Morre o Inverno, vai-se ao seu enterro...
Exemplo de um Carnaval que apresenta ainda elementos simbólicos ancestrais:
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Memórias do um verdadeiro Carnaval...
Lembro-me de ser ainda criança, naquela fase em que a consciência começa a surgir nas nossas cabeças e nos faz estar conscientes do que nos rodeia. Quando ainda não percebemos mas já não estamos alheados do que se passa à nossa volta. Lembro-me deste Carnaval...
Recordo facilmente o que fazíamos em quanto crianças na minha aldeia quando esta ainda o era e não freguesia... Quando as tradições eram mantidas e perpetuadas através dos jovens. Não vai há muito tempo... Passariam 15 anos? Talvez nem tanto...
Assim, após a inevitável cerimónia católica, preparava-se o cortejo que iria cruzar os caminhos de terra e paralelo. Ornamentavam-se os carros de bois e os próprios animais Barrosões eram cuidadosamente tratados para que dignificassem os jugos ricamente esculpidos. Atrás destes seguiam as carrinhas onde seguiam a maioria dos participantes pois os tempos já tinham mudado.
As crianças, por entre lágrimas, eram mais ou menos forçadas a vestirem trajes litúrgicos enquanto que os mais velhos e independentes mascaravam-se da forma mais demoníaca possível. Estas ultimas, nesta altura já talvez inconscientemente, tinham o papel de afugentar os maus espíritos.
Visitavam-se as principais artérias da aldeia com alegria e alguns excessos. Ninguém se importa com isso mesmo que todos saibam quem são os mascarados. Esta é uma tarde de festa. Comida, bebida, e folia. Tudo era acompanhado por foguetes, música, risadas, comida e vinho.
Depois de toda a encenação Religiosa e Pagã, esperava-se depois pela noite onde se realizava a mais emblemática manifestação Carnavalesca de transição de estação. Esta variava sensivelmente de região para região mas existem sempre vários pontos comuns em todas elas. A presença do Velho e da sua queima são elementos omnipresentes em todos os Carnavais tradicionais.
Na minha terra, chamavam-lhe o "Arturinho" (vulgo Pai Velho), nome que davam ao Entrudo ou "Entruido". Fazia-se um boneco de palha que colocávamos num caixão pré-fabricado e simulávamos um enterro. Toda a aldeia, vestida de negro. Alguns enveredavam ainda as máscaras do outro mundo e alumiavam o caminho com velas fúnebres.
Durante este macabro cortejo, caracterizado por um misto de alegre ironia e estranha reverência, ouviam-se os choros gozões dos populares que exageravam nas lamentações desta encenação. Os gritos das mulheres soam-me agora a suplicas distantes. Como que se estivessem na altura a pedir socorro para um hábito milenar em vias de extinção.
Chegados ao local da queima, crucificava-se o boneco e atiçava-se-lhe lume. Previamente escondidas nas suas entranhas estavam morteiros de foguetes que davam uma certa espectacularidade à aniquilação da figura empalhada. Os despojos corpóreos do boneco eram deitados ao ribeiro para que desaparecerem para longe.
Por fim, ao contrário de um enterramento real, a alegria dominava as gentes de forma natural pois este ritual representa literalmente a morte do Inverno e o nascer da Primavera. Das cinzas nasce a vida e das do Inverno a da Primavera que todos ansiavam e precisavam.
Lembro-me do cheiro das fogueiras de lenha da poda no ar. Este perdurava semanas a fio e marcava sempre esta época Carnavalesca. Lembro-me do frio que sentíamos durante o cortejo e do impacto luminoso da queima do Arturinho.
Sinto saudades...
Recordo facilmente o que fazíamos em quanto crianças na minha aldeia quando esta ainda o era e não freguesia... Quando as tradições eram mantidas e perpetuadas através dos jovens. Não vai há muito tempo... Passariam 15 anos? Talvez nem tanto...
