terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

ALDEIAS GALAICAS - cap II - ALGOSO


Algoso, povoação do concelho de Vimioso, no distrito de Bragança, com 105 fogos em 1530 e 198 em 1940. Outrora vila e cabeça de concelho, hoje em dia quase esquecida, no fundo da planície onde se avistam as serras de Sanabria, Bornes e Nogueira. Nas suas terras muito férteis, colhia-se o trigo, centeio, cevada, azeite e vinho

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Quando, em 1855, foi suprido o concelho, Algoso, tinha Casas da Câmara e da Cadeia, um Monte de Piedade, que fornecia cereais a baixo preço aos lavradores menos afortunados, e uma escola de instrução primária masculina, que já existia em 1836, provavelmente em consequência dos decretos de 6 de Novembro de 1772 e 11 de Novembro de 1773. A Escola feminina foi criada por decreto de 8 de Setembro de 1876.

Algoso sobrevive à história e à Lenda - uma e outra sem demarcação bem definida - pelo trabalho dos homens e mulheres que aí ficaram para um dia "se deitarem no caixão" com a serenidade de quem chega honradamente ao fim de um longo e trabalhoso dia", no dizer de MIGUEL TORGA.


Algoso, com os seus romances de cavalaria, entoados de Sol a Sol nos campos da ceifa, e os seus pauliteiros envelhecidos que ainda cruzam e batem os paus com a violência de uma raiva - pauliteiros dos domingos sem fim, a espantar os Santos de madeira dos andores e as raparigas das procissões do Maio, que são hoje essas mulheres, partindo amêndoas nas soleiras das portas.

(Michel Giacometti, POVO QUE CANTA, 1973)

4 comentários:

Maria disse...

Algoso é um lugar fantástico! O mal de que sofre é um mal comum a todo o nordeste transmontano: uma desertificação contínua das aldeias. Muito por culpa dos autarcas, que se preocupam apenas com as cidades. E as aldeias, com uma população cada vez mais envelhecida, são esquecidas.

Eu nasci numa aldeia perdida na periferia do parque de Montesinho. Uma aldeia que tinha mais população no século XVIII do que no final do sec XX. Uma aldeia que já tinha conhecido melhores dias.

Mas, terei sempre saudades! De tudo. Desde o momento em que abria a janela do meu quarto, logo pela manhã, e tinha à minha fente um vasto horizonte. Até ao ritual de olhar o céu nocturno, antes de dormir.

Lá estava mais perto do céu, a imensa abóboda celeste era como um livro aberto, com constelações que nunca mais acabavam. Hoje mal vejo as estrelas... e quando me levanto de manhã, não vejo da minha janela a paisagem pura, de uma beleza agreste que se entranha na alma, vejo blocos de prédios que me deprimem.

Quando era criança, era pastora. E os meus dias eram belos! Depois, parti, para estudar. Estudei. Licenciei-me. Agora, passo a semana fechada num gabinete, sempre em frente a um computador. E os meus dias já não são belos!

O Galaico disse...

E verdade Maria.

Anda o mundo a procura de felicidade quando esta vem nos gratuita através da contemplação da Natureza.

Anda o mundo obcecado com meios de obter sustentabilidade quando sempre o fomos até há 200 anos atrás.

Andamos perdidos por dinheiro para podermos aparentar sermos tão importantes como os nossos demais quando na verdade vivemos por isso tão tristemente como eles.

A mim, dai-me uma minhota de olhos verdes, uma barriga cheia, uma casinha nos campos, tanto faz serra ou vale, uns terrenos para me entreter e a minha concertina e voila, heis um homem feliz...

Há, e claro, a INTERNET também faz falta...

Elaneobrigo disse...

esse video tá muito bom...

a primeira vez que vi um burro cangado com uma vaca...

ohohoho

afinal é possivel

O Galaico disse...

Sabes como é caro amigo, já diz o ditado: "Há Burros para tudo...."