Com o passar dos tempos, mudam-se as pessoas, mudam-se os hábitos. Com o passar do tempo, é claro, muda o Mundo.
Por vezes parece que nada pode alterar alguns aspectos culturais pois, por mais invasões de sangue e de culturas externas que aconteçam, encontramos ainda raízes antiquíssimas que, dissimuladas pela amorfa apatia do ser humano moderno, nos relembram (a nós os mais interessados) a nossa história e evolução etno-social.
Porém, ao mesmo tempo, muitíssimos outros pormenores mais ou menos relevantes se perdem para sempre.
Frequentemente, um acto comum e tido como certo, desaparece em poucas décadas sem que ninguém se preocupe ou dê realmente conta disso. Na verdade, basta uma geração nascer sem ter contacto com tal manifestação cultural, para que esta se extinga ao fim de incontáveis anos de existência.
Tal aconteceu com as Carpideiras.
Profissão antiquíssima com milénios de existência, algumas mulheres eram recrutadas para chorar os mortos dos outros. Ora em lamentos, ora em orações, ora em lágrimas. Essas eram sempre pessoas especiais. Pessoas de grande sensibilidade capazes de a demonstrar nestes momentos tão delicados. Hoje, seriam actrizes, naquele tempo utilizavam este seu talento de outra forma.
Tempos houveram, que ao nosso povo, não chegavam os seus próprios prantos. Tempos foram em que, os que podiam, davam-se ao luxo de contratar mulheres que lamentassem também a perda de uma vida que não as afectava pessoalmente.
Representaria esta mulher a metáfora do mundo? Será que os entes queridos tentavam de forma figurada por o universo inteiro a prestar uma homenagem através do choro desta mulher?
O que se sabe é que as comunidades antigas isso permitiam. A vida comunitária e os laços sociais possibilitavam que tal acto fosse aceite naturalmente pois, a perda de uma vida querida, dizia muito a todo um lugar, aldeia ou até vila.
Em Portugal, ao contrário de outros países como México ou Brasil, esta "profissão" ocasional já não existe. No entanto, em 1970, o Honrado e Santo Homem Michael Giacometti, registou uma das ultimas (se não mesmo a última) Carpideiras da nossa nação.
Por entre recusas em desenterrar do passado (por um motivo tão "fútil" como o mero registo académico) este acto tão intenso e pessoal, ficam para a memória intemporal das gerações vindouras, estas últimas imagens de uma Carpideira e seu lamento.
Por vezes parece que nada pode alterar alguns aspectos culturais pois, por mais invasões de sangue e de culturas externas que aconteçam, encontramos ainda raízes antiquíssimas que, dissimuladas pela amorfa apatia do ser humano moderno, nos relembram (a nós os mais interessados) a nossa história e evolução etno-social.
Porém, ao mesmo tempo, muitíssimos outros pormenores mais ou menos relevantes se perdem para sempre.
Frequentemente, um acto comum e tido como certo, desaparece em poucas décadas sem que ninguém se preocupe ou dê realmente conta disso. Na verdade, basta uma geração nascer sem ter contacto com tal manifestação cultural, para que esta se extinga ao fim de incontáveis anos de existência.
Tal aconteceu com as Carpideiras.
Profissão antiquíssima com milénios de existência, algumas mulheres eram recrutadas para chorar os mortos dos outros. Ora em lamentos, ora em orações, ora em lágrimas. Essas eram sempre pessoas especiais. Pessoas de grande sensibilidade capazes de a demonstrar nestes momentos tão delicados. Hoje, seriam actrizes, naquele tempo utilizavam este seu talento de outra forma.
Tempos houveram, que ao nosso povo, não chegavam os seus próprios prantos. Tempos foram em que, os que podiam, davam-se ao luxo de contratar mulheres que lamentassem também a perda de uma vida que não as afectava pessoalmente.
Representaria esta mulher a metáfora do mundo? Será que os entes queridos tentavam de forma figurada por o universo inteiro a prestar uma homenagem através do choro desta mulher?
O que se sabe é que as comunidades antigas isso permitiam. A vida comunitária e os laços sociais possibilitavam que tal acto fosse aceite naturalmente pois, a perda de uma vida querida, dizia muito a todo um lugar, aldeia ou até vila.
Em Portugal, ao contrário de outros países como México ou Brasil, esta "profissão" ocasional já não existe. No entanto, em 1970, o Honrado e Santo Homem Michael Giacometti, registou uma das ultimas (se não mesmo a última) Carpideiras da nossa nação.
Por entre recusas em desenterrar do passado (por um motivo tão "fútil" como o mero registo académico) este acto tão intenso e pessoal, ficam para a memória intemporal das gerações vindouras, estas últimas imagens de uma Carpideira e seu lamento.
"Mas como não Chorar, quando a Vida é esta, e a Dor é Paga?"