Assim, após a inevitável cerimónia católica, preparava-se o cortejo que iria cruzar os caminhos de terra e paralelo. Ornamentavam-se os carros de bois e os próprios animais Barrosões eram cuidadosamente tratados para que dignificassem os jugos ricamente esculpidos. Atrás destes seguiam as carrinhas onde seguiam a maioria dos participantes pois os tempos já tinham mudado.
As crianças, por entre lágrimas, eram mais ou menos forçadas a vestirem trajes litúrgicos enquanto que os mais velhos e independentes mascaravam-se da forma mais demoníaca possível. Estas ultimas, nesta altura já talvez inconscientemente, tinham o papel de afugentar os maus espíritos.
Visitavam-se as principais artérias da aldeia com alegria e alguns excessos. Ninguém se importa com isso mesmo que todos saibam quem são os mascarados. Esta é uma tarde de festa. Comida, bebida, e folia. Tudo era acompanhado por foguetes, música, risadas, comida e vinho.
Depois de toda a encenação Religiosa e Pagã, esperava-se depois pela noite onde se realizava a mais emblemática manifestação Carnavalesca de transição de estação. Esta variava sensivelmente de região para região mas existem sempre vários pontos comuns em todas elas. A presença do Velho e da sua queima são elementos omnipresentes em todos os Carnavais tradicionais.
Na minha terra, chamavam-lhe o "Arturinho" (vulgo Pai Velho), nome que davam ao Entrudo ou "Entruido". Fazia-se um boneco de palha que colocávamos num caixão pré-fabricado e simulávamos um enterro. Toda a aldeia, vestida de negro. Alguns enveredavam ainda as máscaras do outro mundo e alumiavam o caminho com velas fúnebres.
Durante este macabro cortejo, caracterizado por um misto de alegre ironia e estranha reverência, ouviam-se os choros gozões dos populares que exageravam nas lamentações desta encenação. Os gritos das mulheres soam-me agora a suplicas distantes. Como que se estivessem na altura a pedir socorro para um hábito milenar em vias de extinção.
Chegados ao local da queima, crucificava-se o boneco e atiçava-se-lhe lume. Previamente escondidas nas suas entranhas estavam morteiros de foguetes que davam uma certa espectacularidade à aniquilação da figura empalhada. Os despojos corpóreos do boneco eram deitados ao ribeiro para que desaparecerem para longe.
Por fim, ao contrário de um enterramento real, a alegria dominava as gentes de forma natural pois este ritual representa literalmente a morte do Inverno e o nascer da Primavera. Das cinzas nasce a vida e das do Inverno a da Primavera que todos ansiavam e precisavam.
Lembro-me do cheiro das fogueiras de lenha da poda no ar. Este perdurava semanas a fio e marcava sempre esta época Carnavalesca. Lembro-me do frio que sentíamos durante o cortejo e do impacto luminoso da queima do Arturinho.
Sinto saudades...
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
O CARNAVAL ou ENTRUDO
Está a chegar o ENTRUDO/ENTROIDO.
O Carnaval, ou ENTRUDO (entroido) tal como todas a as festas actuais (Natal, por exemplo...) está colocado no calendário de acordo com os rituais e calendários pagãos. É uma festa milenar, de tradição Pré-cristã, à qual o cristianismo associou também um ritual.
Culto associado ao fim do Inverno, às festas do Renascer da NATUREZA...
Entrudo, deriva do latim (introitus) significando "entrada" ou começo do ano, da primavera.
Está desde a Idade Media associado ao inicio da Quaresma. Um período de FESTA em que se comia carne, pois a seguir vem o jejum quaresmal. Dai herda o seu nome (CARNE + VALE = adeus à carne).
Domingo GORDO, Terça-Feira GORDA...dias de cozido e carne de porco...dias de carne antes da quarta-feira de cinzas...dias de FESTA e de LIBERDADE.
...E assim um AGRÍCOLA adeus ao INVERNO, FESTA DO RENASCER DA NATUREZA, foi-se transformando num ADEUS A CARNE e preparaçao do RECOLHIMENTO, por circunstancias RELIGIOSAS...
