terça-feira, 20 de maio de 2008

A Pátria honrae que a Pátria vos contempla!

Estranho titulo para apresentação, que já tarda...

Afinal não basta só aparecer o nome como colaborador, convém produzir e dizer algo que valha a pena ler (que é a parte mais complicada!).

Já se falou por aqui que o salvador desta nossa cultura terá de ser o Alto Minho... (não terá sido bem isto, mas alterar o sentido das expressões é um dos meus passatempos!).

Falando mais sério... Culturamente e refiro-me às associações que lutam para manter vivas as tradições das terras do Alto Minho (os Grupos Folclóricos) existe um certo bairrismo, explicado talvez pelo atraso que já se falou aqui, que faz com que o movimento não avance mais... que esteja estagnado, preso em guerrilhas sem sentido em que uma é a "Rainha do Folclore", outra o "Berço do Folclore" e outras séries de titulos sobre uma «coisa» que afinal sempre existe em todo o lado e em todos os tempos...

Esta desunião partida de uma ignorância que parece não ter fim leva-nos a contar uma história que não é verdade... afinal o que mostram eles do que é ser minhoto? Se já pronúnciam os v's em detrimento dos b's? Se dançam modas inspiradas em danças de discotecas africanas?! Cada dia que passa estes embaixadores do Folclore estão menos minhotos e mais globalizados... Onde pára a nossa cultura?

Para nos salvar-mos é preciso ter orgulho no que temos e somos, não reescrever a história ao nosso bel prazer... Honrar a Pátria é mostrá-la como ela é ou já foi ao mundo...!

Termino por aqui, sem me querer alongar muito neste primeiro post. Não quero passar a ideia que tudo é mau. Não é. Mas algo precisamos de fazer para salvar esta nossa identidade.

Aqui fica um mau exemplo...

(A partir do minuto 2:55 ainda fica mais minhoto...)

Inté!

8 comentários:

O Galaico disse...

Parabéns pela 1ª colaboração!

E verdade que guerrilhas pessoais e a vontade de mostrar que "eu sou mais eu do que tu és tu" tem vindo a encravar o belo e valioso mundo do Folclore Minhoto.

Para que o Alto-Minho se afirme como a representação máxima da região MINHO terá absolutamente que ultrapassar esta fase menos boa.

Menos boa porque o folclore hoje é negócio. E onde há negócio há interesse. Nos nossos dias há interesse e portanto muitos disputam esta atenção.

Quando o folclore era uma coisa de pessoas simples não haviam estes problemas. As pessoas valiam pelo que eram. Hoje valem pela a hipocrisia e descaramento de representarem o que QUERIAM SER.

Noto um ressurgimento no folclore. Novas pessoas com mais educação e formação que os habilita a distinguir o correcto da adulteração. Pessoas que dão o valor ao folclore porque este o tem e não porque o querem vender!

Como tudo neste país, o futuro esta nas mãos dos menores de 30 anos e sei que pior e mais fundo não podemos cair.

Sorriam portanto!

Anónimo disse...

Ao ler o teu texto não pude deixar de escrever algumas palavras referentes à forma como a preservação da cultura, nomeadamente a minhota, tem vindo a ser feita ao longo dos tempos. Devo salientar que existe um certo gosto particular por aquilo que ressalta à vista no que diz respeito à componente ligada ao espectáculo, existindo por vezes um certo adulterar daquilo que seria autêntico, porque, talvez, não seja tão atractivo para quem não tenha um contacto tão directo com esta cultura.
Por outro lado, concordo contigo quando falas num certo "desprezo" por aquilo que é nosso de uma forma autêntica, preferindo-se os "floreados culturais" para realçar algo que na verdade não existiu.
Felizmente há bastantes pessoas, como é o teu caso, dispostas a lutar pela auntenticidade da nossa Cultura, tanto pelo respeito, como pelo orgulho que essa essa mesma cultura nos desperta!
Parabéns pelo teu texto!!

Tiago Polme

Anónimo disse...

bom, eu entendo pouco de folclore mas, acho que sei distinguir entre o que parece correcto e o que parece errado..sobre o comentario do cerquido, estou perfeitamente de acordo com ele...isto de folclore ja nao perece mais folclore mas sim competiçao em palco, para ver quem dança mais rapido ou até quem bate mais o pé. Nao se havia de chamar festival de folclore mas talvez "olimpiadas focloricas".
"Quando mais se bater o pé, melhor é" como ja ouvi dizer certas pessoas que dançam em grupos folcloricos...até ja ouvi um apresentador no estrangeiro dizer o seguinte quando o seu rancho fazia uma actuaçao a frente de um publico nao português: " em portugal, nos grupos folcloricos, quanto mais se batia o pé, melhor era" sera que é mesmo verdade? eu acho que nao....Nessa ocasiao, o tal apresentador nem se deu ao cuidado de aprensantar o significado das danças nem dos trajes, mas simplesmente fez esse comentario...
Quanto aos grupos, parecem estar pouco preocupados quanto à origem das danças e dos trajes...muitos grupos novos que surgiram nos ultimos anos, nao se preocupram em fazer uma recolha aprofundida de danças e de trajar, mas sim "roubaram" danças a outros grupos, e dançam-nas simplesmente mais rapido...e como se diz...sem jeito nenhum....
quanto a musica de concertina, acho que é outra coisa...cada tocador que aparece, tenta sempre fazer mais voltas e mais voltas, transformando, por exemplo, uma cana verde quase em musica de pop ou rap...ou sei eu là o quê, que quase nem se quer ja da para dançar...até ao ponto que até os dançarinos nao conseguem manter o ritmo da dança..ou veem se a rasca para o fazer....mas para eles, tudo na boa........folclore significa tradicao...nao invençao...
mas prontos, isso é a minha opiniao...cada qual tem direito a sua..
por terminar, parabens ao autor deste blog, força!

