É interessante como se criou o mito que o cantar minhoto envolve sempre cantar muito alto e, geralmente, desafinado. (por exemplo aqui)
Apesar de achar que não é suficientemente divulgado e, na maioria das vezes, executado com qualidade aceitável, tambem acho que é descartado logo à partida pela maior parte da sociedade (especialmente a Sul do país) sem ter hipótese de se afirmar e de mostrar, muitas vezes, a beleza que contem. De uma inexistente educação musical obter coisas fabulosas como o vídeo seguinte só está, na minha humilde opinião, ao alcance de povos que nasceram para isto...
(Cantadeiras do Vale do Neiva)
"Estes coros polifónicos, já existentes no século XVI, têm-se conservado na tradição artística do Minho, mas tendem actualmente a desaparecer, sem que nem pessoas cultas nem câmaras municipais se esforcem por manter a sua conservação, mediante prémios em concurso ou em certames públicos, pela ocasião de festas, romarias ou feiras anuais."
Junho de 1929."
Apesar de achar que não é suficientemente divulgado e, na maioria das vezes, executado com qualidade aceitável, tambem acho que é descartado logo à partida pela maior parte da sociedade (especialmente a Sul do país) sem ter hipótese de se afirmar e de mostrar, muitas vezes, a beleza que contem. De uma inexistente educação musical obter coisas fabulosas como o vídeo seguinte só está, na minha humilde opinião, ao alcance de povos que nasceram para isto...
(Cantadeiras do Vale do Neiva)
"Estes coros polifónicos, já existentes no século XVI, têm-se conservado na tradição artística do Minho, mas tendem actualmente a desaparecer, sem que nem pessoas cultas nem câmaras municipais se esforcem por manter a sua conservação, mediante prémios em concurso ou em certames públicos, pela ocasião de festas, romarias ou feiras anuais."
(...)
"Claro está, pelo respeitante à execução, que há naturalmente lotes de más, de sofríveis e de boas cantadeiras; mas as qualidades mais necessárias e que mais se apreciam na execução destes coros são: afinação, sonoridade e sustentação das notas, qualidades que chegam a ser realmente perfeitas nos grupos mais adestrados. Junho de 1929."
in Cancioneiro Minhoto
Passados 80 anos, o que mudou?
Continua a não haver esforço da parte do pessoal do poder para tentar conservar estas relíquias.
Já não existem manifestações espontâneas destes cânticos...
Salva-se o trabalho de alguns grupos que, felizmente, fazem o que podem na tentativa de não deixar que estas belas tradições caiam no esquecimento...
Isto é folclore. E é belo!
Continua a não haver esforço da parte do pessoal do poder para tentar conservar estas relíquias.
Já não existem manifestações espontâneas destes cânticos...
Salva-se o trabalho de alguns grupos que, felizmente, fazem o que podem na tentativa de não deixar que estas belas tradições caiam no esquecimento...
Isto é folclore. E é belo!
8 comentários:
Infelizmente, quando se calam estas vozes, morrem as nossas almas.
Esse modo de cantar podia ter sido património imaterial da UNESCO não fosse a sabotagem da capital á candidatura que englobava Galiza e Norte de Portugal.
Para entender e gostar desse tipo de música é preciso ser-se muitíssimo mais culto do que a maioria dos snobs e intelectuais que aí andam.
Na verdade, grupos como esse nem sequer são entendidos pelas massas populares rurais que, de tão saturadas de porcaria andam, perderam toda as referências acerca da verdadeira musica regional.
Isso é belo. Isso é folclore.
Não sei se entendi a parte das "massas populares rurais", isto é, a definição de rural, gera-me alguma confusão neste aspecto. Uma coisa é parte da população (os idosos) que cresceram com este tipo de cantos e certamente lhes reconhecem a beleza e autenticidade, outra são as gerações mais recentes que, na sua maioria e por influência dos grupos folclóricos (e da tal de globalização), nunca tiveram contacto suficiente com estes coros e acabam, quase sempre, por despreza-los...
Por massas populares rurais refiro-me aos intervenientes desse tipo de manifestação. Isso porque antes como agora, o mundo rural também tinha o seu quê de fidalgos, nobres e novos ricos que nunca participavam nem sequer queriam ser associados a esta cultura.
Está agora a sair uma publicação semanal no Publico, com os filmes das recolhas do Michel Giacometti, acompanhados com textos de autores da actualidade...
Ora, sabemos nós que esse grande etnólogo, que percorreu o pais, encontrou no NOSSO MINHO, como grande riqueza etno-folclórica, nao as concertinadas e coisas mais "POP" que, a umas decadas a esta parte, sao "vendidas" como o verdadeiro folclore minhoto, mas antes disso, recolheu e estudou profundamente, tendo feito um trabalho de recolha, estudo e divulgaçao, das POLIFONIAS (sobretudo femininas), desta região.
...Cerca de 40 anos depois, quem voltou ao terreno para reencontrar essas interpretes e procurar saber acerca da existencia ou nao de vestigios e lembranças desses tempos, chegou a conclusao que a maioria ja nao recordava esses canticos nem tradiçoes e, ao reve-los, nao manifestou qualquer "pena" ou sentimento relativo a perca/fim destas preciosidades/factos folcloricos. Queriam apenas rever-se a si proprios, sitios ou outras coisas pitorescas como animais ou trajes, acerca dos factos folcloricos pouco ou nada lhes interessou...
Contra factos nao ha argumentos...valerá a pena, então, remar contra a maré ???
Quem rema por gosto não cansa,,
E depois, quem te manda fazeres o que fazes para os outros?
Fá-lo por ti pois é aquilo que tu queres.
Só estou a levantar esta questão na medida em que isso toca num dos pontos fulcrais do que para mim é a consideração ou não de um facto como Folclórico: A ACEITAÇÃO COLECTIVA de tal facto como sendo-o...
...ora se a própria população que o praticou não tem qualquer tipo de sentimento em relação à sua perca...isto deverá ser um ponto de reflexão...
...embora, com é obvio e quem conhece as minhas opiniões sobre este assunto, nada disso põe em causa a qualidade e valor musical/cultural destes canticos e coros...
Queria comentar este post, mas tenho tendência para falar demais, por isso fui faze-lo para a minha casa: http://faseberlinense.blogspot.com/2010/12/cantares-do-minho.html
Eu nasci, cresci no Minho, numa aldeia profunda. Ouvia e participava nos cânticos polifónicos, sem qualquer mestre, ao formação musical, todas as pessoas cantavam sem rivalidade, cada uma das pessoas, sabia o lugar que tinha, na hierarquia das vozes. Hoje é mais difícil, as pessoas querem que a sua voz se oiça, e por vezes criam-se atritos. Quando das sachadas os grupos de sachadoras/es, mantinham um ritual, para que os outros grupos, por vezes a muitas centenas de metros se ouvissem, só se cantava uma canção, e de seguida dava-se a vês ao outro grupo, e outro, e mais outro, até chegar a sua vez, novamente. Desculpem-me mas era lindo. Zé Gomes
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