Bastou uma decisão arbitrária para que uma civilização adoptá-se, à luz de falsos pressupostos, este dia como o inicio de um novo ano.
Por decreto de Júlio César em 46 AC, dedicou-se a Jano (daí Janeiro) o Deus dos portões e Deus com 2 faces, este marco temporal que viria a ser, por influencia cultural do velho continente, o momento associado por grande parte do planeta como o dia dos mais exuberantes festejos.
Hoje, mesmo os países e culturas que não respeitam esta imposição, vêem-se envolvidos na mesma nestes festejos despropositados e completamente desajustados. A verdade é que pouco podemos fazer para os evitar e nem sequer o devemos. De facto, desta forma, temos um dia em que grande parte do Mundo se une numa celebração. E isso é louvável e talvez até mais importante do que o que a primeira observação pode sugerir.
No entanto, se pesquisarmos as nossas origens podemos definir vários outros dias que podem ter muito mais validade no que toca a celebrações de transição anual.
Uma delas, é a seguinte:
Como muitos sabem, o nome da Galiza e dos Galegos de ambas as margens do rio Minho teve origem na cidade do Porto:
"Em quanto à etimologia, a teoria mais consolidada (de Higino Martins, 1990) indica que Galiza procede da raiz indo-europea kala (‘refúgio, abrigo'), que passou às línguas gaélicas como gall (mãe, terra). Esta teoria é aliás coerente com as que vinculam o étimo à Deusa Mãe dos celtas, Cal-Leach, como ao radical já latinizado Cale, de cuja análise se identificam os significados de pedra', ‘ ‘rocha' ou ‘duro' em coerência com a orografia granítica sobre a quais se assentavam estes clãs."
"Para o historiador português Fuco O'Sores, os celtas do Douro seriam os cal-leic-us, isto é, os ‘filhos da deusa Cal-Léac', cuja referência se encontrou numa inscrição na forma de calaic ia no lugar da Sobreira, perto do Porto"
Assim, e como era costume fequente dos Romanos atribuir ao povos conquistados os nomes dos seus Deuses, obtemos Cal-Leach como a padroeira da nação Galaica. Neste caso em duplo sentido pois se fomos baptizados com o seu nome, o próprio significado dele diz tudo: Callaicos - Filhos da Terra Mãe!
Ora bem. Tendo em conta esta já usada explicação etimológica, podemos concluir que o nosso ano novo deverá ser o dia do nascimento de Cal-Leach da mesma forma que o Natal e o nascimento de Jesus está intimamente ligado ao fim de ano cristão.
No caso de Ca-Leach, a época a que se refere demonstra uma óbvia ligação ao Outono que, acabando, marca o término da época das colheitas. A natureza, agora, recolhe-se dando origem a um novo ciclo, um novo ano, à infância mais primitiva da natureza no seu estado virgem e inicial...
Pesquisando sobre a Deusa Mãe do panteão Céltico surgiu a seguinte indicação:
"
Déesse celtique (de l'Irlande) représentée comme une vieille sorcière. On dit qu'elle se transforme en pierre tous les 30 avril (Beltine) pour renaître chaque 31 octobre (Samhain).
Autre nom : Cailleach Bheur. "
E então fácil concluir que o dia de "Halloween" (31 de Outubro), esta popularizada e comercializada festividade pagã, onde a imagem da "vieille sorcière"(Velha Bruxa) é o seu ìcone mais representativo, é para os Galegos de todo o mundo a verdadeira festa étnica de fim de ano.
No próximo dia 31 de Outubro, percam uns minutos a reflectir sobre isso. Sobre esta velha Dinvindade há muito esquecida do povo. Uma Deusa que nos deu o nome e que é celebrada inconscientemente por milhões de pessoas bem que quase sempre não tem razão para tal.
Nòs Galegos, pelo contrário, temos uma razão muito forte para o fazer. No dia de Venus que se apróxima festejem então da forma que quiserem (desde que o façam) o dia da nossa padroeira que é nossa madrinha de "Baptismo" espiritual!
7 comentários:
Galaico,
Muito interessante este teu post.
A festa das colheitas que sempre se celebrou no Norte do País, era o fim de um ano de trabaho e produção da Mãe Terra e o preparar da terra para o ano que se renova.
Armazenava-se o produto das colheitas, fazia- se o vinho, colhia-se a fruta e preparavam-se as compotas. Matava-se o porco e preparava-se o fumeiro.
São tudo memórias hoje.
Mas devem ser transmitidas.
Um grande beijo.
muitos parabéns pelo blog que está muito bom.
não sou galaico, mas admiro muito a gallaecia e as suas gentes.
sou ateu, mas prefiro mil vezes o paganismo do que a aberração judaico-cristã...
viva a gallaecia !!!!
Este ano eu fiz apenas um jantarzinho para duas pessoas. ;)
Duas miudas vestidas de bruxinhas vieram bater à minha porta. Ficaram surpreendidas com as minhas abóboras, mas a cara delas quando viram os biscoitos caseiros que eu lhes estava a dar... hum, o ar de contentamento das miúdas é uma daquelas imagens que ficará para sempre na minha mente. :) Deixaram-me a pensar se iriam comer algum gingerbread man... :)
Só outra coisa, Samhain ainda não acabou... é só o principio. :))
Feliz Ano Novo!
Obrigado pela visita Lola. Mas olha que as colheitas, o vinho, as compotas e a matança do Porco ainda acontecem frequentemente até em certas zonas onde não distinguimos se ainda é a ruralidade que predomina ou a urbanização. O mundo desenvolveu-se mais rapidamente que as pessoas. Apesar de não o fazerem com o espírito de antigamente ainda o fazem... No fundo é o que conta...
Ariano. Obrigado pela visita. Volta sempre. PS. De facto o paganismo é bem mais interessante, justo e lógico do que a religião que manipulou durante séculos a maioria do mundo ocidental.
Maria. Imagino as crianças a entrarem em tua casa. Deve ter sido deveras engraçado. Mas olha que pessoalmente não gosto muito desta aculturação que estamos a sofrer via USA que popularizou o dia 31 de Outubro... Não tínhamos nós as nossas tradições para além das referentes ao catolicismo?? E um caso a pesquisar..
Parabens por um magnifico blog, Galaico!!!
Nós somos uns quantos galaicos do norte do Minho: desde o Golfo Ártabro passando por Compostela, até o Val Minhor, temos engadido ao nosso blog os teus posts recentes em forma de "feed".
A tradiçom do Sanmain está em pleno resurgimento. Há colectivos que trabalham pola sua recuperaçom, com certo sucesso. Ainda há gente da nossa geraçom que lembra aventuras nas aldeias galegas,
A Zona Velha: post Halloween
Aquí, nos EEUU, onde agora moro temporalmente, o Sanmain (ou Halloween) já perdeu gram parte da súa eséncia, e a suas origens som manipuladas e esquecidas.
Obrigado pelo comentário 0'chini! Volta sempre e participa quando quiseres!
eu celebrei da melhor maneira.. tirei férias!
que Cailleach nos abençoe!
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