Falo de ENTRUDO:
Não falo do feriado actual, das brasileiras (ou portuguesas) com pouca roupa a dançar samba nas avenidas de Portugal, cheias de frio, derivado de no pais de onde esta "tradiçao" foi importada ser por esta altura alto Verão (!!!) ... mais uma deturpaçao de toda a nossa Cultura Milenar.
Não falo dos decibeis a estourar os nossos timpanos de camiões cheios de som (barulho)...
Não falo das televisoes que andam de terra em terra a ver qual teve mais gente, mais palhaçada, mais folioes, qual foi o caranaval mais portugues de portugal...(???) mentalidade de jornalista estupido que de cultura nada percebe...
FALO-VOS DO NOSSO ENTRUDO:
Do Pai Velho no Lindoso, com os seus carros e danças. E a leitura do TESTAMENTO.
http://www.gastronomias.com/cronicas/entrudo.htm
Falo-vos dos CARETOS de PODENCE e de tantos outros espalhados por essas ALDEIAS Tras-Montanas.
Falo de quadros Carnavalescos na Galiza, que são em tudo idênticas ás do lado Sul dessa Fronteira, ESTATAL, NUNCA CULTURAL. Como por exemplo os de Vilarinho (Provincia de Orense).
...é o ENTROIDO
http://caretosdepodence.no.sapo.pt/
http://www.bragancanet.pt/arte/podence.html
http://trajesdeportugal.blogspot.com/2007/09/caretos-podence-trs-os-montes.html
http://vello.vieiros.com/especial/entroido99.html
http://gl.wikipedia.org/wiki/Entroido
Este artigo de GabKoost, no Forum GALLAECIA, ajudará a compreender melhor todo este assunto:
http://www.forum-gallaecia.net/viewtopic.php?p=2945 P.S. Este artigo será complementado, caso o tempo me permita tal como desejo, se este ano for a um destes NOSSOS entrudos...e contarei o que por lá vi...
AFINAL QUE ENTRUDO/ENTROIDO QUEREMOS?
Mamasuncion - Uma Aldeia Galega!
Mais um filme-documentário onde se podem observar vários aspectos etnográficos e antropológicos desta feita da parte Norte da Galiza Histórica.
Interessante reparar nas semelhanças entre s aldeias serranas da Galiza e do Norte de Portugal. A organização dos edifícios, os materiais usados, as próprias vestimenta dos aldeões são o testemunho de uma única entidade cultural.
Interessante reparar nas semelhanças entre s aldeias serranas da Galiza e do Norte de Portugal. A organização dos edifícios, os materiais usados, as próprias vestimenta dos aldeões são o testemunho de uma única entidade cultural.
Esta é uma contribuição do mais recente contribuidor do blogue OGalaico: Fernando MC Barros.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Lenço dos Namorados
Lenço 1894
Aproxima-se o dia 14 de Fevereiro... O Dia dos Namorados. Como em (quase) todas as tradições há duas explicações. Uma ligada à Igreja e outra pagã. A versão católica, refere-se a um dos três santos de nome Valentim, que se crê ter vivido no séc III em Roma, tendo morrido em 270 ao descobrir-se que casara muitos pares em segredo depois do imperador romano Cláudio II ter proíbido o casamento entre jovens acreditando que com isso alistaria mais homens no seu exército. A versão pagã, sempre mais ligada à natureza, defende que esta data marcava o início do acasalamento entre pássaros.
Mas, explicações à parte, venho falar de uma tradição que houve pelas terras do Minho que girava à volta de um lenço que era bordado pelas moças da terra. Estes lenços, eram juramentos eternos de amor e, não raras vezes, expunham a união de duas vidas.
«Começaram por ser elemento de adorno no traje feminino. As raparigas punham-no no cós da saia, dobrado, com o bordado colorido à vista. O rapaz atrevido e paixonado, roubava-lho, em jeito de jogo e desafio. A rapariga, seduzida, cedia.
