As casas de brasileiros sobressaem geralmente pelas dimensões, aparato e mau gosto: com varandas e cobertos, ás vezes torres, revestidas de azulejos de cores nítidas, distinguem-se ao mesmo tempo dos estilos tradicionais das moradias como das recentes casas de franceses retornados do ultimo surto emigratório, a partir do decénio de 60.
Quinta Vila Beatriz, Póvoa de Lanhoso
P.S: Dedicado a todos os empresários e mandantes regionais que permitiram a aniquilação da terra que seria suposto defenderem. Até Orlando Ribeiro, um dos mais famosos Geógrafos, Antropólogos e Etnógrafos Portugueses, vos tinha asco.
(...) Vem passar as férias de Verão, por e ás vezes do Natal ao lar paterno renovado ou ás casas espaventosas que a generalização do cimento e do tijolo permitem construir em algumas semanas, com arrebiques de escadas, varandas, alpendres, telhados desencontrados, ás vezes cobertos de telha preta , forrados de azulejos mais extravagantes dos que os dos brasileiros ou pintados de cores berrantes de gosto mais deplorável.
São os Senhores Engenheiros das Câmaras (título de tanto prestígio como os de médico ou «doutores de Leis») que, mediante incríveis negociatas (nunca reinou em Portugal tanta corrupção a todos os níveis), impingem projectos copiados de revistas estrangeiras, descaracterizando de tal modo a formosa arquitectura das nossas vilas e aldeias que muitos estrangeiros que nos visitam as tomam como expressão típica de Portugal; nem aldeias serranas escapam a essa calamidade.
Revista da Faculdade de Letras - Geografia
I série, Vol. III, Porto 1987, p.5 a 11
Entre-Douro-e-Minho
São os Senhores Engenheiros das Câmaras (título de tanto prestígio como os de médico ou «doutores de Leis») que, mediante incríveis negociatas (nunca reinou em Portugal tanta corrupção a todos os níveis), impingem projectos copiados de revistas estrangeiras, descaracterizando de tal modo a formosa arquitectura das nossas vilas e aldeias que muitos estrangeiros que nos visitam as tomam como expressão típica de Portugal; nem aldeias serranas escapam a essa calamidade.
Revista da Faculdade de Letras - Geografia
I série, Vol. III, Porto 1987, p.5 a 11
Entre-Douro-e-Minho
P.S: Dedicado a todos os empresários e mandantes regionais que permitiram a aniquilação da terra que seria suposto defenderem. Até Orlando Ribeiro, um dos mais famosos Geógrafos, Antropólogos e Etnógrafos Portugueses, vos tinha asco.
4 comentários:
Mas a Casa Azul (como é conhecida a casa da Quinta Vila Beatriz) é bonita, tendo sido cenário do filme Espelho Mágico de Manoel de Oliveira.
Digamos que hoje em dia, no meio da amalgama impessoal que o pré-fabricado nos impinge,esse tipo de solares nos aparece com algum tipo de distinção nobre.
Se estivéssemos no início do século XX, onde as únicas casas destas dimensões eram os paços senhoriais e as edificações religiosas, sempre em granito regional trabalhado durante dias a fio, as casas dos brasileiros surgiriam como se de um cravo no meio de um campo de margaridas se tratasse.
Ou seja, seria uma exótica manifestação de riqueza o que, para todos os efeitos, era naquele tempo um monótono e patético pedido de atenção de um plebeu novo rico.
Concordo que na época essas casas dos chamados brasileiros de torna-viagem fossem fora do comum, mas hoje parecem bem e são características de uma arquitectura valorizada. Pena que muitas delas não estejam a ser preservadas, com os actuais responsáveis dessas áreas municipais...
para mim, muitas das novas construções foram feitas devido ao aparecimento e massificação do automóvel. as pessoas deixaram de andar a pé ou cavalo e passaram a andar de carro. naturalmente tinham que ter uma casa edificada em sitios com acesso. e ao fazer uma construção moderna, logicamente buscaram imagens estoriotipadas do que era luxo mas no estrangeiro.
naturalmente, os politicos e os construtores tentaram e tentam alimentar esse tipo de estratégias de ego...
no fundo a atitude dos nosso politos é mais que sabida... encaixa perfeitamente naquele verso pimba:
e se a casa cair? deixa que caia!?
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