terça-feira, 22 de março de 2011
domingo, 6 de março de 2011
Noroeste Ibérico - Anti Carnaval Brasileiro
Como todos os anos, quando se aproxima o Carnaval, reitero uma opinião pessoal que encontra eco em muita boa gente por esse país fora:
"Os Carnavais abrasileirados que se realizam por esse Portugal fora, são uma demonstração da falta de cultura dos Portugueses."
Não que tenha algo contra o Carnaval Brasileiro. Por mim, desde que esse seja feito por lá ou mesmo por cá, em regime excepcional como mostra de uma cultura diferente, tudo bem. Agora, o que não posso aceitar é a lobotomia geral que os Portugueses se auto-infligiram e que faz com que ano após ano, tenhamos de assistir a uma debandada de mulheres pouco elegantes, pálidas e a tiritar de frio em fio dental em pleno inverno Português.
Mais do que isso, um país com história milenar e incontáveis volumes de tradições recolhidas por dedicados etnógrafos, deveria ter como prioridade recriar esses mesmos hábitos. No entanto, como em tudo nesse país, opta-se pela destruição de um legado através da apatia geral de dirigentes e, acima de tudo, dos cidadãos.
Uma boa notícia tenho no entanto que destacar. É que todas essas fantochadas de mau gosto acontecem abaixo do Rio Douro. Cá por cima, apesar de haverem tentativas de pouco relevo de adaptar o degredo ultramarino ás nossas celebrações, ainda se verifica em muitas localidades as tradicionais queimas dos Judas, Arturinhos (ou o que lhe quiserem chamar) e os seus cortejos de carpideiras.
Porém, o verdadeiro Ex-Libris do carnaval Nortenho encontra-se no Nordeste de Tras os Montes. Aqui, reina ainda a Máscara Ibérica e as coloridas vestimentas ancestrais dos rapazes que as vestem. Sente-se no ar toda a áurea pagã de uma festividade de um simbolismo único
Esta manifestação cultural está em processo para se tornar também ela Património Cultural da Humanidade. Quando isso acontecer, serão 4 as distinções deste tipo apenas nesse cantinho de mundo que é o Norte de Portugal.
Quanto ás outras regiões, que continuem a fazerem-se passar por Brasileiros. Que se encham de orgulho e talvez de dinheiro com isso. Porém, cêntimos meus, nem um hão de ter e, a atenção que me prendem é apenas aquela que me leva a escrever anualmente uma achega á ignorância conjunta de um povo com pouco futuro e que está empenhado em destruir o passado.
"Os Carnavais abrasileirados que se realizam por esse Portugal fora, são uma demonstração da falta de cultura dos Portugueses."
Não que tenha algo contra o Carnaval Brasileiro. Por mim, desde que esse seja feito por lá ou mesmo por cá, em regime excepcional como mostra de uma cultura diferente, tudo bem. Agora, o que não posso aceitar é a lobotomia geral que os Portugueses se auto-infligiram e que faz com que ano após ano, tenhamos de assistir a uma debandada de mulheres pouco elegantes, pálidas e a tiritar de frio em fio dental em pleno inverno Português.
Mais do que isso, um país com história milenar e incontáveis volumes de tradições recolhidas por dedicados etnógrafos, deveria ter como prioridade recriar esses mesmos hábitos. No entanto, como em tudo nesse país, opta-se pela destruição de um legado através da apatia geral de dirigentes e, acima de tudo, dos cidadãos.
Uma boa notícia tenho no entanto que destacar. É que todas essas fantochadas de mau gosto acontecem abaixo do Rio Douro. Cá por cima, apesar de haverem tentativas de pouco relevo de adaptar o degredo ultramarino ás nossas celebrações, ainda se verifica em muitas localidades as tradicionais queimas dos Judas, Arturinhos (ou o que lhe quiserem chamar) e os seus cortejos de carpideiras.
Porém, o verdadeiro Ex-Libris do carnaval Nortenho encontra-se no Nordeste de Tras os Montes. Aqui, reina ainda a Máscara Ibérica e as coloridas vestimentas ancestrais dos rapazes que as vestem. Sente-se no ar toda a áurea pagã de uma festividade de um simbolismo único
Esta manifestação cultural está em processo para se tornar também ela Património Cultural da Humanidade. Quando isso acontecer, serão 4 as distinções deste tipo apenas nesse cantinho de mundo que é o Norte de Portugal.
Quanto ás outras regiões, que continuem a fazerem-se passar por Brasileiros. Que se encham de orgulho e talvez de dinheiro com isso. Porém, cêntimos meus, nem um hão de ter e, a atenção que me prendem é apenas aquela que me leva a escrever anualmente uma achega á ignorância conjunta de um povo com pouco futuro e que está empenhado em destruir o passado.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Morte do Tua e a Paísagem de Miguel Torga
OGalaico é um defensor incansável da paisagem. Foi um dos nossos ídolos e inspiradores, cujo nome dá por Miguel Torga, que disse um dia:
"Devo à Paisagem as Poucas Alegrias que Tive no Mundo".
