sexta-feira, 4 de julho de 2008

O Velho Solar

Sepultado na verdura de um vale, perdido entre as novas construções, jaz em ruínas um velho e sombrio solar.

Um grande portão de madeira entreaberto, deixa-nos adivinhar a silhueta tosca da ruína, flanqueada pela inconsequente capela sineira.

A grande portada de brasão em granito, sorriu noutros tempos com a passagem dos nobres senhoriais, dos cavaleiros e das bucólicas donzelas.

A antiga casa dos caseiros, os espigueiros e as sequeiras, já são menos que ruína, parecendo que ao supro da nortada se vão desmoronar sem surpresas.

Ao lado, chama a atenção um velho jardim de ciprestes e um poço de água de regadio, abobadado pelos arames e ferros de uma antiga vinha.

Uma parte do casario já desmoronado, espalha para o caminho térreo, lajes, pedras e madeiras onde afloram ervas, fetos e arqueosos silvados.

No cimo da imponente torre quadrada, cresce entre o granito nu, uma pequena floresta de musgos e herbáceas.

Os soalhos podres sem móveis, deixam antever o esqueleto arquitectónico, e as largas traves em carvalho parecem sustentar as paredes do edifício.

No ar, só uma brisa húmida e triste que nos trás o cheiro a cipreste, agoirando o silêncio, desolação e morte do velho solar em ruínas.

Sem comentários: