O mês de Agosto, como roda a gente sabe, é o mês onde as romarias mais foras ganham.
Na região Galaica são às centenas. Das mais pequenas às maiores, das mais antigas às que apenas andam à caça do emigrante, seria por isso impossível e enfastiante falar sobre todas.
OGalaico já por diversas vezes explicou as origens destas manifestações (Das mais honestas) antiquíssimas. Esqueçam o padroeiro, esqueçam os andores. Todas estas componentes são quase como maquilhagem que esconde a verdadeira idade da romaria.
As suas essencias são pagãs. Quem conseguir abrir a mente a estas celebrações facilmente perceberá o transcendente simbolismo de certas situações.
Escolhi este ano para exemplificar o São Bartolomeu do Mar em Esposende.
Foto de Armindo Costa de 1972 retirada de:
(http://olhares.aeiou.pt/1971___romaria_de_sao_bartolomeu_do_mar_foto1886884.html)
A singularidade desta festa reside no seu processo simbólico quase único que teve origem, pelo menos no séc XVI se bem que é evidente que as origens dos cultos sejam muito mais antigas do que o momento em que vêm relatadas nos documentos.
As gentes locais e forasteiros de toda a região deslocam-se à freguesia de São Bartolomeu do Mar para darem 3 voltas à igreja com um pinto negro ao colo. Posteriormente passam por baixo do andor e seguem para o mar onde mergulham as suas crianças ("furam") nas ondas sempre em número impar.
O objectivo deste processo seria o de afastar o demónio das crianças e as doenças com que este costuma afectar as crianças: Gagez, Epilepsia e Gota.
Os antigos povos tinham os seus altares mágicos em locais especificos e devidamente assinalados. Muitos deles são so que hoje servem as nossas necessidades católicas. Não é por isso estranho que nesta mesma pequena freguesia se encontre um belíssimo menír monumento que, para os nossos antepassados carregava um enorme peso simbolico e ritual.
O São Bartolomeu do Mar é apenas um exemplo dos muitos que populam a nossa terra. A nossa herança cultural é enorme e bem mais interessante do que a monótona ladainha que nos contam da catequese. Assim, no São Bartolomeu como em muitos outros lugares da Gallaecia, antiquíssimos monumentos mágicos e antigos altares se fundem com a religião monoteísta criando esta inexplicável atracção que tão bem define a essência do povo Galaico: A ROMARIA!
Na região Galaica são às centenas. Das mais pequenas às maiores, das mais antigas às que apenas andam à caça do emigrante, seria por isso impossível e enfastiante falar sobre todas.
OGalaico já por diversas vezes explicou as origens destas manifestações (Das mais honestas) antiquíssimas. Esqueçam o padroeiro, esqueçam os andores. Todas estas componentes são quase como maquilhagem que esconde a verdadeira idade da romaria.
As suas essencias são pagãs. Quem conseguir abrir a mente a estas celebrações facilmente perceberá o transcendente simbolismo de certas situações.
Escolhi este ano para exemplificar o São Bartolomeu do Mar em Esposende.
Foto de Armindo Costa de 1972 retirada de:
(http://olhares.aeiou.pt/1971___romaria_de_sao_bartolomeu_do_mar_foto1886884.html)
A singularidade desta festa reside no seu processo simbólico quase único que teve origem, pelo menos no séc XVI se bem que é evidente que as origens dos cultos sejam muito mais antigas do que o momento em que vêm relatadas nos documentos.
As gentes locais e forasteiros de toda a região deslocam-se à freguesia de São Bartolomeu do Mar para darem 3 voltas à igreja com um pinto negro ao colo. Posteriormente passam por baixo do andor e seguem para o mar onde mergulham as suas crianças ("furam") nas ondas sempre em número impar.
O objectivo deste processo seria o de afastar o demónio das crianças e as doenças com que este costuma afectar as crianças: Gagez, Epilepsia e Gota.
Os antigos povos tinham os seus altares mágicos em locais especificos e devidamente assinalados. Muitos deles são so que hoje servem as nossas necessidades católicas. Não é por isso estranho que nesta mesma pequena freguesia se encontre um belíssimo menír monumento que, para os nossos antepassados carregava um enorme peso simbolico e ritual.
O São Bartolomeu do Mar é apenas um exemplo dos muitos que populam a nossa terra. A nossa herança cultural é enorme e bem mais interessante do que a monótona ladainha que nos contam da catequese. Assim, no São Bartolomeu como em muitos outros lugares da Gallaecia, antiquíssimos monumentos mágicos e antigos altares se fundem com a religião monoteísta criando esta inexplicável atracção que tão bem define a essência do povo Galaico: A ROMARIA!
3 comentários:
Blog muito interessante. Parabéns.
Olá, Galaico! :)
Em Esposende, São Bartolomeu é, sem dúvida, o orago escolhido para a cristianização de um culto pagão. E ainda que não saibamos qual era primitiva divindade pagã, o que resta do seu culto, não deixa de ser deveras interessante.
São Bartolomeu é padroeiro dos marinheiros, o que o relaciona de imediato com a água. E, por vezes, é representado com um tridente na mão, como acontece com a imagem de São Bartolomeu, em Aveiro. Outras vezes, aparece apenas relacionado com símbolos tripartidos como a pata de ganso. Claro que tudo isto parece indicar um culto a Posídon ou Neptuno, contudo também convém não esquecer que tal como os cristãos, também os romanos procediam a uma romanização dos cultos primitivos.
São Bartolomeu foi escolhido certamente pela relevância do seu martírio, assim, tendo este santo sido esfolado, aparece ligado com o simbolismo da "mudança de pele" e com a serpente.
Este santo é também representado com um diabo acorrentado a seus pés, como acontece em Cabeceiras de Basto. Mas, no dia 24 de Agosto, diz a lenda que o diabo é libertado e anda à solta. :)
O rito de São Bartolomeu do Mar passaria então por levar o galo preto nas três voltas em redor da capela, passando depois por baixo do andor do santo, em forma de barca, continuando na imersão na água do mar e, por fim, no sacrifício do galo no areal da praia, sendo depois cozinhado e comido como comida cerimonial.
Bem sei que actualmente os galos são alugados, mas que se há-de fazer?...
Deixa-me só dizer que todo este ritual de libertação do medo está muito bem estruturado. A começar logo no galo, que é por excelência um símbolo solar, sendo o galo preto associado ao Sol Oculto. É o que nos vai dar o impulso, a sabedoria, a força e a coragem para atravessarmos as nossas energias mais caóticas e primitivas. Descemos a águas profundas, passamos por baixo da barca e libertamo-nos na passagem das ondas do mar, que nesse dia têm propriedades especiais.
Simples e belo, não é?...
Ola Maria, tudo bem?
Os teus comentários são uma preciosidade. Obrigado pela estruturação mais detalhada deste culto que só tu podias ensinar.
De facto isso tudo é belo.
Tão belo que ofusca a vasta maioria das gentes que nada conseguem ver para além do óbvio.
Vivemos numa era de total insensibilidade.. Ou será ignorância...?
E hoje é a Sr.ª das Neves em Fafe. Esta também tem muito que se lhe diga não é?? ehe
Enviar um comentário