sábado, 11 de dezembro de 2010

Menino Entre Lobos deitado!

Tinha 6 anos quando o seu pai o vendeu a um cabreiro que o ensinou a cuidar do animais e a sobreviver no meio do monte. Poucos dias depois, o pastor desapareceu. Marcos Rodriguez Pantoja ficou completamente sozinho nas agrestes paisagens da Serra Morena e, pouco a pouco, tornou-se próximo dos lobos até converter-se "em mais um da manada". Este "menino da selva" reside hoje numa aldeia de Ourense, mas recorda a sua história no documentário "Entre Lobos" de Gerardo Olivares.

"Um dia encontrei uma lobeira com vários cachorros e pus-me a brincar com eles. Deixei-me dormir ao seu lado e ao amanhecer chegaram os pais lobos com carne para os pequenos. A loba ficou a olhar-me fixamente e atirou-me um pedaço de carne. Eu não me atrevi a pegar, ela já uma vez me tinha dado uma “ferradela”, mas a loba chegou-me o pedaço de carne com o focinho para o pé de mim. Eu tinha muita fome e por isso peguei no pedaço de carne e comi-a como eles… crua! Desde então converti-me a mais um na manada!

Marcos Rodríguez Pantoja, actualmente com 64 anos, viveu desde os 6 aos 19 anos asilado na Serra Morena. A Guarda Civil resgatou-o desta solidão com um aspecto mais parecido a um lobo do que um humano: com cabelo pela cintura, a pele queimada do sol e impregnado de um odor a lobo. Depois de passar por várias famílias, Marcos foi-se adaptando a uma vida social normal. Contudo continua com dificuldade em entender algumas palavras ou frase e, apesar de ser adulto, tem uma forma de estar na vida de uma "criança adulta", onde procura a liberdade com todo o fascínio!

sábado, 4 de dezembro de 2010

O Cantar Minhoto

É interessante como se criou o mito que o cantar minhoto envolve sempre cantar muito alto e, geralmente, desafinado. (por exemplo aqui)

Apesar de achar que não é suficientemente divulgado e, na maioria das vezes, executado com qualidade aceitável, tambem acho que é descartado logo à partida pela maior parte da sociedade (especialmente a Sul do país) sem ter hipótese de se afirmar e de mostrar, muitas vezes, a beleza que contem. De uma inexistente educação musical obter coisas fabulosas como o vídeo seguinte só está, na minha humilde opinião, ao alcance de povos que nasceram para isto...



(Cantadeiras do Vale do Neiva)

"Estes coros polifónicos, já existentes no século XVI, têm-se conservado na tradição artística do Minho, mas tendem actualmente a desaparecer, sem que nem pessoas cultas nem câmaras municipais se esforcem por manter a sua conservação, mediante prémios em concurso ou em certames públicos, pela ocasião de festas, romarias ou feiras anuais."
(...)
"Claro está, pelo respeitante à execução, que há naturalmente lotes de más, de sofríveis e de boas cantadeiras; mas as qualidades mais necessárias e que mais se apreciam na execução destes coros são: afinação, sonoridade e sustentação das notas, qualidades que chegam a ser realmente perfeitas nos grupos mais adestrados.
Junho de 1929."
in Cancioneiro Minhoto

Passados 80 anos, o que mudou?

Continua a não haver esforço da parte do pessoal do poder para tentar conservar estas relíquias.
Já não existem manifestações espontâneas destes cânticos...
Salva-se o trabalho de alguns grupos que, felizmente, fazem o que podem na tentativa de não deixar que estas belas tradições caiam no esquecimento...

Isto é folclore. E é belo!