sábado, 11 de dezembro de 2010

Menino Entre Lobos deitado!

Tinha 6 anos quando o seu pai o vendeu a um cabreiro que o ensinou a cuidar do animais e a sobreviver no meio do monte. Poucos dias depois, o pastor desapareceu. Marcos Rodriguez Pantoja ficou completamente sozinho nas agrestes paisagens da Serra Morena e, pouco a pouco, tornou-se próximo dos lobos até converter-se "em mais um da manada". Este "menino da selva" reside hoje numa aldeia de Ourense, mas recorda a sua história no documentário "Entre Lobos" de Gerardo Olivares.

"Um dia encontrei uma lobeira com vários cachorros e pus-me a brincar com eles. Deixei-me dormir ao seu lado e ao amanhecer chegaram os pais lobos com carne para os pequenos. A loba ficou a olhar-me fixamente e atirou-me um pedaço de carne. Eu não me atrevi a pegar, ela já uma vez me tinha dado uma “ferradela”, mas a loba chegou-me o pedaço de carne com o focinho para o pé de mim. Eu tinha muita fome e por isso peguei no pedaço de carne e comi-a como eles… crua! Desde então converti-me a mais um na manada!

Marcos Rodríguez Pantoja, actualmente com 64 anos, viveu desde os 6 aos 19 anos asilado na Serra Morena. A Guarda Civil resgatou-o desta solidão com um aspecto mais parecido a um lobo do que um humano: com cabelo pela cintura, a pele queimada do sol e impregnado de um odor a lobo. Depois de passar por várias famílias, Marcos foi-se adaptando a uma vida social normal. Contudo continua com dificuldade em entender algumas palavras ou frase e, apesar de ser adulto, tem uma forma de estar na vida de uma "criança adulta", onde procura a liberdade com todo o fascínio!

sábado, 4 de dezembro de 2010

O Cantar Minhoto

É interessante como se criou o mito que o cantar minhoto envolve sempre cantar muito alto e, geralmente, desafinado. (por exemplo aqui)

Apesar de achar que não é suficientemente divulgado e, na maioria das vezes, executado com qualidade aceitável, tambem acho que é descartado logo à partida pela maior parte da sociedade (especialmente a Sul do país) sem ter hipótese de se afirmar e de mostrar, muitas vezes, a beleza que contem. De uma inexistente educação musical obter coisas fabulosas como o vídeo seguinte só está, na minha humilde opinião, ao alcance de povos que nasceram para isto...



(Cantadeiras do Vale do Neiva)

"Estes coros polifónicos, já existentes no século XVI, têm-se conservado na tradição artística do Minho, mas tendem actualmente a desaparecer, sem que nem pessoas cultas nem câmaras municipais se esforcem por manter a sua conservação, mediante prémios em concurso ou em certames públicos, pela ocasião de festas, romarias ou feiras anuais."
(...)
"Claro está, pelo respeitante à execução, que há naturalmente lotes de más, de sofríveis e de boas cantadeiras; mas as qualidades mais necessárias e que mais se apreciam na execução destes coros são: afinação, sonoridade e sustentação das notas, qualidades que chegam a ser realmente perfeitas nos grupos mais adestrados.
Junho de 1929."
in Cancioneiro Minhoto

Passados 80 anos, o que mudou?

Continua a não haver esforço da parte do pessoal do poder para tentar conservar estas relíquias.
Já não existem manifestações espontâneas destes cânticos...
Salva-se o trabalho de alguns grupos que, felizmente, fazem o que podem na tentativa de não deixar que estas belas tradições caiam no esquecimento...

Isto é folclore. E é belo!

domingo, 28 de novembro de 2010

Rio Homem, com letras!


«Em plena Guerra Civil de Espanha, Rogelio – um jovem galego de ideais republicanos – e alguns dos seus companheiros de guerrilha entram em Portugal clandestinamente com o propósito de apanhar, na cidade do Porto, um navio que os leve aos Estados Unidos e os liberte para sempre da ameaça do fuzilamento e da prisão.
Porém, no momento em que Rogelio se afasta do grupo para testar a segurança da próxima etapa da viagem, desconhece que virou do avesso o próprio destino: doravante completamente só num país que desconhece, o jovem sofrerá uma experiência próxima da morte que, paradoxalmente, o fará renascer como homem no seio de uma comunidade algo visionária, visitada e admirada por grandes intelectuais – a aldeia de Vilarinho da Furna. Aí encontrará o amor, de muitas maneiras.
Exaustivamente investigado, narrado com mestria e beleza e com uma galeria de personagens admiráveis (entre as quais não podemos deixar de reconhecer, por exemplo, Miguel Torga), Rio Homem cruza duas histórias magistrais – a de um refugiado que perdeu todas as suas referências e a da aldeia comunitária que o acolheu e que hoje jaz submersa na albufeira de uma barragem.»

terça-feira, 16 de novembro de 2010

No tempo em que não havia televisão...


"Vivia no Pombal um homem que tinha o fado de sair de casa à meia-noite e que se transformava em cavalo. Tinha de percorrer sete freguesias onde existisse pia baptismal. Um dia, a mulher dele pediu a um vizinho que, quando o visse passar, o picasse com um aguilhão. E assim aconteceu junto à casa, que ainda existe. Ele transformou--se em homem e disse: "boa-noite, senhor José Pereira". Este ficou tão assustado que até adoeceu".


