segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Uma imagem da quadra festiva...

Andei algum tempo a tentar encontrar algo que dizer sobre as festas que estamos a atravessar.

Algo que, contudo não fosse cliché e não batesse na mesma tecla. Um dia à noite tentei rebuscar na minha mente o que é que me fazia recordar esta época especial, já divina há muitos milhares de anos.

Que imagem, que cheiro que cor, que som ou que hábito representava as festividades do Equinócio de Inverno, vulgo Natal e Ano Novo. Cheguei à conclusão que uma das mais marcantes práticas que ficaram gravadas na minha memória tinha sido o jogo do "RAPA".

Desde as minhas mais antigas lembranças que me recordo deste jogo. Jogava com o meu pai e tios enquanto se esperava pela meia noite. Porém, todo o processo anterior era igualmente importante.

Antes das festas mandavam-me ir a uma quinta onde existem ainda uns enormes e antigos pinheiros mansos. Trazia um saco delas, pesadas e resinosas. Esta tradição ficou-me de tal forma memorizada que ainda sou capaz de lhes cheirar o aroma.

Durante a ceia de Natal punham-se as pinhas a aquecer perto da lareira. Em pouco tempo abriam-se e largavam os seus saborosos frutos. Com eles, podíamos então começar a rodar o Rapa apostando os pinhões.

O jogo é simples. Cada um mete um ou dois pinhões no meio da mesa e roda-se um Rapa um e cada vez. A letra D significa "Deixa". Portanto, não tira nem mete pinhões na mesa. O P refere-se ao "Põe". Logo, mete mais pinhões na mesa. O T, este quer dizer "Tira". Por isso, tira pinhões da mesa. A letra mais desejada é o R. R de Rapa e, neste caso, o jogador fica com todos os pinhões que ficaram em jogo.

A simplicidade desta pequena tradição conseguia recriar o principal objectivo do Natal: Unir a Família num convívio que por vezes torna-se raro.

Por isso, este ano comprei um Rapa numa velha loja de um centro histórico na qual já os tinha visto esquecidos numa prateleira cheia de pó.

As Pinhas, estas, já as pedi ao filho do dono da quinta. Curiosamente já não as vendem. Hoje, ninguém as quer por isso dão as com orgulho aos poucos que se lembram desta presença outrora obrigatória junto às lareiras de Natal...

2 comentários:

Elaneobrigo disse...

belos serões que se passava à lareira.

mas tudo se estragava quando se recebia as prendas.

já nãos se queria saber mais do rapa!

JMTinoco disse...

Já não ha RAPA no meu Natal!!! Mas sempre existe uma pinha resinosa a abrir no fogãoe a encher o ar com o cheiro de Natal.Prefiro-o a qualquer velinha de incenso.