sexta-feira, 4 de julho de 2008
Os moínhos
O Minho tem muitos símbolos.
Desde o oiro, aos espigueiros passando pelos moinhos.
Calmos e modestos, estes, até bem pouco tempo, pequenos mas vigorosos pilares da sociedade , eram um dos centros da nossa vida.
Prostrados sobe um ribeiro, paralelos a um rio ou até, encaminhando agua através pequenos aquedutos de pedra, todos os dias os lavradores se dirigiam ao moleiro. Os mais afortunados, oriundos das famílias proprietárias tinham os seus e, assim, prestavam eles o serviço.
As rasas de milho ou outro cereal eram para lá levadas e, a troco de uns tostões ou de uma percentagem do mesmo, lá se desfazia o grão para produzir o pão nosso de cada dia. O moleiro era por norma um homem mal afamado com o estigma de roubar no peso e de enganar os seus fregueses.
Hoje, muitos destes melancólicos empilhados de pedras graníticas jazem moribundos . Observando as suas entranhas ainda podemos ver as pás, a pesada pedra redonda onde o grão era esmagado e todas as estruturas internas.
Ao longo de um ribeiro esquecido, entre 2 prédios em construção, ao lado de um outeiro ou numa antiga quinta, lá está um ou outro.
Ainda existem alguns a funcionar. Sempre com um velhinho vergado, com a cara cerrada de confusão e saudade. Espera quase sempre em vão pelos seus vizinhos mas, hoje, já ninguém precisa dele. Antes, faziam fila e pediam favores para os seus pedidos serem postos à frente na linha. Hoje, uma ou duas vezes por mês, uma família que quer cozer pão à moda antiga leva-lhe um pouco de trabalho.
Alegria emocionante ver os olhos a brilhar do velho moleiro. Pequenos e breves momentos onde ele se sente apreciado e consegue enganar o facto de que ele é um sobrevivente de um mundo que já não existe...
Se virem algum moinho ainda activo parem e falem com o moleiro. Dêem-lhe trabalho mesmo que não precisem. Por uns míseros cêntimos farão um velho feliz e divertirão os seus filhos e netos com uma réstia de um passado não tão distante mas que já não conseguimos sentir.
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2 comentários:
O moinho era o local de namoricos por excelência.
Era depois da janta, que as moças solteiras e casadoiras iam ao moinho deitar o milho a moer.
Como não havia luz tinham que ir em grupo, pois os mais velhos ficavam a dormir.
Livres do control dos pais, aproveitavam essa escapadela para combinarem namoricos com os rapazes.
A moça para avisar o seu amado que naquela noite ia ao moinho, deixava, à tardinha, um pano de cor à janela ou outro tipo de sinal já combinado.
Os rapazes reuniam-se em grupo através de chamamentos como assobios, apupos e outros meio de comunicação secretos!
Pelo caminho e junto aos moinhos se trocavam olhares, risos, brincadeiras, danças, afagos, beijinhos, promessas, zangas, e demais manifestações que o amor curiosidade e juvialidade podessem proporcionar!
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