sexta-feira, 13 de março de 2015

"Região Norte quer valorizar património castrejo"


Notícia positiva mas que peca por tão tardia como a preservação dos mais de dois mil sítios totalmente  abandonados.

Uma cultura única faz-se, recorda-se e vende-se protegendo-a na integridade para que os povos locais se consigam identificar no tempo e na geografia dispersa do que hoje é a globalização.

Uma dúzia de sítios históricos ligados é uma velha conversa com uma década de teoria. Veremos no que dá mas, pessoalmente, não trago muitas esperanças que a genuinidade única desta nossa civilização seja convenientemente promovida como a real marca de identificação das nossas gentes e do nosso território histórico e arqueológico.

Tudo menos que isso é, no que me toca, será trabalho incompleto





 
"Rede de Castros do Noroeste foi formalizada esta quinta-feira, um ano e meio depois do seu lançamento, com 12 sítios dos mais de dois mil existentes só no Norte de Portugal.".

"Onze municípios do Norte do país formalizaram esta quinta-feira com a Direcção Regional de Cultura a institucionalização da Rede de Castros do Noroeste, reactivando um projecto de colaboração pensado desde 2004 e lançado há ano e meio. A partir de agora, a rede tem um regulamento de funcionamento e de adesão de novos membros, e prepara-se para buscar nos fundos europeus capital para investir em acções científicas e de divulgação do património castrejo da região.

Os municípios de Boticas (Castro do Lesenho), Esposende (São Lourenço), Monção (São Caetano), Paços de Ferreira (Sanfins), Penafiel (Monte Mozinho), Póvoa de Varzim (Cividade de Terroso) , Santo Tirso (Castro do Padrão), Trofa (Alvarelhos) e Vila do Conde (Bagunte), e a Sociedade Martins Sarmento, de Guimarães (que gere a citânia de Briteiros) são, com a Direcção Regional de Cultura, que tutela a Citânia de Santa Lúzia, de Viana do Castelo, os fundadores da Rede de Castros do Noroeste. Que apesar do nome, se cinge, para já, ao território português

Desde 2004 que especialistas na área – como o arqueólogo Paulo Costa Pinto, Armando Coelho Ferreira da Silva ou Francisco Sande Lemos – vinham defendendo a necessidade de valorizar, numa rede luso-galaica, o património castrejo, dada a singularidade de, por toda esta região da península existirem mais de sete mil assentamentos humanos proto-históricos conhecidos. Aquando da chegada dos romanos a esta parte da Europa, a paisagem era dominada por estas urbes fortificadas, de planta circular ou rectangular, construídas no cimo dos montes.

A rede agora formalizada apenas inclui parceiros portugueses e deixou de parte, para já, a ideia, apontada há uma década, de candidatar este património à UNESCO. Dadas as disparidades no trabalho de investigação arqueológica, e de criação de condições de divulgação e visitação, os promotores vão concentrar-se em procurar, através do Portugal 2020, fundos para valorizar este património, e alargar o grupo a outros municípios interessados em prosseguir o mesmo caminho. Só mais tarde, admitiu no director da DRCN, se analisará se o trabalho realizado permite ambicionar essa inscrição na lista de património mais famosa do mundo.

Nesta sessão, no Palacete Allen, no Porto, a presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz, revelou que o município conseguiu na semana passada a posse dos cerca de 18 hectares de terreno onde está implantada a cividade de Bagunte, na freguesia homónima deste concelho, depois de mais de seis décadas de negociações difíceis, com intervenção judicial.

O diferendo vinha impedindo a autarquia de fazer investimentos de fundo - fosse em acessos ou num centro de interpretação condigno – neste castro, um dos oito existentes no território de Vila do Conde, como explicou o arqueólogo Pedro Brochado. Resolvida a questão da propriedade, vai ser possível fazer campanhas de escavações mais alargadas e apresentar candidaturas a fundos comunitários para outros equipamentos e infraestruturas, no âmbito da rede agora constituída.

António Ponte espera que este trabalho em rede permita sinergias e partilha de recursos entre os vários municípios, de modo a aumentar o conhecimento existente sobre este património. Ao mesmo tempo, os promotores esperam que a divulgação conjunta destes espaços possa aumentar o número de visitantes e o impacto na economia local."

In: http://www.publico.pt/local/noticia/regiao-norte-quer-valorizar-patrimonio-castrejo-1688966

4 comentários:

Anónimo disse...

muito bom este blog mas eu sou do norte e acho que os portugueses são descendentes dos lusitanos senão porque se decidiram separar os portugueses dos seus "irmãos" galegos em 1139? porque não seguiram o mesmo destino que eles? porque decidiram apoiar d. afonso henriques na sua causa que estava contra tudo e contra todos? havia algo que os diferenciava com certeza... e o porquê da expansão do país para sul e não para oeste? no meu entender essa expansão não foi nada mais que um sonho de descendentes em restabelecer algo dos seus ascendentes, a LUSITÂNIA. e camões? camões associou o povo português aos lusitanos. deveremos considerar um erudito como ele um dos maiores poetas da humanidade um tolo? mm não me parece... na minha opinião os habitantes do norte de portugal são descendentes de um misto "galego-lusitano" que existia por aquela altura

O Galaico disse...