"A minha bisavó era a mulher do bisavô da Flora. Numa noite, ele foi para a quinta tratar do vinho nos tonéis e, quando regressava a casa, viu um cabrito aos saltos. Lá o agarrou, pô-lo ao pescoço e subiu até à aldeia. Uma vez chegado, o cabrito deu um pulo, riu-se e disse-lhe: "agora, vai gabar-te que vieste todo o caminho com o diabo às costas"
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sábado, 13 de novembro de 2010

domingo, 10 de outubro de 2010

Arquitectura do passado.... Ou do futuro?

Numa era onde o betão sem alma reina em absoluto e engole, dia após dia, a beleza das nossas terras, encontramos por vezes exemplos alternativos dignos de relevo.

Numa serra do concelho de Fafe, pode-se observar como a Natureza pode ser usada para benefício do homem com impactos minimos no meio ambiente.


Escavada directamente na rocha, criou-se uma habitação de aspecto caricato apesar de não ser inovadora. Na verdade, este tipo de utilização oportuna de materiais já foi outrora comum. Desta forma, para além das mais valias económicas e ambientais, podemos também realçar o valor etnográfico que projectos deste tipo proporcionam.

As tendencias actuais que, cada vez mais, descaracterizam as nossas aldeias e vilas com a utilização de formas futuristas e materiais ridiculos, apenas trazem desperdício de dinheiro e pobreza ao território.

Uma vivenda construída segundo os moldes "de fábrica" dos nossos arquitectos, eles também produzidos em série por universidades rígidas, custa dezenas de milhares de euros e tem uma duração de vida reduzida.

Com isso quero dizer que um prédio ou uma casa nova dificilmente durará mais de 40 anos em condições óptimas. Depois disso, será um antro para colocar estratos sociais inferiores ou ficará simplesmente ao abandono não havendo sequer permissão para demolir a propriedade.

Porém, investir em materiais e construções genuinas, permite uma utilização praticamente infinita e a garantia de que o seu estilo nunca ficará ultrapassado pois, convenhamos, esta é uma parte orgânica da região onde existimos.

Obviamente, a maior parte das pessoas julgam este tipo de construções como meras brincadeiras. Porém, porque não mudar as mentalidades? Pessoalmente, opções que utilizam materiais locais, que tem impactos minimos no ambiente, quase nulos na paisagem e, além do mais, são investimentos com retorno para toda a vida, deveriam ser prioritários.

Nas escolas e frente ás televisões, os nossos engenheiros e politicos tanto falam em sutentabilidade e ordenamento porém, na hora de intervir, limitam-se a seguir o fluxo dos acontecimentos agravando dia após dia a nossa realidade territorial.

Posso ser um utopista romântico porém, parece-me que opções que só trazem vantagens, apenas não são instituidas por falta de vontade política global. O mesmo se passa por exemplo com as energias renováveis e sistemas económicos alternativos que não são aplicados por não agradarem aos donos do poder e do dinheiro...

Fonte: http://bocaberta.org/2009/09/casa-de-pedra-em-portugal.html

Video submetido por Clara

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Poema ao Minho Antigo!

As árvores de pé, na solidão dos montes,

Como estátuas que um povo original ergueu,

Abraçam com saudade os largos horizontes,

Quase escalando o céu.

Longos - Guimarães por: GabKoost

Ali as aves vem cantar a toda a hora;

E em baixo, pelo vale, escuta-se um ribeiro,

Que entoa em doce paz uma canção sonora

Como um clarim guerreiro.

Sande São Lourenço - Guimarães por GabKoost

Mais longe o lavrador, curvo, seguindo a grade,

Amanha alegremente a terra para os filhos,

E o sol entorna a prumo a sua claridade

Nos cálices dos junquilhos.

Casa da Espinosa - Guimarães (»1934) - Propriedade S.M. Sarmento

As montanhas ao ar levantam majestosas

Os seios, onde a alma ás vezes vai achar

As atracções do abismo, as visões pavorosas

E os beijos do luar.

Longos - Guimarães por GabKoost

De certo achas formosa, esplêndida a paisagem,

Nada falta á harmonia unanime das cores:

A Natureza fala uma heróica linguagem
Nos ventos e nas flores.

(...)

Penha - Guimarães - por: Paulo Menote

Guimarães, Setembro de 1879

J. Leite de Vasconcelos, Baladas do Ocidente

Submito como comentário por utilizador anónimo.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Estado do Folclore I

Estava eu a ler um suposto sítio de divulgação e defesa do folclore (http://www.folclore-online.com) quando, por sorte, me encontro na página de opinião de um dos senhores entendidos no tema.

Quem se sentir interessado em dar uma visita e tiver a força de vontade de ler algumas das opiniões dos seus intervenientes, constatará que existem opiniões fundadas, mas na sua maioria (das que tive o prazer de ler) são ilusões do senhor que as escreve... corroboradas pelas suas mentes moldadas àquilo que eu chamo de folclore-à-musical! Isto é, "como se antigamente a vida dos nossos antepassados não passasse de um musical de Filipe La Féria "e fosse irreal existir pobreza, tristeza, cenas menos bonitas (embriaguez, desacatos, etc)... Ora, como os caros leitores já perceberam, a vida antigamente era muito diferente de hoje, mas não deixavam de existir estes problemas da sociedade, que existem... desde sempre! E por tanto, é perfeitamente aceitável que qualquer grupo os pretenda representar, pois não devemos ter vergonha da nossa história. Parece-me impossível que alguem com a minha idade consiga entender isso melhor que outros que são duas ou três vezes mais velhos que eu!

