O Cego
Abre-me essa porta,
e cerra-me o Postigo,
deixa ver um lenço
que eu venho ferido.
Se tu vens ferido,
podes ir-te embora,
que a minha portinha
não se abre agora.
Minha Mãe acorde,
nem tanto dormir,
venha ouvir um cego
cantar e pedir.
Se ele canta e pede,
dá-lhe pão e vinho,
diz ao triste cego
que siga o caminho.
Não quero o seu pão,
nem quero o seu vinho,
quero que a menina
me ensine o caminho.
Vai lá minha filha,
com a roca e linho,
e vai com o cego
guiar-lhe o caminho.
Espiei a roca,
acabou-se o linho,
siga o triste cego
por este caminho.
Venha mais menina,
venha mais além,
sou curto da vista
não vejo ninguém.
Não te vás embora,
vem cá, meu encanto,
tem dó deste cego
que te ama tanto.
Adeus minha casa,
adeus minha terra,
adeus minha Mãe
que tão falsa me era.
Por condes e Duques,
eu fui pretendida,
e afinal dum cego
me vejo vencida!
Fonte:
1 comentário:
Interessante este poema... tenho algures por aqui uma versão ligeiramente diferente!... Em que o cego é apenas um disfarce maquinado pela mãe da moça e do conde. Pois a rapariga (que lá se chama Anna) recusava todos os pretendentes que à sua porta batiam. Ao obdecer à ordem da sua mãe, servindo de guia, descobre ter os guardas do conde à sua espera e é obrigada a casar com ele. Final infeliz, diga-se...
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