Se depois do arraial, o lenço ficasse na posse do sedutor, era sinal de partilha de sentimentos. O rapaz podia, então, partir da romaria, ufano, mostrando bem o lenço. Um troféu? Um penhor? Um tesouro? Caso contrário, ele teria de o restituir à rapariga. Sem o lenço, ela ficaria "comprometida".» "Tesouros do Artesanato Português - Texteis"
Os lenços de namorados, na sua maioria, não faziam referência ao rapaz amado. Os que o faziam, eram chamados lenços de epenho e eram bordados já depois de o rapaz e rapariga estarem 'conversados'.
«É provável que a origem dos lenços dos namorados ou lenços de pedidos esteja nos lenços senhoris dos séculos XVII-XVIII, adaptados depois pelas mulheres do povo, dando-lhes consequentemente um aspecto popular característico.
Antes de tudo, eles fazia parte integrante do trajo feminino e tinham uma função fundamentalmente decorativa. Eram lenços geralmente quadrados, de linho ou algodão, bordados segundo o gosto da bordadeira.
(...)
A moça quando estava próxima da idade de casar confeccionava o seu lenço bordado a partir de um pano de linho fino que porventura possuía ou de um lenço de algodão que adquiria na feira, dos chamados lenços da tropa.
Para realizar esta obra, a rapariga utilizava os conhecimentos que possuía sobre o ponto de cruz, adquiridos na infância, aquando da confecção do seu marcardor ou mapa.
Depois de bordado o lenço ia ter às mãos do namorado ou conversado e era em conformidade com a atitude deste de usar publicamente o lenço ou não, que se decidia o início de uma ligação amorosa.
Os lenços carregam consigo, por isso, os sentimentos amorosos de uma rapariga em idade de casar, revelados através de variados símbolos amorosos como a fidelidade, a dedicação, a amizade, etc.
Estes lenços eram originalmente em ponto de cruz, e por ser um ponto trabalhoso obrigava a bordadeira a passar durante muitas semanas e mesmo durante meses de serões na sua confecção.
Como a escassez de tempo passou a ser um facto na vida moderna, a mulher deixou de ter tempo para a confecção destes lenços, o ritmo da vida tornou-se mais intenso e a mulher teve de solucionar este problema adoptando no bordado outros pontos mais fáceis de bordar.
Com esta alteração outras se impuseram no trabalho decorativo dos lenços de namorados: o vermelho e o preto inicial vai dar origem a uma grande quantidade de outras cores, e com elas novos motivos decorativos se impuseram. Os lenços não deixaram porém de ser ainda mais expressivos, acompanhados muitas vezes de quadras de gosto popular dedicadas àquele a quem era dirigida tão grande fantasia: O Amado.» "Vila Verde Terra de Tradição - aliança artesanal"
É tancerto eu amarte
Como o lenço branco ser
Só deixarei de te amar
Cuando o lenço a cor perder
Este amore ade acabar
quando esta pomba boari
Aqui tens meu curação
E a chabe para o abrir
Num tenho mais que te dar
Nem tu mais que me pedir
As mulheres, escreviam da mesma forma que falavam... daí tamanha quantidade de "erros" que fariam chorar qualquer "regulador da língua" mas que qualquer pessoa "comum" verá uma beleza única!
Aproxima-se o dia 14 de Fevereiro... O Dia dos Namorados. Como em (quase) todas as tradições há duas explicações. Uma ligada à Igreja e outra pagã. A versão católica, refere-se a um dos três santos de nome Valentim, que se crê ter vivido no séc III em Roma, tendo morrido em 270 ao descobrir-se que casara muitos pares em segredo depois do imperador romano Cláudio II ter proíbido o casamento entre jovens acreditando que com isso alistaria mais homens no seu exército. A versão pagã, sempre mais ligada à natureza, defende que esta data marcava o início do acasalamento entre pássaros.
Mas, explicações à parte, venho falar de uma tradição que houve pelas terras do Minho que girava à volta de um lenço que era bordado pelas moças da terra. Estes lenços, eram juramentos eternos de amor e, não raras vezes, expunham a união de duas vidas.
