quarta-feira, 28 de outubro de 2009

As Carpideiras!

Com o passar dos tempos, mudam-se as pessoas, mudam-se os hábitos. Com o passar do tempo, é claro, muda o Mundo.

Por vezes parece que nada pode alterar alguns aspectos culturais pois, por mais invasões de sangue e de culturas externas que aconteçam, encontramos ainda raízes antiquíssimas que, dissimuladas pela amorfa apatia do ser humano moderno, nos relembram (a nós os mais interessados) a nossa história e evolução etno-social.

Porém, ao mesmo tempo, muitíssimos outros pormenores mais ou menos relevantes se perdem para sempre.

Frequentemente, um acto comum e tido como certo, desaparece em poucas décadas sem que ninguém se preocupe ou dê realmente conta disso. Na verdade, basta uma geração nascer sem ter contacto com tal manifestação cultural, para que esta se extinga ao fim de incontáveis anos de existência.

Tal aconteceu com as Carpideiras.

Carpideiras Mexicanas

Profissão antiquíssima com milénios de existência, algumas mulheres eram recrutadas para chorar os mortos dos outros. Ora em lamentos, ora em orações, ora em lágrimas. Essas eram sempre pessoas especiais. Pessoas de grande sensibilidade capazes de a demonstrar nestes momentos tão delicados. Hoje, seriam actrizes, naquele tempo utilizavam este seu talento de outra forma.

Tempos houveram, que ao nosso povo, não chegavam os seus próprios prantos. Tempos foram em que, os que podiam, davam-se ao luxo de contratar mulheres que lamentassem também a perda de uma vida que não as afectava pessoalmente.

Representaria esta mulher a metáfora do mundo? Será que os entes queridos tentavam de forma figurada por o universo inteiro a prestar uma homenagem através do choro desta mulher?

O que se sabe é que as comunidades antigas isso permitiam. A vida comunitária e os laços sociais possibilitavam que tal acto fosse aceite naturalmente pois, a perda de uma vida querida, dizia muito a todo um lugar, aldeia ou até vila.

Em Portugal, ao contrário de outros países como México ou Brasil, esta "profissão" ocasional já não existe. No entanto, em 1970, o Honrado e Santo Homem Michael Giacometti, registou uma das ultimas (se não mesmo a última) Carpideiras da nossa nação.

Por entre recusas em desenterrar do passado (por um motivo tão "fútil" como o mero registo académico) este acto tão intenso e pessoal, ficam para a memória intemporal das gerações vindouras, estas últimas imagens de uma Carpideira e seu lamento.

"Mas como não Chorar, quando a Vida é esta, e a Dor é Paga?"

domingo, 18 de outubro de 2009

Balneario Castrejo de Galegos


Sendo um dos 4 principais banearios castrejos das 16 "Saunas castrejas" que se conhecem no Entre Douro e Minho é de lamentar que este monumento de Santa Maria de Galegos em Barcelos não seja tratado com o devido respeito seja por quem for!



Digamos que o principal do monumento não está danificado ou grafitado mas veremos por quanto mais tempo!




terça-feira, 13 de outubro de 2009

Em Outubro, pega tudo!!

Esse é mais um daqueles ditados populares que os antigos alegremente atiram ao ar gabando, de certa forma, o seu conhecimento das coisas todas.

Outubro, um dos meses mais belos do ano por ser onde o Outono melhor se afirma, é também o tempo das bolotas. Todos os anos, OGalaico recolhe algumas delas e planta-as com o intuito de, no ano seguinte, as colocar no local onde se espera que vivam o mais tempo possível.

Assim foi o ano passado. Ao recolher algumas bolotas acabadas de cair, plantaram-se valiosas árvores autóctones. Este ano o mesmo se passou.

Logo pela manhã, com um convidativo céu azul subiu-se a serra à procura dos locais onde estabelecer as moradias das árvores em causa.


Por entre os rebentos do ano transacto estavam Carvalhos, Sobreiros, Nogueiras e Castanheiros. Tudo espécies locais que representam mais valias ambientais em termos de diversidade e produção de alimento para os animais.

No fundo, o oposto total das pragas de Eucaliptos.


Um cuidado a ter ao plantar árvores passa por escolher um local com poucas probabilidades de serem esmagadas por pessoas ou, mais provavelmente, queimadas por qualquer incêndio antes que atinjam um tamanho que as proteja com mais eficácia.