Tudo isto me deixou a pensar no estado da nação folclorista. Em que os seus dirigentes vivem dentro de bolhas. Uns são completamente imunes a todo o tipo de opiniões externas (às vezes, internas) deixando-se levar pela suas considerações folclóricas muitas vezes desprovidas de conhecimento, redundando quase sempre em casos de pura tristeza etnográfica. Quando são questionados sobre o assunto, enfiam a cabeça debaixo da terra ou tecem comentários sobre a não utilização de acessórios como pulseiras, piercings, tatuagens, etc... (Parece sempre melhor dizer o óbvio, que nada dizer...)
Outros, por sua vez, são dotados de opiniões influentes e por vezes sentem-se no direito de usar essa sua influência para tentar destabilizar, ridicularizar e menosprezar o trabalho de muitos outros que se esforçam para manter vivas e fieis as tradições da nossa gente. Infelizmente, isto é feito para promoção (ou por vingança) pessoal e nunca para a melhoria do folclore. E casos há que essas opiniões são ridículas, indo mesmo contra aquilo que é verdade!

No movimento folclórico há que ter espírito aberto para a crítica, mas temos sempre de exigir o respeito que nos é devido. Só assim podemos avançar e tornarmo-nos os verdadeiros arautos da tradição que muitas vezes dizemos ser...

Aqui deixo o email que envio para esse portal, relativamente a esta opinião http://www.folclore-online.com/textos/carlos_gomes/miseria_nao_folclore.html que se dirige ao grupo do qual faço parte e nela o autor acusa de ser gerido por pessoas com "mentes deformadas"...

Aqui está o email:

Boa Tarde,
Tenho lido algumas opiniões sobre folclore neste portal, entre as quais constam as do Sr. Carlos Gomes, nomeadamente esta http://www.folclore-online.com/textos/carlos_gomes/miseria_nao_folclore.html que se refere ao grupo do qual faço parte.

Venho expôr o meu desagrado quanto a esta publicação não querendo deixar de lamentar o número de leitores que certamente ficaram impressionados negativamente sobre a Casa do Concelho de Ponte de Lima e seu grupo folclórico. Ideias estas que colocam em causa o bom nome das pessoas que em Lisboa se esforçam por dignificar e representar a vila mais antiga de Portugal. No referido texto, o autor considera a representação feita pelo grupo folclórico um “degredo humano”, só proveniente de “mentes deformadas” que, segundo o mesmo, não sabem nada de folclore. O que por si só já é ofensivo que chegue e suficiente para não ser considerada uma publicação digna. Devo dizer que a cena retratada é um pequeno desentendimento entre dois homens, um dos quais simulando ter uma pinga a mais. Algo comum e frequente no tempo dos nossos avós, como qualquer pessoa atenta e inteligente concluirá!

Sendo uma das mentes ligadas ao citado projecto, constato que o mesmo opta por transformar uma representação fiel num conto de fadas, em que as realidades sociais da época são ignoradas deliberadamente em prol de um espectáculo vazio e fútil idealizado em tempos que já lá vão. Ao contrário do cronista não tenho, nem têm os elementos do grupo, vergonha de nenhum dos aspectos da sociedade dos séc. XIX/XX e achamos que apresentar apenas a parte rica e alegre da sociedade é insultar o senso comum dos espectadores. O reconhecido etnógrafo Giacometti já há 40 anos pensava assim e o Sr. Carlos Gomes, tanto tempo depois, ainda não conseguiu alcançar um nível cultural capaz de o fazer entender a beleza das mais simples e menos "dignificantes" características populares...

É de estranhar, no entanto, que não teça comentários ao facto deste rancho folclórico não ter quaisquer um dos erros mais frequentes (alguns até falados nas outras crónicas do autor) que por aí se vêem, que vão desde lavradeiras que ostentam riquezas em ouro (que dariam para comprar casas, quintas e gado), moças de pernas descobertas (que achariam os pais delas?), pés a martelarem o palco com toda a força (imagine-se descalços e no chão!), entre outros casos irreais que certamente lhe passam à frente todos os dias mas que, admiravelmente, o seu olho clínico não analisa neste caso por não ser estimulado pelo ódio imensurável que parece ter à Casa do Concelho de Ponte de Lima. Talvez movido por esse sentimento necessita de manifestar o seu desagrado publicamente por uma cena que é real, de modo algum insolente ou desleixada, comum à vida dos nossos antepassados, que qualquer idoso poderá corroborar. É senso comum as rivalidades que haviam entre aldeias, muitas vezes agravadas por cortejos a moças de lugares vizinhos ou, numa romaria, por uma desgarrada mais provocadora, uma pinga em excesso ou por um desacato na compra de gado. Seria apagar um pouco da nossa história se deixássemos estas situações de lado.