Cerquido disse...

@Cada um com a sua opinião, mas o Minho é nosso (meu tambem!). Tenho o direito e principalmente o dever de o defender! Quem não o quiser representar com a dignidade e dedicaçao que ele merece, que represente outra coisa... o nosso Minho merece todo o respeito!!! Como disse: "A Pátria honrae, que a Pátria vos contempla!"

Anónimo disse...

Eu em relação ao folclore tenho uma simples opinião!

O folclore não é suficientemente dinâmico!

Quantos de nós tivemos a ambição de fazer parte de um grupo de folclore quando eramos pequenos?
E de crescidos?
E de Adultos?

Quantas vezes ouvimos musicas folclorica por ano?

Quantos espetáculos folclóricos vamos ver propositadamente?

Quantos cd`s temos em casa sobre folclore?

Os meus pais tinham muitos discos Vinil de ranchos!! Mas e a geração que se segiu (incluindo a minha)?

Neste contexto, acho que os ranchos já fazem muitos, simplesmente por existirem!

Contudo também me pergunto será este desinteresse culpa de todos nós ou será falta de capacidade atractiva dos ranchos folclóricos?

Isto porque a quantidade de jovens a aprender e tocar concertina tem aumentado virtiginosamente!

Como se explica?

O Galaico disse...

Caro zixsix!

Antes de mais obrigado pelo seu valioso comentário!

"Neste contexto, acho que os ranchos já fazem muitos, simplesmente por existirem!"

Isso também concordo! A maioria dos ranchos tem o mérito de se preocuparem, trabalharem, gastarem dinheiro e acima de tudo AMAREM a sua terra. Contudo, alguns deles agem com orgulho e ambições totalmente desajustadas. O folclore tem de ser exibido e não reinventado.

"Contudo também me pergunto será este desinteresse culpa de todos nós ou será falta de capacidade atractiva dos ranchos folclóricos?"

Aqui acho que os ranchos não devem de ser atractivos. Ou melhor, não devem tentar se-lo mais do que o que são naturalmente. Se tal tentarem então chegamos ao ponto em que hoje nos encontramos: Conjuntos a inventar modas e a roubar danças uns aos outros. Ou seja, começam a MENTIR.

As pessoas é que tem de se sentirem atraídas pela sua história e herança cultural!

"Isto porque a quantidade de jovens a aprender e tocar concertina tem aumentado vertiginosamente!"

Sinceramente, acho saudável que as pessoas aprendam apenas por aprender. Isso porque dá de volta ao mundo a espontaneidade cultural da nossa música! Os ranchos são valiosíssimos mas são uma encenação.

Quantas vezes vistes tu concertinas em Viana? A cidade que se diz capital do folclore e vende isso como se fosse o seu produto turístico? Pois é.. NUNCA VISTES!

O renascimento do nosso folclore deve ir para além das exibições mas voltas às tascas, à rua, aos pique niques e ao seio das famílias.

Brevemente será o que eu vou fazer!

Cerquido disse...

Quanto ao "folclore" não ser atractivo, não esquecer que há grupos com cerca de 100+ elementos... acho que há muita malta no meio folclórico, há é pouca que saiba o seu propósito... mas isso, deixo para mais tarde!

Fernando Cerqueira Barros disse...

Antes de mais vi o filme...e está lá aquele e infelizmente poderiam estar mais umas centenas largas, porque esse tipo de invençao vai aumentando exponencialmente.

Quanto ao Folclore acho efectivamente que é difícil, que não há já assim tanta gente que o admire e aprecie, mas que efectivamente é um cantinho de preservaçao e divulgaçao da nossa cultura...ou pelo menos podia e devia ser.
Quando alguns em vez disso passam a parte de DETURPAR e INVENTAR outra cultura...bom nao vale a pena dizer mais nada pois já repararam qual a minha opiniao

O FOLCLORE SOMOS NOS NUMA HOMENAGEM AOS NOSSOS ANTEPASSADOS, como tal temos que o PRESERVAR, nao que INVENTAR...