terça-feira, 26 de maio de 2009

Ainda sobre a "Braga Romana"...

Pequenos excertos de um e-mail informativo com que a câmara municipal de Braga enche diariamente as nossas reciclagens:

Cidade recria quotidiano da Bracara Augusta, de 28 a 31 de Maio:
BRAGA VOLTA A RENDER-SE

Parabéns à cidade por festejar as derrotas e aclamar os invasores genocidas. Para OGalaico, como para quem pense um pouco, este e um título ridiculo. Pergunto-me qual a reacção dos Portugueses caso houvesse a "Lisboa Moura" onde se glorificasse os 400 anos de domínio mozárabe e batessem palmas ao povo estrangeiro que veio oprimir os nativos...


Conforme tem acontecido, espera-se que o Imperador convide os presentes para uma primeira saudação aos “bracari”, particularmente aos mais novos, a quem costuma dedicar os primeiros gestos...

Aqui querem fazer crer que o Imperador e Roma em geral eram amiguinhos dos Bracari e que faziam festinhas nas testas das suas crianças. A verdade não era essa. Por venturam escravizavam os pequenos e as mulheres e se os homens fossem rebeldes decapitavam-nos em praça publica como faziam às estátuas de Guerreiros Galaicos. A encenação da "Braga Romana" é um disparate sem limites.

De acordo com os historiadores, as origens de Braga remetem para o início da Era Cristã, mais precisamente para o ano 16 a.C., altura em que César Augusto fundou a Bracara Augusta, à semelhança de outras cidades do noroeste da Península Ibérica.


Ainda e sempre a propaganda e a promoção das ideias pré-concebidas e desactualizadas. Como já foi dito anteriormente, os acampamentos militares em zonas de forte densidade populacional rebelde, tornavam-se mais cedo ou mais tarde permanentes e passavam a núcleos urbanos efectivos. Ninguém fundou as cidades a não ser as populações que de facto já la viviam. O exemplo de Braga é por de mais flagrantes onde existem ruinas pré-romanas no que hoje é plena cidade.


Ciente da importância do património arqueológico para o conhecimento das origens da cidade e também como elemento de identidade cultural e de promoção turística, o Município de Braga tem vindo a apoiar a investigação e a valorização dos sítios arqueológicos integrados na malha urbana actual, sendo possível visitar um conjunto de quase uma dezena de locais de particular interesse arqueológico.

E digo mais. Se a câmara tivesse olhos para além das favelas que tem construído, encontraria dezenas de monumentos AUTÓCTONES, GENUÍNOS, NOSSOS e BEM MAIS ANTIGOS que valem a pena preservar. A falta de perspectiva e a pura ignorância não permitem aos dirigentes traçar planos distintivos para Braga. A maior faisca de criatividade que alguma vez tiveram foi a de associar Braga, uma zona de maior importância Castreja, cultura única no Mundo, aos "Romanos". "Romanos" esses que existem em todo o lado, desde África, ao Norte da Europa. Acho que umas aulas de marketing e uma ida ao confessionário por andar a mentir às pessoas seriam bem vindas.


É neste contexto de promoção e divulgação da história da cidade e de animação deste património local e regional que se insere a “Braga Romana – Reviver Bracara Augusta”, programa que procura recriar a ambiência e o cosmopolitismo da cidade de Augusto, onde chegavam mercadores e produtos provenientes do norte de África, do Oriente e de outras regiões do Império.


«Esta diversidade de culturas e de produtos, associados às diferentes regiões que então constituíam o Império romano, está espelhada na recriação do mercado, distinguindo-o, dessa forma, de uma simples feira de produtos artesanais», explica a Vereadora da Cultura.

Estas duas ultimas afirmações servem para rematar a ironia decadente da organização deste herético circo. Podemos ver todo o tipo de palhaçadas pelas ruas de Braga MENOS a cultura Castreja. Reparem 0s leitores no disparate épico, falta de coerência e conhecimento, displicência e... porque não, graça macabra, desta situação.

Braga e os Bracari eram os Castrejos. Os Romanos lutaram contra esta civilização da qual, ainda hoje, descendemos. Houve um choque de culturas entre a Castreja Atlantica e a Romana Mediterrânica. No entanto nada disso está à vista neste evento. Apenas tendas africanas, medievais, e muitos Romanos em território estrangeiro. Reforça-se assim o esquecimento da nossa herança culturalm e as falsas ideias que contribuem para a globalização e uniformização do carácter das gerações futuras. Assim, dentro de pouco tempo, Braga deixará de ser Braga, Minho o Minho e Norte o Norte para sermos qualquer coisa igual a tantas outras.

Como se diz no Diário do Minho: BOA VAI ELA!

2 comentários:

Fernando Cerqueira Barros disse...

...e a festa continua...

quando pensavamos que a IGNORANCIA e falta de respeito por nos proprios vindo de politicos e outros "boys" da zona nao tinha limites........eis que eles decidem a enviar um mail a confirmar a sua total ignorancia relativamente a HISTORIA, Arqueologia, Atropologia, CULTURA, etc, etc, etc...

...bom...e como vem ai as eleiçoes europeias (o novo imperio romano...)...nada melhor que uma destas degradantes festanças onde todos esquecemos as nossas raizes, tudo aquilo que somos e entregamos a nossa herança genetica e CULTURAL numa tenda de circo...em BRACARA, em BRUXELAS, em ROMA, em LISBOA ou num outro qualquer degradante palco de "SHOW-OFF" e ignorancia total...

...apesar de nao ser "in" eu continuo a ser portugues...

...e como BREOGAN...NAO SOU ROMANO, SOU GALAICO...

...antes mortos do que escravos.

Jonas disse...

"Pergunto-me qual a reacção dos Portugueses caso houvesse a "Lisboa Moura" onde se glorificasse os 400 anos de domínio mozárabe e batessem palmas ao povo estrangeiro que veio oprimir os nativos..."


Sei que ha pelo menos um festival mouro a Sul, pelo Alentejo.
Não se esqueça que hoje vivemos numa era multiracial e distorcem-se as coisas. Dizem que os mouros eram nossos amigos, so queriam viver em paz no passado, etc.
Eu proprio ouvi coisas dessas quando a radio fez uma reportagem sobre o festival. Só se diziam maravilhas dos mouros, sao mais avançados, melhoraram a Ibéria, eram um povo da paz, etc.
Por isso hoje festeja-se o festival mouro la pelos ares do Alentejo e talvez até noutros locais.

Quanto aos romanos, como são europeus, não ha tanto o lobby do multiracialismo, mas penso que aqui trata-se de ignorancia da nossa história, falta de consciencia do que somos e como Roma e Romanos são dos mais importantes na história europeia, sentem necessidade de fazer um festival desses.