Sou, como referi, uma das pessoas ligadas à parte do folclore na respectiva casa, tenho todo o gosto em ouvir e debater ideias que possam vir a melhorar o grupo do qual faço parte. Lamentavelmente, o uso dos conhecimentos folclóricos do cronista é idêntico ao da sua educação. Há uma certa dificuldade em aplicar ambos correctamente…


Infelizmente, talvez por falta de humildade e sensatez, este senhor, que até foi um dos fundadores da Casa do Concelho de Ponte de Lima e que há mais de 15 anos não a frequenta, decidiu expor as suas ideias neste portal (e não só) em vez de se endereçar directamente aos responsáveis, como qualquer sócio activo e preocupado tem o direito e dever de fazer.
Com uma atitude diferente teria todo o gosto em esclarecê-lo sobre as representações do Rancho Folclórico da Casa do Concelho de Ponte de Lima e (talvez) até sobre folclore em geral.
É uma pena, pois este tipo de publicações mancham o trabalho de quem todos os dias luta em prol do folclore nacional!

Para mim é chegada a hora de se acabar com estas situações deprimentes que em nada dignificam o folclore e fazer-se ouvir uma voz mais verdadeira que só pode ser atingida quando todos se decidirem a discutir o folclore na sua essência, sem interesses pessoais, sem guerras...
Para quando?

Cumprimentos,

FIM DO EMAIL

Esta opinião é pessoal e não necessariamente partilhada pelos outros autores d'O Galaico.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Uma T-Shirt e um Cavaquinho!

A causa Galaico-Portuguesa está bem presente.

De vez em quando, se estivermos atentos, podemos ver sinais que as pessoas dedicadas ao tema existem, são bastantes e, além disso, afirmam os seus ideais.

Desta vez, ao pesquisar ao acaso no Youtube, encontrei este tocador de cavaquinho a executar um Vira Minhoto.

Apesar de bem executado, o que mais gostei foi a T-Shirt.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Feiras Novas de Ponte de Lima 2010!


Mais uma edição da maior Romaria do Minho está a chegar!

Aqui fica o Link do programa:

http://www.cm-pontedelima.pt/imagens/agenda/maio2010/FeirasNovas2010.pdf

domingo, 29 de agosto de 2010

Um Pensamento Vs Uma Imagem

Porque ás vezes também penso assim:


"...e constantemente penso nas belas estradas do Minho, nas aldeolas brancas e frias - e frias! - no bom vinho verde que eleva a alma, nos castanheiros cheios de pássaros, que se curvam e roçam por cima do alpendre do ferrador..."

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O ouro das vianesas e os ritos de fertilidade

Ei-las que passam na avenida dos Combatentes, com Santa Luzia ao fundo! São mordomas da festa da Senhora da Agonia, de cabeça levantada, em quentes Agostos. Trazem o peito coberto de ouro, como se bocadinhos de Sol se tivessem transplantado dos altos céus.

O ouro não é colocado ao acaso, livremente sofrendo a acção da gravidade. É preso ao vestuário, disciplinado, para que o peito fique uniformemente coberto. E o ouro surge-nos, assim, sob o formato de triângulo, de vértice para baixo.
Elas exibem o ouro faiscante ao peito e nas orelhas. Não se vêem anéis ou pulseiras, as mãos estão livres. Livres para o trabalho. O uso do ouro pelas vianesas tem significados ocultos.

Não se vêem anéis ou pulseiras, as mãos estão livres…


Que mulheres usam mais ouro?

- As noivas - vestidas de negro, A cor do poder.

- As mordomas - com uma vela votiva para acender a uma santa.

Quando observamos todo aquele ouro, disposto em triângulo, todo verdadeiro para nosso espanto, percorre-nos uma sensação de respeito, como perante uma visão sagrada e mítica.

Por que acontece isto no Minho e não noutras regiões do País ou até do mundo?


Porquê no Minho?

Tudo teria começado na Pré-história. O ouro seria usado por quem detinha poder. Antes de Cristo, testemunha Estrabão, as mulheres eram, no Noroeste peninsular, as detentoras da propriedade que a passavam por linha feminina. E esta, para mim, é a razão subterrânea do poder das mulheres do Minho, Já vem do fundo dos tempos.

Estrabão, autor romano que viveu no tempo de Cristo, entre c. 65 a.C. a 25 d.C., refere na zona cantábrica, abrangendo Minho e Galiza, uma espécie de “ginecocracia” (matriarcado). Diz que todas as mulheres bárbaras trabalham a terra e que o marido está obrigado a dotar a mulher; e as filhas, que herdam delas, têm a obrigação de casar seus irmãos, o que constitui uma espécie de ginecocracia, ainda que não como regime político(1).


As filhas, que herdam delas, têm a obrigação de casar seus irmãos


Apesar de Estrabão ser do tempo de Cristo, ele seguia autores mais antigos, segundo Armando Coelho. “Estrabão, Apiano e Avieno, seguem crónicas, cartas de navegação e escritos geográficos gregos ou púnicos, e autores mais antigos, muitos deles bons conhecedores da Península, cujos textos originais se perderam...”(2).

Portanto, já no tempo dos Galaicos, dos castrejos, portanto, existia “uma espécie de ginecocracia” na região do Minho e Galiza. E os bens, tal como o ouro, eram passados por via feminina.


As minhotas vencem os tempos

Foram os Romanos os primeiros a enfrentar a força das mulheres do Minho. Elas matavam os filhos para não pertencerem aos vencedores. Vestiam a roupa dos mortos e iam para a luta. Elas marcharam sobre o Porto, mataram o governador e foram mostrar para Braga a sua cabeça.