Sítios que costumam ter pouco mato, clareiras ou até espaços urbanos com pequena taxa de risco são locais ideais.


Se possível, tentar plantar as espécies junto a estruturas que as protejam das intempéries e dos seres vivos. Muros e penedos são perfeitos e, no caso dos Carvalhos, totalmente ao gosto destas plantas.


A base da árvore deverá também ser protegida com algumas pedras para que as pessoas saibam que esta foi plantada propositadamente (esperando assim que haja mais respeito por ela) e também para resguardar a eventual erosão do solo que, nesta fase inicial, seria fatal.


Este ano, OGalaico resolveu colocar estes seres vivos num santuário de montanha onde existiram na sua envolvente vários castros.

No local procedeu-se à recolha de Bolotas dos muitos Carvalho que lá se encontram e, como podem ver, já está tudo preparado para que, no ano que vem, esse processo seja repetido.


Para além da satisfação natural que se obtém do facto de estar a contribuir, se bem que numa escala quase insignificante, para a melhoria do meio ambiente, será também curioso esperar várias décadas e um dia, já velhos e cansados, confirmar que aquele enorme ser, sob o qual uma família está a conviver num pic-nic, foi ali posto por si.

Finalmente, OGalaico acha que todas as pessoas possuidoras de automóveis ou contribuidoras em emissões de carbono deveriam ser obrigadas a plantar árvores. O estado deveria tornar essa actividade um hábito para as gerações vindouras e fomentar a disponibilização de locais próprios para isso.

Mas eventualmente, só daqui 200 anos o nosso Portugal terá consciência capaz de por isso em prática.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mais estrangulamento centralista: Nicolinas vs Fado!

Um dos mais escandalosos actos de desprezo do estado central Português, e da sua capital universal, deu-se com a sabotagem da candidatura da cultura oral comum do Norte de Portugal e Galiza a património mundial.


Naquela altura, as comissões de ambas os lados das fronteiras tinham redefinido alguns pontos para serem finalmente aceitas as candidaturas pela UNESCO quando, para espanto de todos, o estado Português silenciou-se dentro das suas barricadas e simplesmente ignorou os protestos e pedidos de audiência por parte da organização.

O estado Espanhol apoiou devidamente a Galiza nesse projecto mas, Lisboa, quando se deu conta que essa candidatura apenas dizia respeito ao Norte de Portugal e não a todo o país, provavelmente achou inútil esta iniciativa ou, eventualmente, mais seguro não reconhecer pertenças culturais entre ambas as margens não fossem alguns Portugueses começarem a terem ideias ainda mais regionalistas.

Esta semana aconteceu mais um episódio desta constante repressão cultural que as terras Lusitanas exercem sobre as Galaicas. Quem sofreu desta vez foi Guimarães e as suas conhecidas festas Nicolinas.

Fiquemos com um artigo do Diário do Minho publicado a 8/10/2009:

Candidatura das Nicolinas marca passo:


Guimarães tem elaborado um dossier de candidatura das Festas Nicolinas a Património Oral e Imaterial da Humanidade. Mas está na gaveta desde Novembro de 2008. Agora, o estado Português decidiu candidatar o Fado àquela distinção, pelo que a candidatura Vimaranense vai ter que esperar pelo menos, até 2014.

O presidente do grupo parlamentar do PSD na Assembleia Municipal de Guimarães, André Coelho Lima, não se conforma com o facto da candidatura das Festas Nicolinas ter sido "esquecida" e "completamente secundarizada" na candidatura a Património Oral e Imaterial da Humanidade da UNESCO. O dossier da candidatura está pronto. Foi elaborado por uma comissão especializada daquele órgão, especialmente constituído para aquele efeito. Foi entregue nas mãos da gestão socialista do Município em Novembro de 2008. Mas, desde essa altura, "não se conhece qualquer desenvolvimento no processo". "Só a inoperância do executivo Municipal justifica que, apesar da candidatura das Festas Nicolinas ter sido a primeira a criar as condições para poder ser apresentada por Portugal, tenha sido ultrapassada pela candidatura do "Fado", que à boleia das condições criadas pela candidatura das Festas Nicolinas, se apresenta agora como sendo a primeira candidatura de Portugal", lamentou André Coelho Lima.


