domingo, 28 de junho de 2009

Torre de Hercules!

Ontem se fez história na comunidade galaica. Torre de Hércules na Corunha – Galiza classificada como Património da Humanidade.

Foi considerada como uma “obra excepcional” pelo comité, afinal trata-se nada mais, nada menos que o mais antigo farol no activo em todo o mundo.


Atribui-se a sua construção aos romanos, embora haja autores que apontam para o facto de já haver no mesmo local um farol antes da chegada dos romanos ao norte da Galiza.

Na base da torre está a inscrição MARTI AUG.SACR C.SEVIVUS LUPUS ARCHTECTUS AEMINIENSIS LVSITANVS.EX.VO. que indica como arquitecto um tal de Gaio Sévio Lupo, natural de Aeminia (actual Coimbra) que a construiu em comprimento de uma promessa a Marte deus da guerra.


No entanto existem várias lendas sobre a sua possível origem. Uma delas conta que Hécules chegou de barco às costas da Gallaecia e no lugar que se encontra hoje a torre enterrou a cabeça do gigante Gerión, depois de o vencer em combate.

Gerión, rei de Brigantium (actual Corunha), era um tirano que espalhava o terror com sua governação. Um dia decidiu-se pedir ajuda a Hécules. Este derrotou o rei e fez levantar a Torre de Hércules!


Outra lenda muito difundida é a lenda de origem irlandesa constante no famoso Livro das Invasões da Irlanda que aponta Breogam, líder do mítico Povo Milesiano que colonizou a Irlanda, como o construtor da torre de um alta torre. E que de acordo com a mesma lenda, Ith, filho de Breogam, teria avistado a Irlanda pela primeira vez do alto da mítica Torre de Breogam. Para compreender melhor consultem um antigo post de ogalaico.

No entanto o nome oficial deste magnífico monumento está relacionado com o deus e herói da antiguidade – Hércules.

Carlos Brochados de Almeida diz-nos que apesar do diminuto número de achados arqueológicos, o culto a Hércules é uma realidade no Noroeste Peninsular.

Para além do farol romano da Torre de Hércules existe ainda a referencia a este herói num Ara Votiva encontrada no Castelo de Lindoso, mas provavelmente originária da povoação castreja romanizada de Cidadelhe, onde consta a seguinte inscrição: HERCVLE com nexos em HE e VE, não se conseguindo detectar mais texto devido ao desgaste da pedra.

Existe também uma outra ara originária de Guimarães e uma estatueta em bronze encontrada em Santa Tegra, representando o herói, barbado e nu, com diadema na cabeça e na mão esquerda os três pomos de ouro da lenda das Hespérides.

Fora das zonas castrejas, as inscrições dedicadas a Hércules são mais de duas dezenas, concentradas na Lusitânia e na Bética.

Tal como Marte, muito venerado entre os povos do Norte, também Hércules é uma divindade ligada à causa bélica. Mas no geral o culto a Hércules difundido entre os romanos e pelos romanos está intimamente ligado a duas funções: a guerreira e a protectora. Funções essas intimamente ligadas com a própria Torre de Hércules.


As razões para o fácil acolhimento do culto a Marte e Hércules entre os povos castrejos do Noroeste Peninsular, explica-se pelo facto de o pugilato, a corrida, a escaramuça e o combate serem qualidade que determinavam o valor pessoal de um Galaico, qualidades aliás comum às demais sociedades indo-europeias.

5 comentários:

Amil C disse...

Primeiro de todo, e umha boa ocassiom para parabenizar-nos tod@s, pois temos no terrunho um novo motivo de orgulho no reconhecemento internacional da nossa cultura, a vez que umha garantia de conservaçom para o monumento.

Na minha vissom, Marte ou Hercules som apenas nomes romanos para os primitivos deuses galaicos, com o fim de que foram assimilabeis para os indigenas do NO iberico.
Com certeça o farol e muito anterior a chegada de Roma a Gallaecia (como a muralha do castro de Lugh).

Nom ha moito lim umha teoria muito interessante que interelacionaba as guerras galaico-romanas, o farol dos Brigantes, e a "consquista" de Irlanda:
Depois de os galaicos reunir o mais grande exercito que nunca se vira (com homes e mulheres das tres confederaçons: Artabros, Grovios e Austures)e do desastre acontecido no Medulio (di a lenda que la 100.000 galaic@s se derom morte tras caer no cerco romano para evitar a sua escravitude), alguns dos que lograrom fugir da horribel batalha refugiarom-se nas montanhas dos Ancares (na altura montanha selvagem de dificilissimo acceso), mas a mais grande parte deles ofrecerom ressistencia como valentes ate chegar a Brigantia (hoje A Corunha).
Forom estes refugiados de guerra, os mais grandes heroes e notabeis, os ultimos galegos livres, os que reunidos a beira do farol (aqui entra em jogo tamem o mito do Lebor Gabala irlandes, no que o farol existe em essa altura) decidirom botar-se ao mar, e forom estes os que depois de moitos trabalhos e marinheiria de cabotagem chegarom a Irlanda, fazendo daquela terra a sua propria.

Amil C disse...

Perdoe-me umha pequenissima correiçom... "Santa Tecla" e como lhe chamam os espanhois ao galego local de Santa Tegra.

Ana disse...

Como me entusiasmei com e leitura.
Obrigada,bjinho

Elaneobrigo disse...

é verdade sr. amil couto, a comunidade galaica está mais uma vez de parabens..

e agradecido pelo seu magnifico comentário...

é uma verdade que os romanos adoptaram deuses galaicos assim como os galaicos adoptaram deuses romanos... temos prova disso mesmo com o actual cristianismo por exemplo.


quanto a santa tegra é uma correcção que já emendei... os autores portugueses em que me baseei geralmente usam a maneira espanhola para se referir ao local... e eu não estava suficientemente atento... perdoem-me os camaradas galegos.

camarada Ana. são comentário como os seus que nos dão animo para continuar com este cantinho..

ala arriba galaicos

Castela (Portugal Notável) disse...

Um óptimo artigo. Faço votos de um bom ano de 2010.
Cidadelhe que fala é de Mesão Frio ou a da Beira Interior no concelho de Pinhel?