«Começaram por ser elemento de adorno no traje feminino. As raparigas punham-no no cós da saia, dobrado, com o bordado colorido à vista. O rapaz atrevido e paixonado, roubava-lho, em jeito de jogo e desafio. A rapariga, seduzida, cedia.
Se depois do arraial, o lenço ficasse na posse do sedutor, era sinal de partilha de sentimentos. O rapaz podia, então, partir da romaria, ufano, mostrando bem o lenço. Um troféu? Um penhor? Um tesouro? Caso contrário, ele teria de o restituir à rapariga. Sem o lenço, ela ficaria "comprometida".» "Tesouros do Artesanato Português - Texteis"
Os lenços de namorados, na sua maioria, não faziam referência ao rapaz amado. Os que o faziam, eram chamados lenços de epenho e eram bordados já depois de o rapaz e rapariga estarem 'conversados'.
«É provável que a origem dos lenços dos namorados ou lenços de pedidos esteja nos lenços senhoris dos séculos XVII-XVIII, adaptados depois pelas mulheres do povo, dando-lhes consequentemente um aspecto popular característico.
Antes de tudo, eles fazia parte integrante do trajo feminino e tinham uma função fundamentalmente decorativa. Eram lenços geralmente quadrados, de linho ou algodão, bordados segundo o gosto da bordadeira.
(...)
A moça quando estava próxima da idade de casar confeccionava o seu lenço bordado a partir de um pano de linho fino que porventura possuía ou de um lenço de algodão que adquiria na feira, dos chamados lenços da tropa.
Para realizar esta obra, a rapariga utilizava os conhecimentos que possuía sobre o ponto de cruz, adquiridos na infância, aquando da confecção do seu marcardor ou mapa.
Depois de bordado o lenço ia ter às mãos do namorado ou conversado e era em conformidade com a atitude deste de usar publicamente o lenço ou não, que se decidia o início de uma ligação amorosa.
Os lenços carregam consigo, por isso, os sentimentos amorosos de uma rapariga em idade de casar, revelados através de variados símbolos amorosos como a fidelidade, a dedicação, a amizade, etc.
Estes lenços eram originalmente em ponto de cruz, e por ser um ponto trabalhoso obrigava a bordadeira a passar durante muitas semanas e mesmo durante meses de serões na sua confecção.
Como a escassez de tempo passou a ser um facto na vida moderna, a mulher deixou de ter tempo para a confecção destes lenços, o ritmo da vida tornou-se mais intenso e a mulher teve de solucionar este problema adoptando no bordado outros pontos mais fáceis de bordar.
Com esta alteração outras se impuseram no trabalho decorativo dos lenços de namorados: o vermelho e o preto inicial vai dar origem a uma grande quantidade de outras cores, e com elas novos motivos decorativos se impuseram. Os lenços não deixaram porém de ser ainda mais expressivos, acompanhados muitas vezes de quadras de gosto popular dedicadas àquele a quem era dirigida tão grande fantasia: O Amado.» "Vila Verde Terra de Tradição - aliança artesanal"
Deixo algumas quadras/versos presentes nos lenços:
É tancerto eu amarte
Como o lenço branco ser
Só deixarei de te amar
Cuando o lenço a cor perder
Este amore ade acabar
quando esta pomba boari
Aqui tens meu curação
E a chabe para o abrir
Num tenho mais que te dar
Nem tu mais que me pedir
As mulheres, escreviam da mesma forma que falavam... daí tamanha quantidade de "erros" que fariam chorar qualquer "regulador da língua" mas que qualquer pessoa "comum" verá uma beleza única!
Lenço das Sinco Xagas
Deixo um link para quem quiser souber um pouco mais sobre esta forma de arte minhota:
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Esperança para o nosso património!
Ogalaico já várias vezes se pronunciou sobre o lamentável estado das ruínas da civilização castreja.
O simples facto destas serem um recurso arqueológico com um potencial enorme tanto a nível científico como turístico-cultural deveria ser suficiente para a que acções de recuperação e musealização acontecessem naturalmente. No entanto, mesmo com a agravante destas serem as ruínas das nossas verdadeiras origens, o berço étnico e de sangue de quem são os Portugueses hoje, não parece haver demais interesse por parte das autoridades exiladas nos bunkers centralistas da nossa capital de império olisiponense.