A pretensão da elevação das Festas Nicolinas a Património da Humanidade vem de longe e despoletou mesmo, através do pedido de ratificação à Assembleia da Republica, "os procedimentos para que fosse agora possível, em Portugal, a apresentação de quaisquer candidaturas" à distinção da UNESCO, consideram os social-democratas. Porém, apesar da conquista, se adicionarmos o facto de que, nos termos da Convenção da UNESCO, cada Estado apenas poderá apresentar uma candidatura em cada triénio, tal significa que, assumida a candidatura do Fado, para o ano 2011, inviabilizará que qualquer candidatura seja possível em Portugal, pelo menos até 2014. " É muito lamentável, mas é assim" condenou Coelho Lima, acrescentando, ainda que o adjunto do presidente da Câmara de Lisboa Miguel Alves, elogiado pelo empenho em favor da candidatura do Fado, é simultaneamente líder da bancada parlamentar do PS na AM e perfeitamente conhece a pretensão Vimaranense.

"Guimarães será, em 2012, Capital Europeia da Cultura, o que, associado ao facto de ter sido a candidatura das Festas Nicolinas a permitir que possam ser formalmente apresentadas candidaturas pelo Estado Português a Património Imaterial da Humanidade, são factores que justificariam por si só, que a candidatura das Festas Nicolinas assumisse prioridade entre as candidaturas a ser apresentadas pelo Estado Português", defende o PSD, em nota remetida à imprensa. Na mesma comunicação, os social-democratas respeitam a importância do Fado, mas sustentam que as Nicolinas são de "tradição significativamente mais antigas e com origens nas raízes populares minhotas e Vimaranenses. por isso, lamentam que a "inoperância da Câmara Municipal na gestão deste processo de candidatura possa ter impedido a concretização da expectativa de ver a candidatura das Festas Nicolinas ser apreciada no ano em que Guimarães será Capital Europeia da Cultura, hipótese singular de conferir mais força à sua elevação a Património Imaterial da Humanidade".


Recorde-se que a sugestão de candidatura das Festas Nicolinas a Património Oral e Imaterial da Humanidade foi inicialmente sugerida por Lino Moreira da Silva, velho Nicolino e professor da Universidade do Minho, nomeadamente através de um artigo publicado na imprensa em Janeiro de 2005. Segundo Lino Moreira da Silva, as Nicolinas integram totalmente as exigências da UNESCO porque, entre outros aspectos, detêm uma antiguidade invejável, remontando, com parte dos elementos que lhe deram origem, a tempos medievais.

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OGalaico realça então 2 situação lamentáveis sobre esse assunto:

1º- O aproveitamento de Lisboa e a total falta de respeito e tacto do poder central para com a cidade de Guimarães. Os políticos quando vem ao Norte continuam a falar sobre a necessidade de dinamizar a região pois um Portugal forte só pode existir se o Norte estiver saudável.

No entanto, o que se verifica na prática e sempre o contrário. Quando o Norte trabalha para ter acesso a certas oportunidades que possam interessar a alguém em Lisboa, imediatamente esta aberta é redireccionada para essas sanguessugas lusitanas.

Há pouco Sócrates e Cavaco Silva vieram a Guimarães praguejar as virtudes da Capital Europeia da Cultura e o impacto que uma organização bem sucedida terá em Guimarães, no Minho e em todo o Norte do país.

No entanto, o governo que eles gerem forneceu fundos de apoio lamentáveis quando comprados a investimentos feitos em assuntos menores no Vale do Tejo e, para cúmulo, desprezam uma festividade milenar que iria ser usada como âncora deste mesmo projecto, que, segundo eles era suposto ser tão importante para a região e para o país.

Enfim, hipócritas...

2º- Um reparo também para esta guerrinha partidária nos bastidores da câmara Vimaranense que surgiu ao publico em plena época de eleições.

Eventualmente, se o PS for culpado de um certo desleixe (bem que pouco possa fazer se a capital universal lisboeta decidir privilegiar esta inoportuna candidatura do Fado, em vez de permitir promoção oportuna das festas Nicolinas visando a Capital Europeia da Cultura) na gestão desta candidatura a Património Mundial da Unesco, não menos triste é o PSD vir critica-los quando foi a gestão Socialista que trouxe a Guimarães a realização deste evento.

