quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Banhos no mítico Atlântico!

Bom, aproximamo-nos do fim de ano civil de 2008, e confesso que não dou grande valor a toda esta folia “moderna” que desperta no mais comum dos mortais.

Mas uma das tradições que mais me fascina, nesta quadra festiva, é sem dúvida os populares banhos de mar que centenas de pessoas fazem questão de ritualizar ano após ano.

Por toda a zona litoral da antiga Gallaecia (e não só) a tradição é comum. Claro que a maior parte das vezes assume unicamente um carácter lúdico e folião.

Mas desconfio que esse costume simplesmente perdeu o seu carácter original “primitivo”, mas mantendo-se com uma simbologia popular associada ao meio aquático.
No fundo, os banhos de mar, para além de uma maneira divertida de marcar esta data, significa um ritual de passagem.

Falando-vos de uma maneira breve, a água foi é continua a ser dos elementos mais simbólicos e canalizadores de energia que temos! Para os nosso antepassados galaicos a água simbolizava vida e criação mas também morte e destruição.

Para os galaicos, os meios aquáticos eram também condutores até ao outro mundo, um mundo invisível que estava interligado com o mundo real. Assumia então um carácter divino e muitas das vezes associado à renovação, iniciação e purificação! Percepção essa que foi preservada pelo Cristianismo até aos nosso dias.

Muitos rituais relacionados com os meios aquáticos são reconhecidos pelos arqueólogos e historiadores. Na sua maioria rituais de iniciação, oferendas e sacrifícios. Ao falar-vos deste tema, não posso deixar de recordar os banhos nocturnos em dias de S. Bartolomeu, nem mesmo o simples gesto de deitar uma moeda no lago do Bom Jesus do Monte, entre muitos outros!

O povo continua a sentir a presença de uma potência misteriosa na água! E assim, as tradições vão-se mantendo ano após ano!

Votos de bons banhos defensores Galaicos!

5 comentários:

O Galaico disse...

De facto, banhar-se em pleno equinócio é um hábito imensamente mais antigo e significativo do que as pessoas hoje pensam.

Quando vemos as imagens dos nordicos furarem o gelo para mergulharem ou Portugueses a enfiarem-se pelo amr bravio, existe uma cadeia tradicional milenar.

Os banhos são usados como purificação nesta data transitória como por exemplo o incenso e ervas aromáticas o são.

Tanto um como outro caso ainda são mantidos pelo cristianismo.

Elaneobrigo disse...

depois da meia noite dei por mima a assobia uma cantiga do rancho folclorico de vila verde.

mas esse foi um habito comun que me assalta por vezes me assalta.

o mais engraçado é que foi-me dito que não deveria assobiar durante a noite, pois na zona de Melgaço acredita-se que assobiar de noite é chamar as bruxas!

Elaneobrigo disse...

depois de um bons copos de vinhos torna-se complicado escrever frases com algum nexo!

O Galaico disse...

ahahahaha

Elaneobrigo disse...

"Cumprir alguns rituais dá um certo conforto psicológico. Mesmo quem não acredita em superstições, acaba muitas vezes por perpetuá-las, considerando que não custa nada e, pelo sim, pelo não, é melhor cumpri-las, não vá dar-se o caso de até funcionarem", explica o sociólogo e professor da Universidade Nova de Lisboa Moisés Espírito Santo.

Para o especialista, o peso da tradição acaba por gerar uma pressão colectiva e até alguma "coacção social" no sentido de se cumprirem estes rituais: "se toda a gente faz, por que razão não hei-de fazer também?", é a pergunta, por vezes inconsciente, que muitos se colocam.

Segundo um inquérito realizado pela Marktest em 2006, só 30 por cento dos inquiridos afirmaram não ter nenhuma superstição associada ao reveillon. Comer 12 passas nos segundos finais do último dia do ano e, por cada uma, pedir um desejo é, de longe, a tradição mais popular entre os portugueses.

"Há uma visão mágica associada a esta data, que faz com que as pessoas acreditem que tudo pode mudar de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro. Por isso, acham que a probabilidade de se cumprirem os desejos é maior se eles forem pedidos nesse momento de transição", afirma Moisés Espírito Santo.

Também por essa razão, este é, frequentemente, o momento escolhido para tomar decisões importantes e até mudar de vida: fazer dieta, deixar de fumar, passar mais tempo com a família ou casar, por exemplo, são resoluções com que muitos se comprometem para o ano que está prestes a começar.

Até porque virar a última folha do calendário é como "começar tudo de novo", mas com esperanças fortalecidas numa vida mais feliz. O conceito de renovação é, aliás, um dos mais fortemente associados a esta época, estando subjacente a quase todas as tradições da passagem de ano.

Estrear uma peça de roupa interior ou fazer a cama com lençóis nunca antes usados, que a crendice assegura trazerem boa sorte para o amor, são superstições ligadas a esta ideia de novo começo, assim como a ancestral tradição de deitar fora objectos velhos que perderam a utilidade.

Fazer barulho é igualmente um dos mais antigos, mas também mais enraizados rituais associados ao reveillon, um pouco por todo o mundo. Seja gritar, lançar foguetes ou bater em panelas, a ideia, adianta o sociólogo, "é espantar os maus espíritos, os demónios e os velhos fantasmas que possam ter atormentado ou perturbado o ano que passou".

Entre as superstições que prometem bons augúrios para o futuro, subir a uma cadeira à meia-noite é, supostamente, sinónimo de prosperidade, assim como ter uma nota no bolso ou atirar moedas ao ar, no momento em que soar a última badalada.

Numa altura de crise económica, é provável que muitos não se esqueçam de os cumprir. Até porque estes rituais da passagem de ano são como as bruxas: ninguém acredita, mas…


http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?site_lang=pt&noticia=26776