quarta-feira, 30 de julho de 2008
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Romaria da Santa Marta da Falperra
Eu hei de mandar varrer
Com um Raminho de Oliveira
Que D'oiro num Pode ser
A Romaria da SANTA MARTA DA FALPERRA!
Eu hei de Mandar Bordar
Um Tapetinho de Linho
Braga:
Guimarães:
Eu pró Ano hei de lá ir
Ou casado ou Sulteiro
Ou criado de Serbir
Lebo Augua para Regar
Sou Criado de Serbir
Nom me Posso Demorar
Com vinho e comida gratuita (que benesse naqueles tempos) reuniam-se cantadores à desgarrada. Quando os ânimos de exaltavam, a pancadaria ganhava supremacia e, quem ganhasse este desafio, ficava com o precioso direito de explorar as capelas do terreiro de Santa Marta durante este ano.
Abaixai-me Esta Barriga
Que Nom sei que Trago nela
Sé de Garrafa sé da Pipa
Hoje, a tradição vai se mantendo a custo. As zonas urbanas vão crescendo mas mesmo assim continuam, persistentes, alguns cantadores a juntarem-se sob os centenários Carvalhos a exibir os reflexos dos antigos trovadores medievais: A DESGARRADA.
Alumiai-me o Caminho
Estou triste e Cansado
Ja estou Muito Velhinho
" Era dia SANTO! Ninguém trabalhava! Iamos todos pela estrada real (Romana) com Presunto, Pão e Vinho! Os cantadores e tocadores de toda a região por ali passavam (Vale do Ave) e, muitos, vinham de longe (Gerês, Lanhoso, Guimarães, Fafe, Famalicão) !!! Pobre e cansados! Cheios de Fome!! Nós, como éramos de perto e ainda nos pertence parte do terreiro, dávamos-lhes de comer a troco de uma moda das suas terras! Cantava-mos, Dançava-mos, Bebíamos e Comíamos!! Que lindo que era! Esperáva-mos todo o ano por isso!"
" Os Homens iam beber Vinho e para as Desgarradas. Os mais jovens, estes, procurava as moças e olhavam-nas dançar! Quem soubesse dançar ou cantar melhor, dançava e cantava com as moças de maior dote e beleza!"
"Antigamente, antes de ir visitar a Santa Marta, todas as Mulheres e as suas filhas iam à fonte do Leom que estaba enfeitada com fitas às cores e coroas de flores! Ali, limpavam os pés, lavavam a cara e as mãos. Tudo o que pudessem para entrarem mais puras na capela! Dizem que a fonte era santa e que por isso fizeram depois as capelas (Na verdade, a devoção do local dever ter nascido através da contínua e perpétua fidelidade aos Deuses dos Castros aí existentes)!!
Hoje a tradição mantém-se. A custo e, esmorecendo, mas ainda está presente.
um património a preservar e valorizar!
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Os verdadeiros Deuses Idolos!
Prostrados sobre muralhas, olhando para o vale com um orgulho firme e uma devoção apaixonada, a estátuas dos guerreiros Galaicos eram a maior homenagem possível a pessoas fora do vulgar.
Pelos seus feitos valorosos, papel na sociedade e vitórias em guerra, os nossos antepassados não eram esquecidos. Há 2500 a 3000 anos atrás, como forma de relembrar e inspirar (quiçá, proteger...) a tribo, talhavam-se em tamanho real, imagens deste individuo singular. As suas peripécias seriam transmitidas oralmente para todos os descendentes de modo a que nunca se perdessem os feitos gloriosos dos antepassados tribais.
Colocavam-se á entrada das muralhas para intimidar os inimigos. Tais sentinelas que atraiam a magia e inspiravam os povos castrejos a serem mais bravos e corajosos. A nunca esquecerem que eles eram capazes de vencerem qualquer inimigo.
Aquando rituais mágicos, as estátuas, que continham os espíritos aconselhadores, eram frequentemente visitadas. Nelas debruçavam-se os seus modestos filhos com perguntas, dúvidas e temores.
Não se aflijam! O vosso Deus ídolo sabe o que dizer. Sabe sempre o que precisam e consegue reconfortar.
Obrigado!
Depois vieram os Romanos. Atemorizados pelo poder e influencia destes seres Etéreos, derrubavam-nos e decapitavam-nos destruindo desta forma a maior fonte de energia e auto-confiança do inimigo. Como sempre, os infames invasores provavam não ter respeito nem consciência! Aí começo o declínio das únicas e verdadeiras divindades antropomórficas do Povo Galaico!