Mas a romanização venceu e retirou poder às mulheres. Os filhos passaram a ser do pai. Veio o Cristianismo e o poder das mulheres sofreu outro rude golpe. Acabaram as deusas (passou a adorar-se um deus masculino e único criador da vida). Acabaram as oficiantes (elas foram proibidas de tocar nas coisas sacras… e ainda hoje não são sacerdotes). Acabaram os ritos de fertilidade, a veneração das fontes…

Os Mouros, mais opressores que os Cristãos, permaneceram vários séculos na Península. Trouxeram a poligamia, retiraram às mulheres o espaço público, tornaram-nas invisíveis, taparam-nas com farrapos deixando-lhes só os olhos de fora.

No Minho, não se nota que os Mouros tenham feito “estragos” no poder das mulheres. Mas como essa opressão, tanto cristã como muçulmana, provinha sobretudo da religião, então as mulheres deram a volta e privilegiaram o culto da adoração a entes femininos – santas e Nossas Senhoras. E perverteram o sentido religioso da tristeza e sacrifício, em festa e alegria.

Uma particularidade interessante é que o ouro não era, nem é, usado só pelas mulheres ricas. As pobres, quando conseguiam uns tostões, investiam no seu cordão.


O ouro não era, nem é, usado só pelas mulheres ricas


Nos Descobrimentos, muitos homens partem e as mulheres tomam conta da província. Renasce nelas o antigo poder de serem detentoras da propriedade. A Lei Mental e dos morgadios impõem-se. Tanto as riquezas públicas como os bens familiares são dados descaradamente aos homens com legistas, sábios e Igreja a concordar. A romanização, o Cristianismo, o domínio dos Mouros já as haviam despojado das riquezas e, agora, a Lei dá a machadada final – os bens passam de homem para homem e tinha de ser filho legítimo.

Renascem forças antigas, num tempo novo, forças subterrâneas, e a mulher descobre que o ouro, riqueza que vem da Pré-história, se pode contrapor à propriedade masculina.

Mas como fazer isso sem reacção social? A princípio ela não vai usar o ouro como riqueza, mas como algo de sagrado. Como um talismã para a sua própria fecundidade. Por isso é bem aceite por todos. Os cultos masculinos foram subtilmente substituídos por cultos femininos. A Sr.ª d’Agonia, de sofrimento extremo, reminiscência de um antigo culto à Lua, foi transformada na romaria mais alegre do País. E assim, com a ajuda do sagrado, de cultos femininos, da festa, as minhotas conseguiram enganar as leis e fazer reviver tempos anteriores à romanização em que os bens se transmitiam por via feminina.


O menir feminino – hino impar à fertilidade

A “ginecocracia” de Estrabão é apoiada por vestígios arqueológicos. No Sul do País, encontramos menires fálicos. Mas no Minho, em Paredes de Coura e Ponta da Barca, encontramos menires femininos. A gravura mostra o de Paredes de Coura, serra de Bulhosa, com seios e colares.



Mas repare-se agora na cabeça da estátua. Nós dizemos “cabeça”, mas o que lá está não se assemelha ao formato normal duma cabeça humana nem de bicho. Não é arredondada, não tem crânio, nem olhos, nem boca, nem cabelo. Então o que significará? Se lhe retirarmos o volume, essa “cabeça” tem o formato dum triângulo, mas dum triângulo cónico, com o vértice para cima.


Camilo diz-nos que as mulheres trabalhavam no séc. XVIII e que investiam em ouro


“O triângulo com o vértice para cima simbolizava o fogo e o sexo masculino; com o vértice para baixo, simbolizava a água e o sexo feminino e, pela sua semelhança com o púbis, está muito ligada a motivos de fertilidade”(3).


Portanto, o triângulo para cima assemelha-se à pujança da masculinidade necessária para a procriação e o “renascimento” da vida. É esse o sentido dos menhires fálicos do Sul, dizem, com uma intenção mágica de fertilidade, considerando o campo um útero.


O triângulo feminino nas jóias da minhota

Em Lisboa, no Museu de Arqueologia, visitei, em Março de 2008, uma esplêndida exposição: “Ouro Tradicional de Viana do Castelo – da Pré-História à Actualidade”. Publicaram também um livro de apoio com o mesmo título(4). Tomo a liberdade de reproduzir algumas imagens desse catálogo, porque exemplificam a minha teoria.

A arrecada encontrada em Carreço data da Segunda Idade do Ferro (“Ferro Castrejo”). Reúne, tal como o menir de Paredes de Coura, os símbolos da fertilidade masculina e feminina. Foi comprada por Leite de Vasconcelos, por 237 000 réis, em 1905. Repare-se como essa jóia tem o triângulo de vértice para baixo, o ventre com 5 objectos redondos, como que fecundado, tendo no meio um espaço com o formato do órgão masculino – um hino à fecundação humana.

O Museu Arqueológico de Guimarães, Sociedade Martins Sarmento, guarda umas arrecadas dos séc. III a.C. - I a.C., encontradas na citânia de Briteiros. Repare-se no triângulo masculino para cima e no triângulo feminino, redondo, para baixo.