Se realmente o PSD estivesse mais preocupado com a Capital Europeia da Cultura e Festas Nicolinas do que com as eleições, deveriam terem-se aliados ao PS na pressão junto a Lisboa e não dividir ainda mais as entidade Vimaranenses num assunto tão importante.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Galaicofonia: Galegos de Portugal


O galego não é português, o português é que é galego!

Esta é a verdade histórica. O povo galego de origem celta ocupava o norte de Portugal e a actual Galiza espanhola. Não deveremos esquecer que Afonso Henriques era Galego e que Portugal integra parte da Galiza e territórios conquistados.

Os portugueses não inventaram o português, pelo contrário, falaram sempre galego e foi o galego que foi modificado e constitui a matriz linguística actual do português.

Entre o galego e o português existem apenas 7% de diferenças e entre o português de Portugal e o português do Brasil há menos de 3% de diferenças, com o novo acordo haverá muito menos. Para uma língua ser diferente é necessário ter cerca de 20% de diferenças, o que não é o caso do galego e do português. Por isso são a mesma língua.


O galego é português arcaico (ou melhor, o português é galego moderno), a língua que se falava no tempo dos descobrimentos. Porque Portugal teve contacto com vários povos na aventura da expansão, e sobretudo porque tinha aquilo que os galegos espanhóis não tiveram, a sua independência, puderam modificar e fazer evoluir a sua língua.

Os galegos de Espanha foram proibidos de se expressar publicamente em galego.

Hoje a Galiza luta pela recuperação da sua cultura linguística, havendo um movimento político que pretende pela lei castelhanizar o galego, existindo um outro movimento com suporte popular que defende um galego genuíno, baseado nas raízes galegas. Parte destes galegos defende que o galego é a origem arcaica do português e que o português é o galego moderno desenvolvido pelos galegos portugueses.

Porque não se pode recuperar a história que os galegos de Espanha foram impedidos de escrever, este grupo de galegos defende que os galegos devem acompanhar o português, que é galego moderno, e não o castelhano, que não é nem nunca foi galego.


Não devemos esquecer que os castelhanos dizem "iglesia", os galegos dizem "igrexa" e os portugueses dizem "igreja". Do galego para o português o som "x" evoluiu para o "j" que é mais suave. Os castelhanos dizem "universidad", os alegos "universidade" e os portugueses "universidade".

Depois há termos tão comuns em Portugal que existem também na Galiza espanhola como "xunta de freguesia", "proxecto", "associaçom", "xosé", etc. "mão" diz-se mám ou máu (e não manu..), enquanto "irmã" diz-se "irmán" ou "irmá (e não hermana), "casa" diz-se como "caça" e "gente" diz-se xente...

Diferenças na wikipédia:
o cão do meu avô é parvo. (português)
o can do meu avó é parvo. (galego popular)
o cam do meu avô é parvo. (galego na ortografia proposta Associaçom Galega da Língua)
el perro de mi abuelo es tonto. (espanhol)

Os galegos de Espanha ainda têm muitas decisões a tomar: se querem falar castelhano não precisam do galego, se querem falar português não precisam do galego, se querem falar galego arcaico e esperar pelos resultados históricos...


Para já é historicamente incontornável que o galego é a mesma língua do português medieval, e que o português actual está uns anos à frente do galego.

Veja por exemplo que afinal "Cristóvão Colombo" não era italiano, era português, no seu tempo CRISTOFÕM COLON (Pedro Diaz de Toledo referia-se a Colombo por "El Português")era oficial da marinha portuguesa do tempo dos descobrimentos, viveu em Porto Santo e casou com a filha de Bartolomeu Perestrelo... Consta que era neto de João Gonçalves Zarco, filho bastardo de D. Fernando, logo príncipe de Portugal...

Colon (do galego), e não Cólon (do castelhano)...

Para efeitos de tradução, naturalmente que o galego não pode servir de base a qualquer tradução... Contudo, nas rectificações dos arcordos ortograficos portugueses de 1986, 1990 e 2008, os galegos foram convidados a participar de forma não institucional, ou seja, funcionaram como "observadores", porque têm interesse na evolução do português e o galego está em evolução.

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vale do minho
a nova galiza

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

É um marco importante neste meio de divulgação da nossa CULTURA POPULAR...atingimos as...

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