Caro "anónimo",

É comum ler opiniões como a sua. As mesmas não se baseiam em factos mas sim num sistema de ensino deturpado que altera a realidade das coisas.

1- Nunca os Lusitanos viveram acima do Douro. Entenda bem isso. Os Lusitanos viviam na MESETA CENTRAL da península que incluía os montes Hermínios, ou seja, a Serra da Estrela e territórios do centro do país até Viseu. O uso do termo Lusitano a zonas Litorias e Sul de Portugal já de si está errado quanto mais abranger isso a toda a gente.

A Lusitânia como região foi uma globalização feita pelos Romanos e NÃO REPRESENTA UMA IDENTIDADE. E, reforço a ideia de que o Norte, de onde NASCEU PORTUGAL em termos de coroa e SANGUE, NUNCA, mas NUNCA, pertenceu à Lusitania Romana.

2- A separação dos irmãos Galegos não foi feita pelo povo. Foi feita por decisões políticas. Essencialmente, dois lados da família estavam em posições diferentes e a facção fiel a DAHenriques resolveu separar-se e criar um país próprio.

Contudo, note que GALEGOS somos nós. A palavra GALIZA e GALEGOS nasce da cidade do Porto (Cale) e a cidade de Braga foi sua capital durante SÉCULOS.

3- A expansão para Sul em vez de Oeste? Bem, se para Oeste só havia mar, para SUL haviam Mouros. O papa OFERECIA aos nobres as terras reconquistadas aos Mouros. Portanto é OBVIO que nobreza estava interessada em se expandir por interesse financeiro e não por considerar aquelas terras suas.

4- Camões associou o Português ao Lusitano porque ao escrever a sua epopeia precisava de um heroi. Todas as epopeias tinham o seu e Camões teve de usar Viriato, um chefe Lusitano que esteve em guerra contra o império Romano um pouco por todo o lado na península e também na área que acabou por ser a Lusitania Romana.

Viriato sim era Lusitano. O povo Português nem por isso. Contudo, com a popularização inconográfica da obra de Camões, "colou" o rórulo dos Lusitanos a todo o país e Portugueses.

5- Os habitantes do Norte são mais Galegos do que os Galegos de hoje. Como disse, a palavra Galiza e Galegos nasce do PORTO. O antigo castro de Cale, antiga cidade do Porto, deu o nome à região da Gallaecia do Noroeste da península. Daí veio o nome Galiza e Galegos.

Portanto, esqueça lá as histórias que contam na escola que são uniformizadas para unificar o povo. Ela não corresponde de modo nenhum à realidade.

Anónimo disse...

já agora sou um jovem de barcelos e desculpe a persistência...
1 - "Nunca os Lusitanos viveram acima do Douro" não me parece que existissem fronteiras assim tão rígidas naquela época. e como explica a presença de várias estátuas de guerreiros LUSITANO-GALAICOS em toda a região norte de portugal? "Presentemente, para ACEL-Trebolapa, o termo "Lusitano" é mais abrangente, ele designa não só os habitantes originais da Lusitânia (ou Beira interior "portuguesa"), como também toda a população indígena das nações aliadas dos Lusitanos (...)". os galaicos eram aliados dos lusitanos.

O Galaico disse...

Caro "anónimo",

As fronteiras aqui definidas eram Romanas e feitas por eles para gestão do território.

Muitas vezes realçavam regiões ÉTNICAS como é o caso da região onde vive e onde a CULTURA CASTREJA está presente em exclusivo.

A cultura castreja é quase exactamente idêntica à da antiga Gallaecia por razões óbvias e, mesmo nos mapas arqueológicos de hoje, poderá VERIFICAR que a cultura Castreja do NOROESTE PENINSULAR coincide com a antiga Gallaecia.

As estátuas Lusitano-Galaicas NÃO EXISTEM.

As estátuas são GALAICAS. Representam guerreiros GALAICOS, da etnia GALAICA, e vieram de castros da área GALAICA que nunca teve nada a ver com a Lusitânia.

É simples de entender e até acabou por admiti-lo com a sua citação:

", como também toda a população indígena das nações aliadas dos Lusitanos (...)". os galaicos eram aliados dos lusitanos. ".

Ou seja, USAM O NOME LUSITANOS indevidamente sobrepondo-o aos nomes verdadeiros das tribos.

Não sei portanto onde está a dúvida. Já acima lhe disse porque é que o nome Lusitano foi indevidamente e insultuosamente IMPOSTO a todas as regiões Portugueses.

A sua terra não é Lusitana e provavelmente as suas origens também não o são. Tenha orgulho nisso pois é na Gallaecia que nasce a coroa, sangue e lingua que fizeram Portugal.