As arrecadas eram usadas pelas mulheres do povo. Camilo Castelo Branco, referindo-se a uma mulher do séc. XVIII, em 1750, de Póvoa do Lanhoso, diz no seu livro sugestivamente chamado “O Demónio do Ouro”: “Durante a longa doença de seu marido, Luísa vendera dois cordões e arrecadas, que em solteira ganhara na tecelagem, para suprir ao cirurgião e à botica”(5).

Por esta frase, Camilo diz-nos que as mulheres trabalhavam no séc. XVIII e que investiam em ouro, riqueza usada quando havia uma grande dificuldade na família.

D. António da Costa(6), refere em 1873:



“A primeira minhota que me surpreendeu foi uma lavradeira da freguesia de Deucriste… Das orelhas pendiam-lhe arrecadas resplandecentes, ao redor do pescoço um grilhão de oiro em cinco voltas...”


Portanto, no séc. XIX, era vulgar o uso quotidiano de arrecadas. O uso dos brincos à rainha impôs-se no final desse século.


Os brincos à rainha são um bom exemplo para atrair a fertilidade para a sua portadora


Observemos agora o formato desses brincos - as arrecadas são circulares, tem outro círculo móvel dentro, e terminam com um triângulo com o vértice para baixo.

Vejamos agora uns brincos à rainha - sobressai uma parte redonda, como um ventre “germinado”, “fecundado”. Dentro, solto, vê-se uma roda mais pequena e móvel, que poderá significar o filho preso ligeiramente à mãe mas que é independente e sai do ventre. Designa-se bambolina, porque balança. E para terminar a jóia, voltamos a ver um triângulo invertido, símbolo do feminino pela semelhança com a púbis. Pode não ter havido essa intenção, mas tanto as arrecadas como os brincos à rainha, são um bom exemplo de uma manifestação de louvor, de culto talvez, um pedido para atrair dos astros e do sagrado a fertilidade para a sua portadora.

Mas já que falamos em triângulo com o vértice para baixo, símbolo feminino de louvor à fertilidade, comparemos agora as voltas da estátua menhir de Paredes de Coura e o ouro das vianesas ao peito. Três mil e quinhentos anos as separam, três milénios e meio! Em ambas as situações, tantos os riscos pré-históricos como a disposição do ouro das vianesas actuais, têm o formato dum triângulo com o vértice arredondado voltado para baixo. Como já se explorava o ouro na Pré-História, serão de ouro os colares do menir?



O triângulo pré-histórico na pedra e no brinco

Ponhamos agora lado a lado uma inscultura encontrada no Lindoso, Ponte da Barca, com outra arcada do Norte de Portugal. Esse desenho lavrado na pedra é atribuído ao início da Idade do Bronze. Quanto à arrecada, é posterior, da Segunda Idade do Ferro. Constata-se perfeitamente a semelhança – o triângulo púbico, os orifícios, talvez boca e olhos, os círculos, os redondos dos seios e ventre. Portanto, talvez possamos concluir que o ouro tinha um significado, não era apenas um adorno.


O símbolo dos “SS”

A Câmara de Vila Nova de Cerveira é proprietária de uma conta de brinco datada da época suevo-visigótica. Esta conta tem a particularidade de ser decorada com SS. Os SS são um motivo decorativo de diferentes jóias em ouro de Viana usadas ainda na actualidade.

O que significa esse SS?


O ouro é usado, embora de uma maneira inconsciente, como uma prece, uma perpetuação, um louvor à vida


Segundo o conhecido ourives Manuel Freitas, são o desenho estilizado de dois patos a voar. Segundo este coleccionador(7), os patos são o “símbolo da união e da fertilidade conjugal, ao qual se junta, por vezes, a noção de força vital, pelo facto do macho e fêmea nadarem sempre em conjunto… Actualmente, estas formas aparecem nas arrecadas de Viana e nos brincos parolos (nos primeiros, em forma de “SS”, e nos segundos de forma explícita”.



A Vénus da algibeira e brinco

E essa força mítica, que alia traje e ouro, continua a louvar a fertilidade feminina talvez inconscientemente. Imaginemos as estátuas de Vénus bojudas e grávidas da Pré-história. Comparemos agora com uma algibeira e com um brinco actual.

Quer dizer, de diferentes maneiras – menires, insculturas na pedra, arrecadas pré-históricas, brincos, traje – encontramos símbolos de fertilidade. E, de uma maneira única, encontramos a fertilidade masculina e feminina a par. Assim, no matriarcado, quando as mulheres detinham o poder, elas não anularam os homens. No patriarcado, os homens não anularam as mulheres. Segundo Frei Luís de Sousa, (c. 1619), os homens de Viana eram “mais que liberais”(8). Daí a singularidade duma província.

O ouro é usado ainda hoje, embora de uma maneira inconsciente, como um rito de fertilidade. Uma prece, uma perpetuação, um louvor à vida.

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Fonte: Fina D`Armada

(1)Estrabão, Description da Iberia, trad. Antonio Blasquez, vol, 8º, Madrid, 1900, pp.19-51.

(2)Armando Coelho, “A Idade dos Metais em Portugal” in História de Portugal, I, (dir. José Hermano Saraiva), Lisboa, ALFA, 1988:123.

(3)Manuel Rodrigues de Freitas, “Ouro”, in Cadernos Vianenses, tomo 32, Viana do Castelo, Câmara Municipal, 2002: 186.