Na sequência de vários Posts acerca da aniquilação da paisagem Portuguesa fomentada pelo neo-colonialismo corrupto de uma cidade estado falida, e enquanto contemplo na imprensa as notícias de como o Vale do Tua vai ser apagado do mapa para satisfazer os políticos do PS que detém as empresas ás quais foram adjudicadas as obras, deixou aqui um link com uma pequena discrição de como, ainda hoje, existem Vilarinhos dos tempos modernos.
Para os que não tem estômago ou vontade de ler as infâmias que existem das entranhas da capital, fica um pequeno enxerto do texto acima referenciado e que chega para nos por mal dispostos durante uma semana. Ao mesmo tempo, explica muito do que vai mal nesse pais:
"Já agora convém lembrar que a empreitada da barragem foi adjudicada pela EDP de António Mexia, ao consórcio Mota-Engil/Somague/FMS, cuja empresa-mestra é presidida pelo socialista Jorge Coelho, que também está a fazer o túnel do Marão e a A4."
http://br.olhares.com/vale_do_tua_foto2798651.html
Lembremos-nos o Vale do Tua é uma maravilha natural de Portugal. Lembremos-nos que Portugal, ou pelo menos os acéfalos dos seus "representantes", continuam a desbaratar publicamente noções como "sustentabilidade", "preservação", "ecologia" e afins.
Certo é que, daqui a pouco tempo, veremos no que outrora fora uma pérola para as nossas almas, um paredão de betão com 108 metros de altura e uma área inundada de 37km. Veremos, caros leitores, o assassinato do Tua consentido até pelo poder local que, como poderão constatar no artigo, foi bem subornado pela escória residente perto das margens do Tejo.
http://ferradodecabroes.blogspot.com/2009/03/de-mirandela-foz-do-tua.html
Alguns de vós poderão argumentar com as necessidades energéticas do futuro. Pois bem, a esses eu pergunto porque é que não vão esses políticos investir em parques solares no Alentejo? Porque é que não criam parques de ondas que, esses, teriam impactos quase inexistentes? Porque é que apenas se focam num modelo que trás consigo enormes consequências e cujo o país está já sobrelotado?
A única resposta que me ocorre é que as empresas dos nossos políticos são empresas do betão. São máquinas de fazer dinheiro à custa das ossadas dos nossos antepassados. Além disso, revela a insensibilidade e hipocrisia dos governantes que nos auto impingimos.
Assim, enquanto continua a devastação do património Natural da globalidade do país, deleito-me com os relatos de Miguel Torga que tão bem entendo. Levado a potenciar a minha imaginação com uma boa malga de vinho, optei por partilhar com vocês o seguinte trecho de um dos seus Diários:
"Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca me entenderam. Até os mais próximos, os mais amigos, me cravaram na hora própria um espinho envenenado no coração.
A terra, com os seus vestidos e as suas pregas, essa foi sempre generosa. É claro que nunca um panorama me interessou como gargarejo. É mesmo um favor que peço ao destino: que me poupe à degradação das habituais paneladas de prosa, a descrever de cor caminhos e florestas. As dobras, e as cores do chão onde firmo os pés, foram sempre no meu espírito coisas sagradas e íntimas como o amor.
Falar duma encosta coberta de neve sem ter a alma branca também, retratar uma folha sem tremer como ela, olhar um abismo sem fundura nos olhos, é para mim o mesmo que gostar sem língua, ou cantar sem voz. Vivo a natureza integrado nela. De tal modo, que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espectáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno. Bem sei que há gente que encontra o mesmo universo no jogo dum músculo ou na linha dum perfil. Lá está o exemplo de Miguel Angelo a demonstrá-lo.
Mas eu, não. Eu declaro aqui a estas fundas e agrestes rugas de Portugal que nunca vi nada mais puro, mais gracioso, mais belo, do que um tufo de relva que fui encontrar um dia no alto das penedias da Calcedónia, no Gerez. Roma, Paris, Florença, Beethoven, Cervantes, Shakespeare... Palavra, que não troco por tudo isso o rasgão mais humilde da tua estamenha, Mãe! "
Miguel Torga, in "Diário (1942)"
"Devo à Paisagem as Poucas Alegrias que Tive no Mundo".
Na sequência de vários Posts acerca da aniquilação da paisagem Portuguesa fomentada pelo neo-colonialismo corrupto de uma cidade estado falida, e enquanto contemplo na imprensa as notícias de como o Vale do Tua vai ser apagado do mapa para satisfazer os políticos do PS que detém as empresas ás quais foram adjudicadas as obras, deixou aqui um link com uma pequena discrição de como, ainda hoje, existem Vilarinhos dos tempos modernos.
