar na defesa do seu legado celta-castrejo através das várias incitativas de sucesso: congresso celta, festival celta, iniciativas etnográficas, nomeadamente, o famoso “enterro do pai velho”.
Outro exemplo é sem dúvida o concelho de Boticas com os seus “colóquios internacionais de guerreiros castrejos”….
Ainda há esperança!
quarta-feira, 8 de julho de 2009
"Mais um criminoso atentado ao Património da Póvoa de Lanhoso"
E eis que, há pouco mais de duas semanas, o impensável... repetiu-se: uma dessas empresas que infestam os nossos montes com eucaliptos entrou de rompante na chã do monte de Santo Tirso (freguesia de Rendufinho, Concelho da Póvoa de Lanhoso) e, usando do silencio e da aquietação de quem devia estar atento e da força de duas máquinas de terraplanar desmatou, rasgou, esburacou, dando início à plantação de umas centenas de pequenas árvores. Insensível á História, desinteressada daquilo que é o nosso Património, Não se coibiu de, á frente das enormes pás de potentes máquinas de remoção de terras, levar que constituíam paredes do que restava de um castro ainda por estudar.
Alertados pelo signatário, que por sua vez o tinha sido por um caçador que de quando em vez lá subia para ver os coelhos bravos que por ali existiam aos centos, os serviços da Câmara Municipal mandaram parar a obra. Tanto quanto conseguimos apurar, o empresário não possuía licenças para o empreendimento que encetara, embora os terrenos em questão estejam integrados nas chamadas áreas de Reserva Ecológica Nacional.
No momento em que escrevo este apontamento, desconheço se a obra vai parar de vez; se o empresário vai ser obrigado a arrancar (como seria normal que o fizesse, num país a sério...) as centenas de pés de eucalipto que já plantou e cujas raízes, em poucos anos, acabarão com aquilo que, do velho castro, está mais fundo do que as máquinas conseguíram destruir, para já não falar das águas que ali partem parta abastecer casas e fontes publicas nas freguesias de Rendufinho, Geras, e São João de Rei; nem sequer sei se o caso vai ser entregue às autoridades competentes, como devia, quer para o abuso (apetece-me dizer crime!) fosse definitivamente suspenso, quer para que representasse como que um aviso a todos os que, sem "rei nem roque" pensam que tudo lhes é permitido.
Este não é, aliás, caso virgem no concelho. Nas ultimas décadas , muitos tem sido aqueles que, sem terem quem os castigue, destroem o que querem, como querem e quando querem. Edificações megalíticas, castros, construções medievais , tudo tem sido alvo do (des)interesse desenfreado dos que entendem que o Passado é coisa morta, e que o que interessa são os euros proporcionados por uma partida de eucalipto ou a venda de uma parcela de terra, que só tem o valor que lhe pretendem atribuir se tiver bons acessos. E para os construir, rasgam, atulham, destroem.
Os exemplos são tantos que nem vale a pena enumerá los aqui. Só é pena que tudo isto aconteça sob o nariz das autoridades que, quando confrontadas, dão muitas vezes os ombros como se não soubessem o que se passa ou desconhecem a importância patrimonial dos locais que estão a ser vandalizados. Como quem diz que "o que não tem remédio, remediado está", que se o mal está feito já não há forma de voltar atrás.
Um castro incógnito mas identificado!
No caso em análise - o da destruição do castro de Santo Tirso em Rendufinho - e apesar de o mesmo estar identificado numa "Carta Arqueológica da Póvoa de Lanhoso", elaborada em 1991 por Henriques Regalo e Mário Brito (cf. Actas das IV Jornadas Arqueológicas, Lisboa 1990), Associação dos Arqueólogos Portugueses, (Lisboa, 1991), a verdade é que, oficialmente, para o município povoense, Castro ão existe! Desconheceria quem elaborou o Plano Directório Municipal esta "Carta Arqueológica", ou quem se dedicou a tal trabalho (trabalho bem pago, obviamente), preferiu fazer de conta que desconhecia? E se desconhecia, que competência se pode reconhecer a um PDM que tem, lapsos destes calibre? E mais: quantos locais haverá ainda no concelho, nas mesmas condições e sujeitos à "ignorância" e às "vontades" de quem tem mais amor aos euros do que à História?
Apetece-me aqui transcrever uma frase de um texto das arqueólogas Ana Maria Bettencourt e Isabel Silva ("O Património Pré-Histórico da Póvoa de Lanhoso. Que Valorização?", in Cadernos do Noroeste, série História 2, nº 20, Braga, ICSUM,s/dp.633): "Durante décadas", escrevem as arqueólogas, "a sociedade moderna orientou-se , essencialmente, para a valorização do 'futuro' , que encarava como 'evolução' e 'progresso', de acordo com uma lógica capitalista predominante (...). É neste contexto que se deixou destruir, sem preocupação de se efectuar qualquer registo científico, grande número de vestígios arqueológicos existentes por todo o país". E, agora, perguntamos nós: e nos dias que correm, será que as coisas mudaram? Não! continua tudo como dantes, pois evolução e progresso, para muitos, se não para a maioria, continua a ser fechar os olhos a tudo o que não sejam os seus próprios interesses financeiros.
