Foi considerada como uma “obra excepcional” pelo comité, afinal trata-se nada mais, nada menos que o mais antigo farol no activo em todo o mundo.
Atribui-se a sua construção aos romanos, embora haja autores que apontam para o facto de já haver no mesmo local um farol antes da chegada dos romanos ao norte da Galiza.
Na base da torre está a inscrição MARTI AUG.SACR C.SEVIVUS LUPUS ARCHTECTUS AEMINIENSIS LVSITANVS.EX.VO. que indica como arquitecto um tal de Gaio Sévio Lupo, natural de Aeminia (actual Coimbra) que a construiu em comprimento de uma promessa a Marte deus da guerra.
No entanto existem várias lendas sobre a sua possível origem. Uma delas conta que Hécules chegou de barco às costas da Gallaecia e no lugar que se encontra hoje a torre enterrou a cabeça do gigante Gerión, depois de o vencer em combate.
Gerión, rei de Brigantium (actual Corunha), era um tirano que espalhava o terror com sua governação. Um dia decidiu-se pedir ajuda a Hécules. Este derrotou o rei e fez levantar a Torre de Hércules!
Outra lenda muito difundida é a lenda de origem irlandesa constante no famoso Livro das Invasões da Irlanda que aponta Breogam, líder do mítico Povo Milesiano que colonizou a Irlanda, como o construtor da torre de um alta torre. E que de acordo com a mesma lenda, Ith, filho de Breogam, teria avistado a Irlanda pela primeira vez do alto da mítica Torre de Breogam. Para compreender melhor consultem um antigo post de ogalaico.
No entanto o nome oficial deste magnífico monumento está relacionado com o deus e herói da antiguidade – Hércules.
Carlos Brochados de Almeida diz-nos que apesar do diminuto número de achados arqueológicos, o culto a Hércules é uma realidade no Noroeste Peninsular.
Para além do farol romano da Torre de Hércules existe ainda a referencia a este herói num Ara Votiva encontrada no Castelo de Lindoso, mas provavelmente originária da povoação castreja romanizada de Cidadelhe, onde consta a seguinte inscrição: HERCVLE com nexos em HE e VE, não se conseguindo detectar mais texto devido ao desgaste da pedra.
Existe também uma outra ara originária de Guimarães e uma estatueta em bronze encontrada em Santa Tegra, representando o herói, barbado e nu, com diadema na cabeça e na mão esquerda os três pomos de ouro da lenda das Hespérides.
Fora das zonas castrejas, as inscrições dedicadas a Hércules são mais de duas dezenas, concentradas na Lusitânia e na Bética.
Tal como Marte, muito venerado entre os povos do Norte, também Hércules é uma divindade ligada à causa bélica. Mas no geral o culto a Hércules difundido entre os romanos e pelos romanos está intimamente ligado a duas funções: a guerreira e a protectora. Funções essas intimamente ligadas com a própria Torre de Hércules.
As razões para o fácil acolhimento do culto a Marte e Hércules entre os povos castrejos do Noroeste Peninsular, explica-se pelo facto de o pugilato, a corrida, a escaramuça e o combate serem qualidade que determinavam o valor pessoal de um Galaico, qualidades aliás comum às demais sociedades indo-europeias.