Para os que não tem estômago ou vontade de ler as infâmias que existem das entranhas da capital, fica um pequeno enxerto do texto acima referenciado e que chega para nos por mal dispostos durante uma semana. Ao mesmo tempo, explica muito do que vai mal nesse pais:
"Já agora convém lembrar que a empreitada da barragem foi adjudicada pela EDP de António Mexia, ao consórcio Mota-Engil/Somague/FMS, cuja empresa-mestra é presidida pelo socialista Jorge Coelho, que também está a fazer o túnel do Marão e a A4."
http://br.olhares.com/vale_do_tua_foto2798651.html
Lembremos-nos o Vale do Tua é uma maravilha natural de Portugal. Lembremos-nos que Portugal, ou pelo menos os acéfalos dos seus "representantes", continuam a desbaratar publicamente noções como "sustentabilidade", "preservação", "ecologia" e afins.
Certo é que, daqui a pouco tempo, veremos no que outrora fora uma pérola para as nossas almas, um paredão de betão com 108 metros de altura e uma área inundada de 37km. Veremos, caros leitores, o assassinato do Tua consentido até pelo poder local que, como poderão constatar no artigo, foi bem subornado pela escória residente perto das margens do Tejo.
http://ferradodecabroes.blogspot.com/2009/03/de-mirandela-foz-do-tua.html
Alguns de vós poderão argumentar com as necessidades energéticas do futuro. Pois bem, a esses eu pergunto porque é que não vão esses políticos investir em parques solares no Alentejo? Porque é que não criam parques de ondas que, esses, teriam impactos quase inexistentes? Porque é que apenas se focam num modelo que trás consigo enormes consequências e cujo o país está já sobrelotado?
A única resposta que me ocorre é que as empresas dos nossos políticos são empresas do betão. São máquinas de fazer dinheiro à custa das ossadas dos nossos antepassados. Além disso, revela a insensibilidade e hipocrisia dos governantes que nos auto impingimos.
Assim, enquanto continua a devastação do património Natural da globalidade do país, deleito-me com os relatos de Miguel Torga que tão bem entendo. Levado a potenciar a minha imaginação com uma boa malga de vinho, optei por partilhar com vocês o seguinte trecho de um dos seus Diários:
"Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca me entenderam. Até os mais próximos, os mais amigos, me cravaram na hora própria um espinho envenenado no coração.
A terra, com os seus vestidos e as suas pregas, essa foi sempre generosa. É claro que nunca um panorama me interessou como gargarejo. É mesmo um favor que peço ao destino: que me poupe à degradação das habituais paneladas de prosa, a descrever de cor caminhos e florestas. As dobras, e as cores do chão onde firmo os pés, foram sempre no meu espírito coisas sagradas e íntimas como o amor.
Falar duma encosta coberta de neve sem ter a alma branca também, retratar uma folha sem tremer como ela, olhar um abismo sem fundura nos olhos, é para mim o mesmo que gostar sem língua, ou cantar sem voz. Vivo a natureza integrado nela. De tal modo, que chego a sentir-me, em certas ocasiões, pedra, orvalho, flor ou nevoeiro. Nenhum outro espectáculo me dá semelhante plenitude e cria no meu espírito um sentido tão acabado do perfeito e do eterno. Bem sei que há gente que encontra o mesmo universo no jogo dum músculo ou na linha dum perfil. Lá está o exemplo de Miguel Angelo a demonstrá-lo.
Mas eu, não. Eu declaro aqui a estas fundas e agrestes rugas de Portugal que nunca vi nada mais puro, mais gracioso, mais belo, do que um tufo de relva que fui encontrar um dia no alto das penedias da Calcedónia, no Gerez. Roma, Paris, Florença, Beethoven, Cervantes, Shakespeare... Palavra, que não troco por tudo isso o rasgão mais humilde da tua estamenha, Mãe! "
Miguel Torga, in "Diário (1942)"
Tivessem os nossos políticos uma fracção da sensibilidade de Miguel Torga, e o futuro de Portugal estaria, de facto assente na sustentabilidade. Assim, por muito que nos queiram fazer crer, o sistema que está em vigor é o capitalismo individual que apenas beneficia os fatos e gravatas que tem o poder de assinar papéis e decidir a execução final de uma nação.
Da Cultura do Milho e do Granito...
No âmbito da realização da minha dissertação de Mestrado em Arquitectura tenho visitado alguns locais onde me tem sido possível observar algumas preciosidades que "escaparam" à "calamidade" referida no post anterior...
Até quando?
(Parada-Lindoso)
(Parada-Lindoso)
(Cidadelhe-Lindoso)
(Cidadelhe-Lindoso)
(fotos de Fernando Cerqueira Barros, Fevereiro de 2011)
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