domingo, 10 de outubro de 2010

Arquitectura do passado.... Ou do futuro?

Numa era onde o betão sem alma reina em absoluto e engole, dia após dia, a beleza das nossas terras, encontramos por vezes exemplos alternativos dignos de relevo.

Numa serra do concelho de Fafe, pode-se observar como a Natureza pode ser usada para benefício do homem com impactos minimos no meio ambiente.


Escavada directamente na rocha, criou-se uma habitação de aspecto caricato apesar de não ser inovadora. Na verdade, este tipo de utilização oportuna de materiais já foi outrora comum. Desta forma, para além das mais valias económicas e ambientais, podemos também realçar o valor etnográfico que projectos deste tipo proporcionam.

As tendencias actuais que, cada vez mais, descaracterizam as nossas aldeias e vilas com a utilização de formas futuristas e materiais ridiculos, apenas trazem desperdício de dinheiro e pobreza ao território.

Uma vivenda construída segundo os moldes "de fábrica" dos nossos arquitectos, eles também produzidos em série por universidades rígidas, custa dezenas de milhares de euros e tem uma duração de vida reduzida.

Com isso quero dizer que um prédio ou uma casa nova dificilmente durará mais de 40 anos em condições óptimas. Depois disso, será um antro para colocar estratos sociais inferiores ou ficará simplesmente ao abandono não havendo sequer permissão para demolir a propriedade.

Porém, investir em materiais e construções genuinas, permite uma utilização praticamente infinita e a garantia de que o seu estilo nunca ficará ultrapassado pois, convenhamos, esta é uma parte orgânica da região onde existimos.

Obviamente, a maior parte das pessoas julgam este tipo de construções como meras brincadeiras. Porém, porque não mudar as mentalidades? Pessoalmente, opções que utilizam materiais locais, que tem impactos minimos no ambiente, quase nulos na paisagem e, além do mais, são investimentos com retorno para toda a vida, deveriam ser prioritários.

Nas escolas e frente ás televisões, os nossos engenheiros e politicos tanto falam em sutentabilidade e ordenamento porém, na hora de intervir, limitam-se a seguir o fluxo dos acontecimentos agravando dia após dia a nossa realidade territorial.

Posso ser um utopista romântico porém, parece-me que opções que só trazem vantagens, apenas não são instituidas por falta de vontade política global. O mesmo se passa por exemplo com as energias renováveis e sistemas económicos alternativos que não são aplicados por não agradarem aos donos do poder e do dinheiro...

Fonte: http://bocaberta.org/2009/09/casa-de-pedra-em-portugal.html

Video submetido por Clara

9 comentários:

El Rey Israel disse...

duvido que o governo aceite vivendas deste tipo por temas hixienicos, enerxeticos ... Vivir coma fai 100000 anos nom e futuro, e prehistoria

O Galaico disse...

Vivendas deste tipo podem ter tudo quanto as outras tem.

Luz electrica, água, reaproveitameto termico, produção solar, aquecimento central, lareira, internet, Tv etc etc.

Não sei onde é que encontra impedimentos técnicos que impossibilitem a legalização deste tipo de construções?!

Nunca julgue as coisas pela sua aparência. O facto de ser rustico nada diz acerca do que está no seu interior. Pensar assim é antiquado.

Implementar tecnologias e condições de conforto custa o mesmo numa vivenda moderna do que numa opção diferente como essa.

O seu comentário é ironico ao ponte de me fazer rir. Imagine as habitações sociais insalubres que povoam as nossas cidades "modernas" e compare-as com construções deste tipo e tudo o que elas podem ter...

Maria disse...

A casa é fantástica!!!

:)

Anónimo disse...

o futuro é precisamente este tipo e outro tipo de cosntruções informais!

vejam:
http://www.joaopaulopacheco.com/blog/2010/01/24/incredible-underground-residence-in-switzerland/

O Galaico disse...

Olá caro anónimo,

A casa que mostrou é sem dúvida fantástica.

Incrivelmente, eu mesmo já tinha pensado nesse tipo de solução sem nunca sequer ter tido a oportunidade de conhecer esse projecto.

O impacto na paisagem destas casas é infinitamente menor e em termos de manutenção e poupança de energia, então nem se fala.

A minha "visão" seria no entanto ligeiramente diferente.

Imaginei uma casa coberta por terra como uma mamoa com uma parte aberta para o exterior e, nos outros lados, janelas e captadores de luz.

Pode-se igualmente trabalhar a casa a nível de varandas e alpendres mas, o objectivo, é manter uma camada natural por cima da maior parte da estrutura.

Desta forma, obtém-se um melhor isolamento, quase nenhum impacto na paisagem e permite-se a natural utilização do espaço superior para a fauna e flora...

Enfim, quem me dera viver numa sociedade madura ao ponto de adoptar sistematicamente estes projectos..

A Respigadeira disse...

As fotografias de Feliciano Guimarães já deram a volta ao mundo. Já encontrei referências a esta casa em blogues suecos, finlandeses e noruegueses!!

A casa é absolutamente fantástica. Já estive várias vezes a observá-la e a roer-me de curiosidade em saber como é por dentro.

Neste vídeo podemos ver como é: http://ww1.rtp.pt/noticias/?headline=20&visual=9&tm=8&t=A-casa-dos-Flintstones-na-Serra-de-Fafe.rtp&article=286733

O Galaico disse...

Obrigado Clara pelo link. Vou publica-lo no corpo da mensagem!

A alcunha "Casa dos Flinstones" é que não me agrada assim tanto!

Dá a ideia que este tipo de soluções são coisas de há 5 mil anos atrás quando, na verdade, hão de ser o futuro.

A Respigadeira disse...

Se as construções emergissem de acordo com o meio envolvente e preservando sempre a Natureza, não veríamos atrocidades como, infelizmente, vemos em qualquer local.

Olha que os Flinstones viviam numa sociedade muito moderna! ;D

O Galaico disse...

Clara, é claro que os Flinstones faziam parte de uma sociedade avançada.

Repara tu que hoje andamos malucos á procura da sustentabilidade e, eles, sem se esforçar, eram-no naturalmente..