Desconhece-se, ainda, como irá evoluir este processo. Sei que há pelo menos uma junta de freguesia (Gerás do Minho), que está a pensar accionar judicialmente a empresa por, alegadamente, esta ter invadidos terrenos que não lhes pertencem. Não sei o que farão em defesa de um bem maior e insubstituível a Junta de Rendufinho e a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso. Mas que este caso devia ser denunciado ao ministério público para servir, de uma vez por todas e para que fique na memória de quem pensa poder fazer o mesmo no futuro e em locais idênticos, de lição, não tenho dúvidas.
De outra forma o património das terras de Lanhoso (e de muitas outras terras por este país abaixo) continuará a ser alvo da esperteza saloia de quem o quiser destruir. Sem ter de prestar contas.
Por José Abilio Coelho
In Diário do Minho, 6 de Julho 2009
Alertados pelo signatário, que por sua vez o tinha sido por um caçador que de quando em vez lá subia para ver os coelhos bravos que por ali existiam aos centos, os serviços da Câmara Municipal mandaram parar a obra. Tanto quanto conseguimos apurar, o empresário não possuía licenças para o empreendimento que encetara, embora os terrenos em questão estejam integrados nas chamadas áreas de Reserva Ecológica Nacional.
No momento em que escrevo este apontamento, desconheço se a obra vai parar de vez; se o empresário vai ser obrigado a arrancar (como seria normal que o fizesse, num país a sério...) as centenas de pés de eucalipto que já plantou e cujas raízes, em poucos anos, acabarão com aquilo que, do velho castro, está mais fundo do que as máquinas conseguíram destruir, para já não falar das águas que ali partem parta abastecer casas e fontes publicas nas freguesias de Rendufinho, Geras, e São João de Rei; nem sequer sei se o caso vai ser entregue às autoridades competentes, como devia, quer para o abuso (apetece-me dizer crime!) fosse definitivamente suspenso, quer para que representasse como que um aviso a todos os que, sem "rei nem roque" pensam que tudo lhes é permitido.
Este não é, aliás, caso virgem no concelho. Nas ultimas décadas , muitos tem sido aqueles que, sem terem quem os castigue, destroem o que querem, como querem e quando querem. Edificações megalíticas, castros, construções medievais , tudo tem sido alvo do (des)interesse desenfreado dos que entendem que o Passado é coisa morta, e que o que interessa são os euros proporcionados por uma partida de eucalipto ou a venda de uma parcela de terra, que só tem o valor que lhe pretendem atribuir se tiver bons acessos. E para os construir, rasgam, atulham, destroem.
Os exemplos são tantos que nem vale a pena enumerá los aqui. Só é pena que tudo isto aconteça sob o nariz das autoridades que, quando confrontadas, dão muitas vezes os ombros como se não soubessem o que se passa ou desconhecem a importância patrimonial dos locais que estão a ser vandalizados. Como quem diz que "o que não tem remédio, remediado está", que se o mal está feito já não há forma de voltar atrás.
Um castro incógnito mas identificado!
No caso em análise - o da destruição do castro de Santo Tirso em Rendufinho - e apesar de o mesmo estar identificado numa "Carta Arqueológica da Póvoa de Lanhoso", elaborada em 1991 por Henriques Regalo e Mário Brito (cf. Actas das IV Jornadas Arqueológicas, Lisboa 1990), Associação dos Arqueólogos Portugueses, (Lisboa, 1991), a verdade é que, oficialmente, para o município povoense, Castro ão existe! Desconheceria quem elaborou o Plano Directório Municipal esta "Carta Arqueológica", ou quem se dedicou a tal trabalho (trabalho bem pago, obviamente), preferiu fazer de conta que desconhecia? E se desconhecia, que competência se pode reconhecer a um PDM que tem, lapsos destes calibre? E mais: quantos locais haverá ainda no concelho, nas mesmas condições e sujeitos à "ignorância" e às "vontades" de quem tem mais amor aos euros do que à História?
Apetece-me aqui transcrever uma frase de um texto das arqueólogas Ana Maria Bettencourt e Isabel Silva ("O Património Pré-Histórico da Póvoa de Lanhoso. Que Valorização?", in Cadernos do Noroeste, série História 2, nº 20, Braga, ICSUM,s/dp.633): "Durante décadas", escrevem as arqueólogas, "a sociedade moderna orientou-se , essencialmente, para a valorização do 'futuro' , que encarava como 'evolução' e 'progresso', de acordo com uma lógica capitalista predominante (...). É neste contexto que se deixou destruir, sem preocupação de se efectuar qualquer registo científico, grande número de vestígios arqueológicos existentes por todo o país". E, agora, perguntamos nós: e nos dias que correm, será que as coisas mudaram? Não! continua tudo como dantes, pois evolução e progresso, para muitos, se não para a maioria, continua a ser fechar os olhos a tudo o que não sejam os seus próprios interesses financeiros.
Desconhece-se, ainda, como irá evoluir este processo. Sei que há pelo menos uma junta de freguesia (Gerás do Minho), que está a pensar accionar judicialmente a empresa por, alegadamente, esta ter invadidos terrenos que não lhes pertencem. Não sei o que farão em defesa de um bem maior e insubstituível a Junta de Rendufinho e a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso. Mas que este caso devia ser denunciado ao ministério público para servir, de uma vez por todas e para que fique na memória de quem pensa poder fazer o mesmo no futuro e em locais idênticos, de lição, não tenho dúvidas.
De outra forma o património das terras de Lanhoso (e de muitas outras terras por este país abaixo) continuará a ser alvo da esperteza saloia de quem o quiser destruir. Sem ter de prestar contas.
Por José Abilio Coelho
In Diário do Minho, 6 de Julho 2009
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