Como já sabemos, a falta de ligação emocional centralista para com esta antiga sociedade da qual não tem visibilidade física, deve ser a causa da ignorância completa da sua importância para a história do país e o seu consequente desprezo.
Pelo menos, espero que seja este o motivo. Não gosto de me deixar enveredar pelos meandros da guerra Norte-Sul onde, segundo alguns, a negação dos símbolos do Norte é um acto planeado que visa a subjugação de todo o país ao mito Lusitano e à resultante bajulação a lisboa. No entanto, nestas coisas, cada um têm a sua opinião.
A razão deste post é porém bem diferente do que a tónica inicial do mesmo possa ter induzido aos nossos caros e fieis leitores. Hoje, publico boas notícias porque elas também merecem ser divulgadas. Hoje falaremos de algumas iniciativas de recuperação e valorização de sítios arqueológicos.
De referir no entanto que os casos citados são actos isolados de organizações privadas, autarquias locais e universidades estrangeiras. O nosso estado não costuma perder tempo com calhaus que não sejam romanos, mozárabes ou eventualmente os da Serra da Estrela onde anseiam pela descoberta de alguma pegada de Viriato.
Tem saído no Diário do Minho um interessante suplemento acerca do vasto património megalitico e da idade do ferro do concelho de Vila do Conde. Por entre a enumerção dos sítios de interesse, os relatos das invesigações já feitas e os planos para o futuro, transcrevo o seguinte excerto:
"Para mim o exemplo mais clamoroso é o caso da cultura dos castros do Noroeste Peninsular, em que temos monumentos extraordinários, e de dimensão extraordinária a nivel Europeu, completamente desconhecidos." - Paulo Pinto (Responsável pelo gabinete de aqueologia da câmara municipal de Vila do Conde) , In DN 23 de Janeiro
Esta constatação, que OGalaico frequentemente expõe pode no entanto ser combatida a nível local e regional. Tanto publicações como as do DM como as acções locais-regionais podem ajudar a inverter este estado de ignorância. De salientar o projecto da recuperação da Cividade de Bagunte por parte da câmara de Vila do Conde em cooperação com da Austin Univesity - Texas que se mostrou muitíssima interessada por a oportunidade de poder estudar um sítio pré-romano desta dimensão.
Não consigo contudo entender o porquê das nossas universidades não fazerem absolutamente nada com as centenas e centenas de ruínas por escavar. Não faz sentido. Se o fazem, fazem muito pouco e sem impacto. De facto, de vez enquanto, vejo em Briteiros grupos de jovens a fazer medições a ruas que já foram medidas dezenas de vezes e estudar a sauna que já o foi outras tantas. Ou seja, completamente inconsequente.
Portanto, no suplemento do DM de 30 de Janeiro estão expostos os projectos de cooperação internacional e prometida a futura musealização de mais uma antiga fortificação castreja. Os responsáveis pela investigação tem fortes esperanças quanto às escavações, o regime de voluntariado vai entrar em vigor e teremos mais um castro pronto a ligar à Rede de Castros do Noroeste Peninsular. Um organismo que promete ser uma mais valia muito interessante a nível turístico.
Subindo um pouco mais a Norte, deixando o Douro Litoral e entrando no Minho sem contudo sair da bacia do Vale do Ave, chegamos a Guimarães. Uma cidade especial por muitos motivos mas, aqui para nós, principalmente por ser a que mais divulga a cultura Catreja.
Graças a um Martins Sarmento auto-didacta genial (apesar de algumas das suas teorias e conclusões não fazerem sentido à luz do que sabemos hoje), nasceu uma sociedade que envereda o seu nome e continua a sua obra. Tendo por jóia a Citânia de Briteiros, por ventura e para mim, o sítio mais especial de todo o Noroeste, devido à brutal dimensão da cidade e à quantidade enorme de achados, a sociedade desenvolveu à volta dela toda a sua máquina. Não poderia ser de outra forma.