(4)Alberto A. Abreu at al., Ouro Tradicional de Viana do Castelo – Da Pré-História à Actualidade, Museu de Arqueologia e Câmara Municipal de Viana do Castelo, 2007: 7.

(5)Camilo Castelo Branco, O Demónio do Ouro, Lisboa, parceria António Maria Pereira, 1905: 33.

(6)D. António da Costa, No Minho, 2ª edição, Porto, Figueirinhas, 1900: 233-234.

(7)Manuel Rodrigues de Freitas, “Ouro”, in Cadernos Vianenses, tomo 32, Viana do Castelo, Câmara Municipal, 2002: 187.

O brinco foi retirado do Catálogo da exposição “Ouro Tradicional de Viana do Castelo – Da Pré-História à Actualidade”, 2007: 62. A algibeira é a minha.

(8)Frei Luís de Sousa, Vida de D. Fr. Bartolomeu dos Mártires, Livro I, cap. XXVI, 1619.


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Boa Terra, Bom Turismo!

As terras Galaicas do Norte de Portugal tem características únicas que, apesar de por vezes serem tão mal tratadas (poluição, mau urbanismo, destruição do património Natural e Cultural etc.), conseguem ainda produzir riqueza e mais valias.

Assim, enquanto que o país chora a crise que afecta o Turismo nacional (e com isso falo do Algarve), o Norte tem registado um crescimento exponencial.

Muito disso deve se ao facto de existir, numa região tão pequena 4 sítios património Mundial da Humanidade.

"Na região Norte, e onde se prevê um aumento de 6% na procura, a diversificação de ofertas é o trunfo. "Notamos um crescente interesse pelo que é o turismo cultural e paisagístico. Basta lembrar que a região Norte é a única no Mundo com quatro patrimónios da humanidade, e a procura reflecte isso mesmo", disse Melchior Moreira"
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1633299

Já que estamos com a mão na massa, e para incitar alguns eventuais leitores a virem-nos visitar, façâmos uma pequeno passeio através destes 4 marcos do Turismo Nortenho:

1º Centro Histórico de Guimarães:



2º: Centro Histórico do Porto:


Alto Douro Vinhateiro:


Gravuras Rupestres de Foz Côa:

Apesar destes sítios serem os unicos classificados (e quem segue este blogue sabe que se não fossem manobras políticas centralistas, seriam ainda mais!), a oferta desta região é ainda muito maior.

Conseguimos encontrar uma enorme variedade de paísagens, modos de vida, pronúncias (línguas até!) e tradições. Juntam-se a estas características ícones como as grandes romarias, uma vivência folclórica musical muitas vezes ainda efectiva e não apenas representativa, o único Parque Nacional - Peneda Gerês, 3 tipos de vinhos únicos no mundo (Vinho Verde, Vinho do Porto e Alvarinho) e um clima diversificado que permite usufruir do sol no verão como contemplar a neve no Inverno.

Qualquer Português lhe dirá: No Norte é onde se come melhor e mais barato! Aqui há de tudo. Comida típica da serra, vales, rios e mar. E como os olhos também comem, isso é servido de forma a que também eles fiquem cheios. Por tradição, se não sobrar comida na travessa, então é porque o restaurante serve mal. Tem de haver fartura!

E finalmente: Aqui Nasceu Portugal!


Por essas e por outras é que o Norte tem o potencial turístico que tem. O turista do futuro cansa-se do Sol e Praia rapidamente. Digamos que após os 21 anos, este é um produto degradante. A crise no Turismo de facto existe mas, a oferta cultural monumental que esta região oferece está-se a revelar capaz de ultrapassar todos os obstáculos.

Esta região é única e ainda muito há a promover. Falo mais uma vez da Cultura Castreja. Também ela única no mundo, oferece centenas de sítios arqueológicos milenares. Este produto, se devidamente trabalhado, poderia comparar-se aos mais famosos ícones do tipo. Pelo menos em beleza e idade, rivalizam ombro a ombro.

Neste mês de Agosto, quem estiver de férias e não souber o que fazer, pode aproveitar para conhecer uma região bela, misteriosa, moderna e ancestral. Uma terra onde o casamento entre o futuro e as mais antigas tradições tendem a fundir-se com harmonia.

Boas férias!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Onde é que eu já vi isto?!

A maioria dos integrantes dos grupos folclóricos não faz a mínima ideia do que é folclore e/ou anda lá para passear. Isto em várias centenas de ranchos! Utilizando um formato de apresentação criado no início da década de 20 e trabalhado até à exaustão por alguns grupos (especialmente durante o Estado Novo) que se mantém ainda hoje! Quase 100 anos depois!...

Já há quem pense de formas diferentes, que experimente novas abordagens ao folclore a nível de apresentação. Infelizmente, esse numero ainda é muito reduzido, pois em grande parte a preocupação dos grupos é mudarem isto ou aquilo, nesta moda ou naquele traje, conseguindo por vezes efeitos espectaculares.

Espectacularmente ridículos, claro.

E nessa azáfama toda não se apercebem que centenas deles são como que o mesmo episódio de uma serie de televisão, com diferentes dobragens, roupagens e bandas sonoras, mas exactamente os mesmos acontecimentos!...

Há que apostar em novas formas de representar. Trabalhos, romarias, religião, todas as partes que constituíam vida dos nossos antepassados. O que vejo é um meio folclórico cada vez maior - onde os seus integrantes adoram mostrar os seus dotes a cantar, tocar, dançar (ou tudo ao mesmo tempo) independentemente de ser ou não fiel ao passado!