Hoje, milhares de anos depois, poderia pensar-se que estes Guerreiros de pedra descansavam em paz. Nada de mais errado!
Hoje, insultam-se como nunca e profanam-se as suas memórias com heresias cruéis! Estes valorosos antepassados, que devem a sua imortalidade de pedra a feitos nas batalhas são roubadas das nossas terras e levadas para lisboa onde são expostas nos museus da capital.
Os romanos disseram-no e está provado. Os Lusitanos guerrearam contra os Galaicos e foram expulsos da nossa terra. Quantas estátuas deveram a sua existência a lutas sangrentas contra esta etnia lusa que pretendia as nossas belas e ricas terras? Quantos morreram para ter o direito ao seu lugar no panteão de honra do castro do seus avós e bisavós? Ninguém o saberá...
No entanto, o que sabemos é que apesar disso tudo, roubam-nos os nossos ídolos passados, levam-nas para terras inimigas e dão-lhe alcunhas de "Guerreiros Lusitanos".
Que hediondo crime! Suprema falta de respeito e máxima ignorância. Tudo vale para criar a supremacia de um estúpido nacionalismo que se pensa ter de estar baseado na união total do território desde a criação do Universo!
Estes Guerreiros são nossos. São os nossos avós. Tinham os nossos nomes e nós temos o seu sangue!
terça-feira, 22 de julho de 2008
O ilustre D. João de Aboim
D. João de Aboim nasceu por volta de 1213 em Aboim da Nóbrega (extinto couto Terras da Nóbrega), no Lugar do Outeiro, tendo recebido a sua educação inicial em Azias e depois realizado os estudos avançados em França, juntamente com o ainda, na altura, Infante D. Afonso, futuro Rei D. Afonso III de Portugal.
D. João de Aboim foi a mais alta figura da nobreza do seu tempo e a sua acção foi de importância decisiva para a afirmação institucional da monarquia e da consolidação efectiva do espaço territorial português. A sua vida está intimamente ligada à história de formação actual de Portugal.
Resolvido o problema da ocupação muçulmana, após a reconquista, era preciso povoar o Alentejo e o Algarve. Então, D. Afonso III, dá forais a povoações já existentes, ou a outras que, entretanto se formam.
D. João Peres de Aboim recebeu inúmeras propriedades rurais e urbanas, tornando-se o mais poderoso fidalgo do reino, mas foi no concelho de Évora que recebeu o seu maior quinhão aquele que viria a ser conhecido como Senhor de Portel.
Os dezasseis anos que permaneceu em França junto do meio literário e conjuntamente com D. Afonso, conferiu-lhe uma cultura literária e um engenho poético que o elevaram acima da maior parte dos cortesãos do seu tempo.
Considerado por Carolina Michaelis como o mais ilustre fidalgo que veio de França com D. Afonso III, D. João Peres de Aboim foi também um poeta-trovador, de quem existem notícias de trinta e três poesias, conhecendo-se, no entanto, apenas dezassete: duas cantigas de amor, onze cantares de amigo “graciosos e fluentes”, e três cantigas de mal dizer.
É-lhe atribuída também uma pastorela que, cronologicamente, será a mais antiga conhecida na história da poesia trovadoresca portuguesa.
Nesta cantiga revela D. João de Aboim as suas ligações a França e ao caminho francês, a estrada que os cavaleiros e os romeiros percorriam de Bordéus a Santiago de Compostela, nas peregrinações ao túmulo do santo patrono dos guerreiros peninsulares:
Cavalgando noutro dia
per o caminho francês
e ua pastor siia
cantando com outras três
pastores, e, non vos pês,
e direi-vos todavia
o que a pastor dizia
aos outras em castigo:
“Nunca molher crea per amigo
pois s’o meu foi e non falou
migo”
(…)
domingo, 20 de julho de 2008
O Inquisidor da Gallaecia!
Tendo como objectivos estabelecer a ordem cristã; converter o então Reino Suevo ao Cristianismo e aniquilar o culto pagão que ainda sobrevivia nas áreas rurais, Martinho de Dume veio estabelecer-se em Braga!
Fundando um mosteiro na freguesia de Dume, Martinho luta há vinte anos contra estas antigas manifestações, através de um modelo estratégico de pregação assente no culto diabólico!
Assim a língua portuguesa veio a tornar-se a única língua romana que perdeu as designações pagãs dos dias!
No entanto, segundo ele, os demónios serviram-se deste erro religioso para atrair os homens e também disfarçarem a sua própria natureza de anjos infiéis, decaídos e malvados!