No entanto, o que já contestei noutras ocasiões foi o completo abandono do Castro de Sabroso na vizinha freguesia de São Lourenço de Sande. Situado a poucos metros de Briteiros, este local foi ium paradigma de valor incontesavel para Sarmento. O facto de não ter sido romanizado, apresentar vastos restos á superficie, ornamentos nos edifícios (destaque para a casa reconstituída no museu da sociedade) e uma muralha titânica, fazem destas ruínas um elemento fundamental no complexo cultural de Briteiros.
Incompreensivelmente, este ficou anos a fio completamente a monte, nas próximidades de uma lixeira, sujeito a vandalismos constantes entre outras situações pouco dignificantes. De realçar o facto de estar publicitado em roteiros turísticos da região e devidamente indicado na estrada o que já potenciou visitas ao local bastante incómodas devido ao triste espectáculo que se pode observar.
Aqui está uma reportagem do completo estado de degradação do castro de Sabroso que, felizmente, vai ser recuperado, musealizado e ligado a Briteiros como já devia de estar hà muito.
Assim, apesar de todo desleixe do mundo, verificam-se passos importantes para a recuperação do nosso património. Fico feliz que os poderes locais e os privados estejam pouco a pouco a fazer o que lhes compete porém, muito há ainda para fazer. Desde educar as populações do Norte acerca desta nossa cultura castreja até estudar e recuperar mais e mais sítios. Sabemos bem que estes são tantos que os custos de manutenção seriam um disparate mas pelo menos não deveriam permitir que se deixem poir explorar ou se destruam os mesmos sem os estudar.
1958:
2008:
Só por causa deste assunto, venha a regionalização. Que se permita às regiões dedicar tempo e dinheiro no seu património em vez de ficarem maneatadas devido às opções e prioridades de lisboa.
O simples facto destas serem um recurso arqueológico com um potencial enorme tanto a nível científico como turístico-cultural deveria ser suficiente para a que acções de recuperação e musealização acontecessem naturalmente. No entanto, mesmo com a agravante destas serem as ruínas das nossas verdadeiras origens, o berço étnico e de sangue de quem são os Portugueses hoje, não parece haver demais interesse por parte das autoridades exiladas nos bunkers centralistas da nossa capital de império olisiponense.
Como já sabemos, a falta de ligação emocional centralista para com esta antiga sociedade da qual não tem visibilidade física, deve ser a causa da ignorância completa da sua importância para a história do país e o seu consequente desprezo.
Pelo menos, espero que seja este o motivo. Não gosto de me deixar enveredar pelos meandros da guerra Norte-Sul onde, segundo alguns, a negação dos símbolos do Norte é um acto planeado que visa a subjugação de todo o país ao mito Lusitano e à resultante bajulação a lisboa. No entanto, nestas coisas, cada um têm a sua opinião.
A razão deste post é porém bem diferente do que a tónica inicial do mesmo possa ter induzido aos nossos caros e fieis leitores. Hoje, publico boas notícias porque elas também merecem ser divulgadas. Hoje falaremos de algumas iniciativas de recuperação e valorização de sítios arqueológicos.
De referir no entanto que os casos citados são actos isolados de organizações privadas, autarquias locais e universidades estrangeiras. O nosso estado não costuma perder tempo com calhaus que não sejam romanos, mozárabes ou eventualmente os da Serra da Estrela onde anseiam pela descoberta de alguma pegada de Viriato.
