Na minha infância, por norma, jogava-se à bola em qualquer sítio.
Especialmente, no meio de um campo enquanto se andava a pastar as vacas, nos caminhos públicos à luz de um poste de electricidade e nas eiras onde se malhava o milho e centeio.
Mas era uma actividade pouco acarinhada pelos mais velhos.
Primeiro porque, no caso dos caminhos públicos, estes tinham geralmente ramadas de vinhas por cima e uma “bolada” menos cautelosa poderia partir as vides e comprometer a colheita de vinho.
Segundo porque, quando se jogava nos campos existia o mesmo problema das vinhas, acrescido do facto de um “bolada” poder atingir a hortaliças da horta mais fresca!
No caso de jogar nas eiras, não era bem visto porque a todo momento, uma “bolada” poderia atingir facilmente um vidro de uma janela ou mesmo fazer estragos nos telhados das casas.
Quando alguma destas situações acontecia, ou nos furavam a bola ou éramos “corridos” à “sachulda. Acrescido muitas das vezes com uma “coça” dos nossos pais!
Era um desassossego este desporto da “canalha”!
Um do pormenor interessante era o facto de muitos de nós jogarmos à bola não com sapatilhas ou chuteiras mas sim com as míticas “botas de couro ou cabedal”.
As sapatilhas eram vistas como um calçado carro, geralmente exclusivas para andar aos domingos. Só quando ficavam gastas é que se usava para jogar à bola.
Comprar chuteiras estava fora de questão. Era calçado que não se podia calçar todos os dias. Muito menos era calçado para levar para a escola!
A melhor escolha eram as míticas “botas de cabedal”. A gente podia ir para escola com elas de Inverno e Verão. Calçado também apropriado para as lidas do campo e, embora o desconforto, uma boa solução para dar uns valentes chutos na bola!
Para que este calçado perdura-se por muito tempo, era habitual untar as botas com banha de porco guardado das matanças do porco, o chamado “unto”!
Não só tornava as botas impermeáveis à água como dava tratamento e resistência ao couro!
E por falar em matanças de porco, devo dizer que o momento mais aguardado pela canalhada, era quando o matador extraía a bexiga do animal!
A gente pegava na bexiga, enchia-a de ar com uma palha como se fosse um balão, e
faziamos daquilo a nossa bola de futebol!
Agora tudo é diferente, a começar pelas matanças do porco que estão incompreensivelmente proibidas!
Especialmente, no meio de um campo enquanto se andava a pastar as vacas, nos caminhos públicos à luz de um poste de electricidade e nas eiras onde se malhava o milho e centeio.
Mas era uma actividade pouco acarinhada pelos mais velhos.
Primeiro porque, no caso dos caminhos públicos, estes tinham geralmente ramadas de vinhas por cima e uma “bolada” menos cautelosa poderia partir as vides e comprometer a colheita de vinho.
Segundo porque, quando se jogava nos campos existia o mesmo problema das vinhas, acrescido do facto de um “bolada” poder atingir a hortaliças da horta mais fresca!
No caso de jogar nas eiras, não era bem visto porque a todo momento, uma “bolada” poderia atingir facilmente um vidro de uma janela ou mesmo fazer estragos nos telhados das casas.
Quando alguma destas situações acontecia, ou nos furavam a bola ou éramos “corridos” à “sachulda. Acrescido muitas das vezes com uma “coça” dos nossos pais!
Era um desassossego este desporto da “canalha”!
Um do pormenor interessante era o facto de muitos de nós jogarmos à bola não com sapatilhas ou chuteiras mas sim com as míticas “botas de couro ou cabedal”.
As sapatilhas eram vistas como um calçado carro, geralmente exclusivas para andar aos domingos. Só quando ficavam gastas é que se usava para jogar à bola.
Comprar chuteiras estava fora de questão. Era calçado que não se podia calçar todos os dias. Muito menos era calçado para levar para a escola!
A melhor escolha eram as míticas “botas de cabedal”. A gente podia ir para escola com elas de Inverno e Verão. Calçado também apropriado para as lidas do campo e, embora o desconforto, uma boa solução para dar uns valentes chutos na bola!
Para que este calçado perdura-se por muito tempo, era habitual untar as botas com banha de porco guardado das matanças do porco, o chamado “unto”!
Não só tornava as botas impermeáveis à água como dava tratamento e resistência ao couro!
E por falar em matanças de porco, devo dizer que o momento mais aguardado pela canalhada, era quando o matador extraía a bexiga do animal!
A gente pegava na bexiga, enchia-a de ar com uma palha como se fosse um balão, e
faziamos daquilo a nossa bola de futebol!
Agora tudo é diferente, a começar pelas matanças do porco que estão incompreensivelmente proibidas!
1 comentário:
Obrigado por esta excelente viagem no tempo.
Ja mal me lembrava dos problemas que ainda há poucos anos se arranjavam por causa do vicio da bola.
Hoje os putos tem ringue com relva sintética, balneários e até cuidado médico.
No nosso tempo de criança era puro e duro.
Quanto as matanças, bem que os indecentes paspalhos que saem da capital uma vez por ano para ir de ferias para o estrangeiro, pensam que sabem como gerir os hábitos das regiões que são tão diferentes das deles como a floresta tropical para com o sahara, devo dizer que eu quero que eles se FODAM.
Se em Lisboa não se matam porcos eu sei porquê! E porque se o fizessem, já não haveriam políticos.
Na maior parte do país (zonas rurais) mas, em especial no Norte,o porco foi a fonte de vida e um recurso essencial.
As esculturas de porcos em território galaico existem há Milhares de anos o que atesta que esta criação é importantíssima para o povo do Norte.
Os meus pais, avós, bisavós e todos os antepassados criavam e matavam porcos em casa. Quem são estes governantes para me dizerem que não podemos?
O problema deles é pensar que os fumeiros do Minho, Tras-Os-Montes e do Alentejo se enchem com porco de farelo.
Provavelmente quando estes idiotas não tiverem os enchidos que tanto gostam, imediatamente mudarão a lei!
De qualquer maneira, por muita lei que haja, os porcos ainda se matam em casa em todo o lado. O vinho é produzido e vendido nas tascas e toda a gente está contente.
Que venham cá proibir isso que fazemos como a Poveira Maria da Fonte! Levam com a estaca de padeiro nas fuças que hão de pensar duas vezes antes de proibir manifestações e tradições que fazem de nós Portugueses!
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