Estas representações, segundo Martinho, eram tudo espíritos malfeitores que procuram fazer mal a quem se aproxima sem estar protegido pelo sinal da cruz!
quarta-feira, 16 de julho de 2008
O rio Ave e a sua lenda!
Fascinada pela beleza das suas paisagens, dos seus miradouros, do mar que reluzia e da pureza dos seus ares, a bela cabreira deixou-se ali ficar com o seu rebanho deliciando-se com o ambiente que a rodeava.
Certo dia, enquanto mais uma tarde passava bucólicamente, um cavaleiro oriundo de uma terra próxima e que por ali andava à caça, deu com a linda cabreira Galega. Estes apaixonaram-se imediatamente um pele o outro de modo que nunca mais se largaram. Correram as serras felizes durante muito tempo e até encontraram numa delas um lindo local sítio onde viver.
Porém, um dia, o cavaleiro disse-lhe: Amor, tenho de me ausentar por uns tempos. Sabes que eu sou o Conde de uma vila e tenho afazeres que não podem ser esquecidos.
Vou me embora mas sei que hei de voltar
Não chores Amor, quero te ver a Sorrir
Porque só a ti meu coração sabe Amar!"
Ficou assim, abandonada nos seus lamentos e angústias a formosa Galega. Passaram dias, meses e estações e, prostrada nos miradouros das serras esperava em aflição o dia em que o seu Conde voltasse. Porém, isso não viria a acontecer. Por qualquer razão, o seu amor não voltaria.
Por fim, convencida de que nunca mais viria a sua alma gémea, a bonita moça Galega começou a chorar no cume da montanha. Ali dava asas ao seu desespero e só pensava em poder transformar-se numa ave para poder sobrevoar o mundo e ver onde estava e o que tinha acontecido à sua paixão.
Chorou, chorou e chorou cada vez mais. Vertia tantas lágrimas e, vertias com tanta pureza, que estas começaram a correr pelas falésias, vales e fintando os agrestes montes. Tanta era a sua dor e tão puro o seu amor que as lágrimas começaram e multiplicar-se a a formar um rio que cavalgava em direcção ao local onde estava o Conde.
Ninguém sabe ao certo o que aconteceu ao Conde nem à Cabreira Galega de rara beleza.
O que os antigos sabem e contam é que à serra onde ela verteu a vida nas suas lágrimas, deram lhe o seu nome:
A Serra da Cabreira.
Ao rio de lágrimas, por este ter seguido a pista do amor como a Ave que ela queria ter sido, deram-lhe o nome de:
Rio Ave
E ao local onde as lágrimas mágicas toparam o conde chamaram-lhe:
Vila do Conde.
Hoje, ainda corre o rio. Dizem que é a prova que o Amor verdadeiro é eterno.
Por muitos obstáculos que se colocam à sua frente, o verdadeiro Amor encontra sempre maneira de o ultrapassar.
Assim, é certo que algures, pelo menos no nosso imaginário e no folclore popular, a Cabreira Galega e o Conde vivem juntos. Enquanto que o Ave continuar a fluir e que a lenda perdurar, o Amor deles vingará!
terça-feira, 15 de julho de 2008
Om > Rio Ome > Rio Home > Rio Homem
Para além da riqueza natural que o rio e todo vale do homem nos propícia, este rio irriga-nos com valor cultural e linguístico incalculável através da sua etimologia!
“Homem” será a grafia erudita, da forma galega “Home“, que por sua vez é uma tradução do original Om, vocábulo da língua antiga, de origem celta, que simplesmente quer dizer fonte, nascente, água corrente, ou seja, rio.
O povo castrejo da zona chamava-lhe simplesmente, o Om, o rio.
Depois, com as invasões romanas, o Om inicial (que se lê simplesmente como lemos actualmente -om, ou, -ão), foi substítuido pela forma Ome, e porteriormente pela galego-portuguesa, Home (que ainda hoje é frequente ouvir), ficando finalmente nos nossos dias, com a forma erudita de Homem.
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segunda-feira, 14 de julho de 2008
Significado escondido!
Anónimo, mas à vista de todos. Inesperado mas nunca foi esta a sua intenção pois não se mexe. Ali está o misterioso cruzeiro cuja intenção ninguém conhece.
Ele acena mas ninguém o vê, grita mas não ou ouvem e escreve sem que o entendam.
Quem é tu? Por que existes tu? O que nos quererás dizer...
Que ninguém te faz calar,
Se nem o tempo de cala,
Um dia hás de falar