Tem saído no Diário do Minho um interessante suplemento acerca do vasto património megalitico e da idade do ferro do concelho de Vila do Conde. Por entre a enumerção dos sítios de interesse, os relatos das invesigações já feitas e os planos para o futuro, transcrevo o seguinte excerto:
"Para mim o exemplo mais clamoroso é o caso da cultura dos castros do Noroeste Peninsular, em que temos monumentos extraordinários, e de dimensão extraordinária a nivel Europeu, completamente desconhecidos." - Paulo Pinto (Responsável pelo gabinete de aqueologia da câmara municipal de Vila do Conde) , In DN 23 de Janeiro
Esta constatação, que OGalaico frequentemente expõe pode no entanto ser combatida a nível local e regional. Tanto publicações como as do DM como as acções locais-regionais podem ajudar a inverter este estado de ignorância. De salientar o projecto da recuperação da Cividade de Bagunte por parte da câmara de Vila do Conde em cooperação com da Austin Univesity - Texas que se mostrou muitíssima interessada por a oportunidade de poder estudar um sítio pré-romano desta dimensão.
Não consigo contudo entender o porquê das nossas universidades não fazerem absolutamente nada com as centenas e centenas de ruínas por escavar. Não faz sentido. Se o fazem, fazem muito pouco e sem impacto. De facto, de vez enquanto, vejo em Briteiros grupos de jovens a fazer medições a ruas que já foram medidas dezenas de vezes e estudar a sauna que já o foi outras tantas. Ou seja, completamente inconsequente.
Portanto, no suplemento do DM de 30 de Janeiro estão expostos os projectos de cooperação internacional e prometida a futura musealização de mais uma antiga fortificação castreja. Os responsáveis pela investigação tem fortes esperanças quanto às escavações, o regime de voluntariado vai entrar em vigor e teremos mais um castro pronto a ligar à Rede de Castros do Noroeste Peninsular. Um organismo que promete ser uma mais valia muito interessante a nível turístico.
Subindo um pouco mais a Norte, deixando o Douro Litoral e entrando no Minho sem contudo sair da bacia do Vale do Ave, chegamos a Guimarães. Uma cidade especial por muitos motivos mas, aqui para nós, principalmente por ser a que mais divulga a cultura Catreja.
Graças a um Martins Sarmento auto-didacta genial (apesar de algumas das suas teorias e conclusões não fazerem sentido à luz do que sabemos hoje), nasceu uma sociedade que envereda o seu nome e continua a sua obra. Tendo por jóia a Citânia de Briteiros, por ventura e para mim, o sítio mais especial de todo o Noroeste, devido à brutal dimensão da cidade e à quantidade enorme de achados, a sociedade desenvolveu à volta dela toda a sua máquina. Não poderia ser de outra forma.
No entanto, o que já contestei noutras ocasiões foi o completo abandono do Castro de Sabroso na vizinha freguesia de São Lourenço de Sande. Situado a poucos metros de Briteiros, este local foi ium paradigma de valor incontesavel para Sarmento. O facto de não ter sido romanizado, apresentar vastos restos á superficie, ornamentos nos edifícios (destaque para a casa reconstituída no museu da sociedade) e uma muralha titânica, fazem destas ruínas um elemento fundamental no complexo cultural de Briteiros.
Incompreensivelmente, este ficou anos a fio completamente a monte, nas próximidades de uma lixeira, sujeito a vandalismos constantes entre outras situações pouco dignificantes. De realçar o facto de estar publicitado em roteiros turísticos da região e devidamente indicado na estrada o que já potenciou visitas ao local bastante incómodas devido ao triste espectáculo que se pode observar.
Aqui está uma reportagem do completo estado de degradação do castro de Sabroso que, felizmente, vai ser recuperado, musealizado e ligado a Briteiros como já devia de estar hà muito.
Assim, apesar de todo desleixe do mundo, verificam-se passos importantes para a recuperação do nosso património. Fico feliz que os poderes locais e os privados estejam pouco a pouco a fazer o que lhes compete porém, muito há ainda para fazer. Desde educar as populações do Norte acerca desta nossa cultura castreja até estudar e recuperar mais e mais sítios. Sabemos bem que estes são tantos que os custos de manutenção seriam um disparate mas pelo menos não deveriam permitir que se deixem poir explorar ou se destruam os mesmos sem os estudar.
1958:
2008:
Só por causa deste assunto, venha a regionalização. Que se permita às regiões dedicar tempo e dinheiro no seu património em vez de ficarem maneatadas devido às opções e prioridades de lisboa.
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