Disse-me o meu tio Ginho:
"Naquele tempo!! As noites eram escuras como breu e nós éramos pessoas simples. Sabíamos lá bem o que se passava! Mas às vezes aconteciam coisas que nem sequer hoje sei explicar"
"Uma vez, ia com o meu tio com um carro de bois ali em real... Tu sabes onde é, ao pé daquela poça quem vai para o lugar da Boavista!"
- Onde há lá um moinho velho em ruínas?
"Isso mesmo! Foi mesmo ali! Muitos dos antigos diziam que apareciam lá coisas... O diabo ou sei lá.. Eu era miúdo e, claro, assustava-me. Mas naquela noite eu nem estava sozinho.. E olha que foi um susto que nunca mais."
"A passar ali pelo moinho os bois, que por acaso até eram vacas, estacaram. A noite era de verão e o tempo ia seco e, por isso, o moinho nem trabalhava. Aquilo ali só mesmo no inverno é que o lavrador lá ia."
"Ora bem. As vacas, quando demos por ela, pararam e ficaram como estátuas. Nem se mexiam! Tinham só os rabos dependurados no ar como fazem quando ficam em sentido! Nos batíamos-lhes, puxávamos-as, e elas NADA!"
"O meu tio disse-me: Ginho, tem calma, não te mexas que isso não é normal!"
"De repente, não é que ouvimos o moinho a trabalhar?!: rolrolrolrolrol..."
"Mas nem água havia no ribeiro! Como é que o moinho podia andar ao redor? O pá... Neste momento, até o tio começou a ficar assustado. E de repente as vacas começaram a fugir assustadas para a nossa beira... Mas cheias de medo!! mas a fugir de quê?! Sei lá bem do quê!!"
"Aquilo é que foi galgar! Nunca soube o que se tinha lá passado... Mas muitos diziam que ali ao pé do moinho de real aparecia la coisa e a mim olha.. Parece que me tocou alguma!"
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