segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Gira a Roda!

Mais uma vez se encontraram no terreiro todas as gerações e extractos sociais. É ali mesmo, sem palco nem teatro, onde se reproduzem gestos e sons antigos, que um povo se define.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Nova denuncia de abandono do Património Castrejo!

A Associação de Protecção e Conservação do Ambiente - APCA volta a público para denunciar o "estado de abandono" a que as politicas culturais voltaram a Cividade de Afife-Ancora, cujo território está dividido entre o concelho de Caminha e, maioritariamente, o conselho de Viana do Castelo.

Estado da entrada da Cividade. In: http://afifedigital.blogs.sapo.pt/88768.html

Apresentada por muitos especialistas como "uma das estações arqueológicas castrejas mais importantes do Noroeste Ibérico", não só devido à área que ocupa, mas também ao espólio encontrado nas diversas intervenções arqueológicas efectuadas ao longo dos últimos 130 anos, chefiadas por alguns dos mais reputados arqueólogos nacionais e europeus.

Segundo a APCA, esta estação "passou a ser conhecida mundialmente" após os trabalhos do arqueólogo Armando Coelho Ferreira da Silva, com metodologias arqueológicas inovadoras e grande rigor científico, na década de oitenta do século passado, de que "resultou um valioso espólio" que se encontra patente ao público no museu Arqueológico de Caminha.

Aspecto do desleixe em que se encontra a Cividade. In: http://afifeambiente.blogs.sapo.pt/5466.html

Esta associação, cujo plano de acção a levou a efectuar visitas ao património construído do Alto Minho, vem manifestar a sua preocupação face ao estado de abandono de vários espaços arqueológicos , nomeadamente este "tomado por vegetação infestante, actos de vandalismo e, recentemente, irracionalmente desvalorizada com a implantação de uma antena de comunicações no seu principal trilho de acesso".

Os responsáveis da Associação acham "inacreditável" que um local amplamente referenciado nos roteiros turísticos possa ter chegado a este estado, dando ao mundo uma "imagem negativa" levada pelos turistas.

Nos primórdios de uma Cidade:

A Cividade de Afife-Ancora é um importante povoamento da idade do ferro com indícios de romanização, localizado a cerca de 1250 m da actual linha de costa com uma altitude máxima de 187 m, sobre o contraforte noroeste da Serra de Santa Luzia, na fronteira administrativa de Afife (concelho de Viana do Castelo) e Âncora (concelho de Caminha), que para além de integrar o conjunto dos grandes povoados Castrejos que dominavam o Litoral da região, tem, ainda, no Castrejo do Noroeste Ibérico. As dimensões e localização , assim como a organização urbana ( três linhas de muralhas, casas circulares e ovais, condutas de escoamento de àguas, fontes de mergulho, fornos, pequeno sepulcros em forma de cista etc.) da Cividade de Afife-Ancora, permitem enquadrá-la no grupo dos grandes povoados Castrejos proto-urbanos, da fase mais recente da idade do Ferro. Embora as suas origens remontem aos séc. VI-VII a.C, a sua maior ocupação e importância terá ocorrido por volta dos séc. II a I a.C, prolongando-se pela fase inicial do período Romano. A cividade de Afife-Ancora conjuntamente com outros povoados mais pequenos, controlava a linha de costa entre santo Izidoro (Moledo) e Montedor (Carreço), os vales e estuários do Âncora e de Afife e o acesso ao estanho e ouro das serras de Santa Luzia e de Agra.


A cividade de Afife-Âncora é um dos povoados mais emblemáticos da Cultura Castreja sendo daqui, para além de outro espólio mais importante, os famosos lintel e ombreira decorados com o extraordinário cordame que Martins Sarmento levou para o museu de Guimarães que ostenta o seu nome.

Artigo publicado no Diário do Minho de 16/09/2009

domingo, 13 de setembro de 2009

Feiras Novas: A Rainha das Festas!

Chega-se o Solstício de Outono e o Verão despede-se arrastando languidamente os seus últimos raios pelos montes e vales da nossa terra amada. Os fins de tarde pintam-se de laranja num tom que desperta um saudosismo injustificado (mas estranhamente lógico) no nosso âmago.

As generosas brisas de fim de tarde trazem-nos aqueles cheiros de colheitas maduras. Uvas quase no ponto e milho doirado. Se fosse há umas décadas atrás, talvez ouvisse o cantar de uma mulher e o harmónio a repenicar-se todo à volta dela durante uma desfolhada numa eira próxima. No entanto, brevemente, irei ainda ouvir os cada vez mais raros: "Toooooorrrrrnaaaaaa..!!" proclamados por um cansado lavrador que ainda insiste a subir os enforcados Minhotos.


Talvez sejam as estrelas que nos encantam a alma com histórias passadas ou as carvalheiras que , começam agora a mudar de cor e a dar bolota, a sussurrar encantamentos numa língua antiga. O que sei é que algo nos faz melancólicos nesta época. Talvez seja o sangue... Talvez as nossas heranças e tradições estejam ainda tão presentes no subconsciente que sejamos forçados a sentir a falta destas coisas todas que suportaram as nossas comunidades durante incontáveis séculos.

Por isso, enquanto estamos a despedir-nos do Verão e a acolher o Outono e as suas colheitas, surge a maior das festas: As Feiras Novas de Ponte de Lima.


Esta é a suprema manifestação cultural do Minho. Nesta cada vez mais emblemática festividade, reúnem-se, como em nenhum outro lado, todos os ingredientes do Arraial mais concorrido do país. Heis o ponto de encontro de todos os tocadores, cantadores, folcloristas e amantes da cultura popular Nortenha.

Por isso, muitos podem, e com razão, estar com saudades do Verão. Eu, por outro lado, quero sempre que ele passe rápido para que, uma vez mais, possa ir às Feiras Novas.

Programa das festas (19 a 21 de Setembro):

http://www.cm-pontedelima.pt/pagina/imagens/fn2009_programa.pdf