E, apesar de serem aos montes, há cada vez menos folclore no ranchos!...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Romaria da Santa Marta da Falperra e Santa Maria Madalena 2010


Mais um ano, mais uma edição de uma das mais antigas romarias do Minho.

Situado entre os Concelhos de Guimarães e Braga, o recinto da Romaria e a sua zona envolvente tem todos os elementos que caracterizam uma festividade Galaica.

Tal como outra romaria (bem mais pequena) bem perto desta, encontram-se os valores essências para a sacralização de um lugar.

Falamos pois de:

Um Castro:


Situação elevada:


Cristianização do sanctuário outrora pagão:



Esta romaria, como muitas da zona Galaica mistura o culto Católico com o culto Pagão. Pessoas diferentes, em tempos diferentes, com objectivos diferentes. No entanto, ainda coexistem dois hábitos e cultos distintos.

Culto Católico:

Capela de Santa Maria Madalena - Longos

Capela de Santa Marta da Falperra - Longos/Nogueira

Culto pagão (ou neo Pagão - Wicca):



Hoje como sempre, porém, a vertente profana da festa é que atraí as multidões. Sem o sue apelo, a romaria nunca se teria tornado num fenómeno cultural tão popular.

Procurando por velhas memórias:

"A alfádiga Viuda, ten flor de cor violeta e a outra a flor branca. Na romeria de Santa Marta, mozas e mozos pasan o tempo nubándose uns ós outros os ramos que levan no peito. Ali véndese en mollos. Tamen a venden en Guimarães, un mes denantes do Santiago as mozas campesiñas, todos os sábados e domingos, e quen dar unha esmola pro Santiago da Costa leva un ramalludo pe de alfadiga."
Antón Fraguas Fraguas

Olhando para o presente:

segunda-feira, 12 de julho de 2010

FESTIVAL FOLK CELTA DE PONTE DA BARCA 2010

Andava ansioso! E eis que fiquei absolutamente fascinado com o cartaz!

Em 2 dias seguidos a poucos quilómetros de casa, com entrada livre, os 2 grupos que mais admiro!

GRANDE FESTIVAL:


FESTIVAL FOLK CELTA DE PONTE DA BARCA. CADA VEZ MELHOR....

Mais informações:

twitter.com/folkcelta
folkceltabarca.wordpress.com
myspace.com/folkceltabarca

domingo, 11 de julho de 2010

Bons sapatos boas romarias!



nome:Mário Araújo Fernandes
idade:69
local:S.Torcato
concelho:Guimarães
contacto:966846708
descrição:A arte de sapateiro da zona de Guimarães

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Romaria de São Torcato - 1º Domingo de Julho

Chocando com a cada vez maior apatia e decréscimo destas festas, ficam pequenas partes da obra "Para onde vais Maria" de Manuel de Sousa Pinto, 2ª edição - 1922.

Nesta relata-se e pinta-se a realidade de o que outrora foi uma Romaria de dimensões ímpares em Portugal.

Ao contrário de outros concelhos Minhotos, que muito ganham com o facto, Guimarães deixou cair (digam o que disserem) estas manifestações étnicas e culturais. Por causa disso, perdem-se além de muito dinheiro, imensas oportunidades de promoção a nível turístico e não só.


"Ao escrever-lhe o título de algazarra e festival, sinto-o a puxar violentamente na minha pena, como um foguete impetuoso, que quer, subindo, ir pr oclamar, bem alto, a grandeza magnífica do seu arraial; a gloriosa, tumultuosa, atropelada animação dos seus devotos, postos a caminhar horas e horas, léguas e léguas, para alcançarem o santinho incorrupto, que, sobre todos os discutíveis milagres que se lhe atribuem, um, imenso, anualmente realiza : esse jocundo milagre da sua festa colossal de multidão, que é um hino vivo e descomunal de alegria."


"Pois mesmo no Minho, neste verde Minho que me acolhe e delicia uma vez mais no seu regaço de fartura, nenhuma outra das suas festas mais célebres leva a palma ao São Torcato: nem a Senhora do Porto de Ave, nem a Abadia nem o Sameiro, nem o São Bento da Porta Aberta, nem a Peneda, nem, ainda que se lhe aproximem, o São João de Braga ou a Agonia em Viana."

Mosteiro de São Torcato em 1922

"Que bemdita sejas, jovial heroina da chula e da desgarrada ! Bemdito teu peito moço, arca inesgotável de som ! Bemdita a tua boca vermelha e gaiata, boceta de rimas fáceis e toadas ligeiras ! Bemditas tuas pernas rijas e trigueiras de andarilha e bailadeira ! Beindita a primavera de todo o teu corpo, ainda sem noivado, que devias conservar assim puro e viçoso, sem amores que te emurcheçam a voz insinuante, e sem nunca passares dos teus dezoito anos infatigáveis!"



sexta-feira, 2 de julho de 2010

Castro Galaico Festival de Nogueiró


Finalmente uma iniciativa Galaica na sua nobre capital de Conventus.

Submergidos pela ideia de Roma, Bracara Augusta, terra dos Brácaros, há muito precisava de promover a sua verdadeira cultura étnica.

Parabéns aos impulsionadores do evento.